Fugas - Viagens

  • Rui Barbosa Batista fotografado no Porto
    Rui Barbosa Batista fotografado no Porto Nelson Garrido
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    Rui Barbosa Batista fotografado no Porto Nelson Garrido
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    Etiópia Rui Barbosa Batista
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    Índia Rui Barbosa Batista
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    Filipinas Rui Barbosa Batista

Ele conta 100 países no passaporte e os melhores são os “complicados”

Por Ana Maria Henriques

Tem uma predilecção por “países menos ortodoxos” e histórias de fronteiras, daquelas que incluem passagens atribuladas e carimbos suados no passaporte. Para Rui Barbosa Batista, 100 países no currículo e o 101.º em curso, "as férias são um bem escasso e precioso".

Rui Barbosa Batista tem um lema sobre viagens: “As boas histórias acontecem nos países complicados”. Até pode parecer uma frase feita de quem regressou há pouco de férias, mas este jornalista sabe do que fala.

Com 46 anos, Rui chegou a um número redondo (e invejável) na contabilidade de viagens: o Japão foi o 100.º país que visitou. Era “um sonho de há muitos anos”, diz, cumprido com outras dez pessoas em mais uma viagem com o cunho da plataforma Born Freee. Rui anuncia, no Facebook, onde vai, quando e com quantas pessoas está disposto a partilhar a viagem.

A Internet, a rede de contactos que foi fazendo e a vontade que muita gente tem de viver experiências diferentes lá fora fazem o resto. “Tem havido gente suficientemente louca para alinhar nisso”, brinca, apesar de este ser um assunto sério na sua vida. “Para relaxar, quando estou stressado, ponho-me a pesquisar viagens, destinos que não estou a pensar conhecer já. As férias são um bem escasso e precioso.”

Tudo começou porque os amigos não largavam o jornalista da Agência Lusa quando este viajava, sobretudo para os tais “países complicados”. Recebia muitos e-mails com perguntas sobre a viagem, que locais visitava, onde ficava, o que comia. Como não queria deixar de responder — “e perdia muito tempo com isso” —, criou o Born Freee, plataforma que funciona como uma “garantia de memória” dos 100 países que já conheceu. E das melhores histórias.

As favoritas são “as de fronteiras”, quando “viajar era mais romântico”. “Dava para fazer um livro só com isso: já tive que subornar polícias, passar fronteiras a fingir que não estava a perceber as pessoas ou a andar de boleia em boleia porque não se podia passar a pé”, conta, no Porto, onde vive desde que entrou para a faculdade.

Antes de explorar outros continentes, Rui deu “cinco voltas de carro à Europa, com amigos” — e começou “muito tarde”, antes de os voos low-cost abrirem horizontes a muitos. A exploração do “Velho Continente” está quase completa. Bielorrúsia, Islândia e Chipre são os únicos países europeus em falta. Correcção, eram. No dia que este texto é publicado, o vimaranense está na ilha do Mediterrâneo a riscar mais um país na sua lista. “Sou um vendido.

Tinha prometido a mim próprio que neste segundo semestre do ano precisava de abrandar e só ia ao Japão. Entretanto já fui ao Canadá e agora o Chipre.” Encolhe os ombros e aceita a inevitabilidade: “Tenho necessidade de, muito regularmente, ouvir uma língua estrangeira e provar comida diferente, viver em casas distintas.”

Andou pelos países bálticos oito vezes, quatro na China, três na Argentina e no Canadá, duas na Patagónia. O Egipto, a Birmânia e o Irão foram partilhados com mais viajantes, normalmente pessoas “que não querem ir sozinhas nem em grupo, numa agência, a seguir uma bandeirinha”. A maior parte são solteiros, “entre os 35 e os 45 anos”. “Antes da viagem, promovo um ou dois jantares em casa para todos se conhecerem, crio uma página no Facebook e todos contribuem”, explica. O programa nunca é fechado, a ideia não é “ir numa excursão”. “Não é o dinheiro que me move, o que quero mesmo é curtir, ter uma experiência fixe.”

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