Sentado na esplanada do seu restaurante, o Claro, em Paço de Arcos, com o mar ao fundo, Vítor Claro quer falar de vinho. Percebe-se a paixão que tem pelo seu trabalho como produtor e o empenho que, com Thomas Domingues, o novo escansão da casa (vindo do Belcanto), colocou na elaboração da carta de vinhos.
“Tenho uma maneira muito própria de comunicar, que é muito ineficaz”, explica, bem-humorado. “Sou especialista em desinformar e por isso a carta anterior tinha uma lógica, mas só para mim. O Thomas ajudou-me a fazer uma carta mais estruturada, mais clássica. Temos vinhos que são portos seguros para toda a gente, mas dentro dessa oferta conseguimos ter uma carta com uma personalidade muito vincada – todos têm acidez e frescura, que é o perfil que eu mais gosto.”
Interessam-lhe as colheitas antigas e por isso está a desenvolver parcerias com produtores como Luís Pato para ter uma oferta desses vinhos que “envelhecem belissimamente”. E, a par disso, orgulha-se de ter “a melhor carta de vinhos de Bordéus de Portugal, algumas colheitas muito especiais e todos eles, acho eu, no ponto ideal para beber – não temos nenhum Bordéus com menos de dez anos”.
E foi assim, pelos vinhos, que começou a nossa conversa. Mas o pretexto para este regresso ao Claro era a remodelação do espaço, que traz um restaurante mais simples, mais depurado – mais claro, no fundo – e que se abre ao mar em frente de uma forma mais límpida. Uma limpidez que se prolonga – e não será por acaso – nos pratos que o chef apresenta.
Mas, antes disso, uma pequena explicação sobre o que nos levou agora ao restaurante de Paço de Arcos. Este é, de alguma forma, um regresso de Vítor Claro depois de uma ausência de meio ano. “Tivemos três meses de obras e antes disso eu estive outros três meses a ver se as obras arrancavam ou não, a preparar as coisas.” Confessa que esteve quase a tomar a decisão de mudar o restaurante para Lisboa, mas acabou por decidir ficar.
Reconhece que no último ano houve algum desinvestimento. “Em 2014 abri um espaço no Mercado da Ribeira, que fechei no final do ano. Essa fase afastou-me muito daqui. E no ano passado, eu e a minha mulher tomámos conta da vinha onde faço o vinho Dominó [vinhas velhas no Alto Alentejo] e essa minha ausência reflectiu-se no restaurante.”
Mas, garante, está de volta e não foi só o espaço que se renovou. “Mudei totalmente a equipa. Só não mudei eu. E a vista”. Quanto à cozinha, “passou definitivamente para o lado sénior”. Na carta continuam alguns clássicos, a começar pelo Bacalhau à Conde da Guarda na versão de Vítor Claro que, fiel à linha do chef, pega nos sabores para os reduzir à sua essência – aqui, o bacalhau e o tomate.
Essa simplicidade do que é essencial marca todo o menu, que foi servido na Mesa do Chef, na sala interior, junto à garrafeira, onde vão acontecer jantares especiais, com, por exemplo, chefs convidados (está já prevista a presença de Hugo Nascimento e José Júlio Vintém) ou que pode ser reservada para grupos.
Continuamos com um salmão fumado caseiro, sumo de salada Waldorf (maçã verde e aipo) e remoulade de aipo, ao qual se segue um lavagante em caldo, rutabarga e verduras. A atenção de quem prova estes pratos não se dispersa por demasiados elementos – os produtos são tratados com grande delicadeza e os caldos são carregados de sabor.
- Nome
- Claro
- Local
- Oeiras, Paço de Arcos, Hotel Solar Palmeiras - Avenida Marginal, Curva dos Pinheiros
- Telefone
- 214414231
- Horarios
- Todos os dias das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 22:00
- Website
- http://www.restauranteclaro.com/
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Não
