Fugas - restaurantes e bares

  • A equipa do Noma, instantes depois de o restaurante dinamarquês ter sido anunciado como o melhor do mundo
    A equipa do Noma, instantes depois de o restaurante dinamarquês ter sido anunciado como o melhor do mundo CARL COURT/afp
  • A equipa do português Vila Joya, 22.º na lista
    A equipa do português Vila Joya, 22.º na lista VASCO CELIO/STILLS
  • Joan Roca, do catalão El Celler de Can Roca, em Girona, que caiu para o segundo lugarA equipa do português Vila Joya, 22.º na lista
    Joan Roca, do catalão El Celler de Can Roca, em Girona, que caiu para o segundo lugarA equipa do português Vila Joya, 22.º na lista Enric Vives-Rubio

Vila Joya sobe ao 22.° lugar no ano em que o Noma volta a ser o melhor restaurante do mundo

Por Miguel Pires

Mais de 600 pessoas estiveram reunidas em Londres na passada segunda-feira para assistir à cerimónia mais mediática do mundo da gastronomia. Houve mudanças na lista dos melhores restaurantes do mundo, a começar pela alteração da liderança e pela posição de destaque alcançada pelo português Vila Joya.

Isto é absolutamente espantoso! Malta, não somos uns falhados! Quantos de vocês aí esperavam isto?!”, perguntava René Redzepi, visivelmente eufórico e surpreendido, no discurso de celebração, após o anúncio de que o o Noma, em Copenhaga, voltava ao topo da premiação mais importante do mundo da gastronomia.

Para perceber esta euforia e o impacto do que é ser número um da lista do The World’s 50 Best Restaurants comecemos com números, utilizando o exemplo dado pelos irmãos Roca, no habitual pequeno-almoço promovido pelo Turismo da Costa Brava, num hotel de Londres, na manhã da cerimónia. Em 2012, o Celler de Can Roca, em Girona, Espanha, já era o número 2 e, meses antes, recebera a muito aguardada terceira estrela Michelin.

A conjugação destes dois factores tornou-o num restaurante ainda mais apetecido e a antecedência necessária para conseguir reserva de mesa, que já era longa, aumentou significativamente.

Contudo, nada se comparou com o que viria a acontecer no ano “mágico” e “especial” de 2013, após terem subido ao topo da lista (trocando de posição, precisamente, com o Noma): nas 24 horas que se sucederam ao prémio, o site do restaurante teve 250.000 visitas e, durante o ano, houve 63 mil pedidos por email, atenderam 58 mil telefonemas e receberam 22.680 clientes vindos de 54 países distintos.

Mesmo num mundo de egos inflamados (o que até nem é o caso dos Roca), é enorme a relevância deste prémio para o negócio. Igualmente a brilhante 22.ª posição alcançada pelo restaurante português Vila Joya — um dos que mais subiu na lista — era vista pelo seu chef, Dieter Koschina, como sendo “muito importante para o turismo e para o Algarve”, mas também para o aumento da facturação.

A relevância dos números levou mesmo um jornalista a perguntar a René Redzepi se tudo isto era apenas marketing. O dinamarquês reconheceu, em parte, que “sim”, porque “ninguém gosta de ver ou falar com um idiota”, mas que não era possível enganar 900 pessoas da academia. “Seriam todos uns falhados se o fizessem”, disse.

A ascensão do Vila Joya

A lista dos The World’s 50 Best Restaurants é ordenada a partir da votação de 936 membros de uma academia — entre gastrónomos, chefs e outras pessoas do meio — e dividem-se em grupos de 36 membros, por 26 regiões do mundo (Portugal está na mesma região que Espanha). Cada membro vota em sete restaurantes, sendo que três têm de ser fora da sua região. Este último aspecto será provavelmente o segredo do sucesso do Vila Joya, em contraste com o facto de nenhum outro restaurante português ter alcançado alguma vez um lugar nos 100 primeiros.

A ligação dos proprietários e do chef do restaurante algarvio ao eixo austríaco-alemão tem-lhe valido uma série de votos que não conseguem outros restaurantes em solo nacional, dependentes apenas da votação dos jurados portugueses — cujos nomes não são divulgados, mas que serão poucos, dado que Portugal é uma espécie de apêndice de Espanha.

Contudo, não deixa de ser notável a classificação actual do Vila Joya, cuja cozinha de Dieter Koschina é descrita pela organização como “uma combinação entre um conjunto de produtos portugueses fabulosos, com técnicas de cozinha do Norte da Europa, que resultam numa selecção de pratos originais de grande sabor”.

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