Fugas - restaurantes e bares

  • Patrícia Martins
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Do topo do Martim Moniz vê-se o mundo de Lisboa

Por Mara Gonçalves ,

No alto do Centro Comercial Martim Moniz há um novo restaurante-bar-esplanada. O Topo quer reinventar a comida de balcão e tem uma carta exclusiva de cocktails, mas o seu principal trunfo está à janela.

Na entrada do Centro Comercial Martim Moniz, há crianças chinesas e indianas a brincar, um triciclo que varre corredores a toda a velocidade, enquanto a mais pequena corre atrás, com cara de quem está prestes a iniciar uma birra porque também quer subir para o veículo de plástico colorido. Ao fundo, adivinha-se o círculo de lojas apinhadas de roupa, malas, bijuterias e aparelhos electrónicos, que se perpetua ao longo de cinco andares do edifício dos anos 1980, com o ar gasto ampliado pela falta de luz natural. À esquerda, o segurança de rosto carrancudo. À direita, o elevador pequeno e antigo que nos leva à antítese de tudo isto: um restaurante-bar de vidraças abertas a Lisboa, com um look moderno, descontraído e um terraço de fazer inveja.

Este “choque” inicial faz parte do charme do Topo e quer ser carácter diferenciador do projecto, inaugurado a 24 de Julho em plena Praça Martim Moniz, no último piso do homónimo centro comercial (não confundir com o vizinho Mouraria). “Se calhar isto no Chiado não ia ter metade da graça ou do impacto”, confessa Mafalda Malafaya, uma das responsáveis. O intuito, se não passa pela pretensão de “reabilitar ou mudar a zona”, é o de mostrar que “as duas coisas podem co-habitar e estar perfeitamente enquadradas” e “de quebrar um bocadinho o estigma que ainda há sobre esta parte da cidade”.

Mas são “os olhos [que] respondem” à pergunta sobre qual o motivo para abrir aqui o projecto (para cá vir), diz Mafalda. A panorâmica corre a baixa da cidade desde as ruínas do Convento do Carmo ao Hospital de São José: a renovada Praça Martim Moniz estende-se lá em baixo, o Castelo de São Jorge parece estar logo ali e por entre o casario que vai cobrindo as colinas descobre-se o cume da Graça, o miradouro da Senhora do Monte ou o Torel, lá ao fundo.

Para complementar a vista, há um “reavivar da comida de balcão” e uma “aposta muito grande na parte de cocktails”. Por isso, a ementa — inicialmente construída em conjunto com o chef Pedro Ramos (formado na escola francesa de culinária Cordon Bleu e com passagem pelo dinamarquês Noma, várias vezes nomeado o melhor restaurante do mundo) — é composta por “pratos simples”, como pregos, tártaros, bifes do lombo e de atum. Nas entradas, há croquetes de alheira, chicken satay, gyozas ou guacamole com nachos, sendo que, avança Mafalda Malafaya, “ainda está a ser trabalhado de forma mais exaustiva tudo o que é [esta parte do] finger food”.

O menu, que “não vai ser estanque”, fica completo com uma carta de cocktails “especificamente criados para este sítio”, com consultadoria externa feita por Luís Domingos, da Black Pepper & Basil. Além da Topo – Beyond the City Limits (a bebida da casa feita à base de rum, ananás e sumo de limão), é possível aqui provar, por exemplo, um From Finland With Love (vodka, sumo de limão e frutos vermelhos), um Dragon Square (rum, sumo de limão e cerveja de gengibre) ou um Spicy Or Not Here I Come (feito com vodka e sumos de laranja e de limão).

José Rebelo Pinto, outro dos mentores do espaço e um dos responsáveis pelo Mercado de Fusão na Praça Martim Moniz, já andava a namorar o topo do centro comercial “há dois ou três anos”, aquilo que na altura era “um antigo gabinete de arquitectura”, conta Mafalda. Entretanto, surgiu a oportunidade de unir a ala contígua, “um armazém de produtos chineses com caixotes até ao tecto”, e um ano de obras depois nascia o Topo.

Na sala interior, o bar com um balcão corrido em madeira clara é peça principal, deixado estrategicamente ao centro para que de todos os assentos se veja Lisboa, para lá das paredes em quadrícula de ferro e vidro. Há bancos à janela ou virados para ela, mesas para duas pessoas — “chamo-lhes pedido de casamento, porque são mesmo assim em frente ao castelo” — e duas mesas de seis, para pequenos grupos ou para partilhar com estranhos num conceito comunitário. Na parede, três quadros de Paulo Arraiano inauguram uma área expositiva, cuja “curadoria” estará a cargo do artista plástico.

Lá fora, dois blocos recortados de madeira fazem de mesa, banco ou espreguiçadeira, conforme a intenção e imaginação de cada um. “A ideia é ser descontraído e pouco convencional. Inicialmente nem pusemos qualquer tipo de almofadas para percebermos como é que as pessoas se iam comportar, se se sentavam na parte de cima ou em baixo, se punham os pés ou se se esticavam”, conta a responsável. Ao fundo, a mesa de mistura promete sessões com DJ ou até “concertos com bandas pequeninas”, mas “sempre de uma forma muito soft, sem nunca fazer disto um bar dançante nem discoteca”.

Para já, há sempre alguém a pôr música à sexta e ao sábado à noite, mas existem planos para alargar a programação a outros dias da semana ou horários e integrar outro tipo de eventos, como apresentações. Em Setembro, deverá começar também a abrir para almoços e em breve haverá brunch ao domingo, estudam-se soluções para cobrir o terraço no Inverno. É que, faça chuva ou faça sol, uma coisa é certa: Lisboa continuará lá, à janela.

Nome
Topo
Local
Lisboa, Santa Justa, Rua da Palma - Centro Comercial Martim Moniz, 6.º andar
Telefone
215881322
Horarios
Todos os dias das 17:00 às 00:00
Sexta-feira e Sábado das 17:00 às 02:00
Website
https://www.facebook.com/pages/TOPO/1679047655647575?sk=timeline&ref=page_internal
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