Fugas - restaurantes e bares

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Aos pés o Tejo, no espírito o Brasil

Por Mara Gonçalves ,

Rio Maravilha. O nome diz tudo, promete tudo. É um gastrobar e fica no topo do edifício mais alto da Lx Factory, em Lisboa.

À mesa, chegam-nos chips de mandioca e torresmos com ketchup caseiro e corndogs de alheira de caça com molho de couve portuguesa; para acompanhar, um rum sour de ananás braseado, mel, alecrim e paprika. Pouco depois, provamos as gambas na brasa com crocante e sagu de frango e novo cocktail, agora um gin fizz de framboesas, manjericão e espumante. Mais tarde, a presa ibérica na brasa com folhado de cebola e pêra rocha. Ainda faltaria a sobremesa para finalizar, mas no estômago não nos cabe mais nada. 

No Rio Maravilha, o novo gastrobar de Lisboa, inaugurado no final de Outubro no último piso do edifício mais alto da Lx Factory, a ideia é que a experiência gastronómica e a experiência de bar possam “estar muito equilibradas” e que “a própria vivência do espaço não esteja tão presa como num restaurante assente numa estrutura clássica”, avança o chef Diogo Noronha, que mais uma vez comanda a cozinha de um projecto do grupo MainSide, detentora da Lx Factory e responsável por espaços como a Pensão Amor ou a Casa de Pasto, no Cais do Sodré.

Na carta, impressa em antigas fichas de picar o ponto dos funcionários da Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense (onde é hoje a Lx Factory), os horários de trabalho foram substituídos por uma lista corrida de pratos, onde não há distinção entre entradas, petiscos ou pratos principais. O objectivo, indica Diogo Noronha, é “promover o convívio e a partilha”, permitindo que as pessoas “possam fazer uma escolha de vários pratos, numa refeição mais ligeira ou mais completa” e “sempre acompanhada de bar, com cocktails”.

Aqui, entra em cena o chefe de bar Fernão Gonçalves, também da Casa de Pasto, que criou vários cocktails de autor pensados para acompanhar pratos específicos ou perfis de sabor, dos pratos de brasa aos condimentados ou mais leves. “Por exemplo, temos um hambúrguer de borrego que tem um pão de malte e que é uma combinação mais directa com o cocktail de cerveja, depois temos combinações menos prováveis, como uma sopa de cozido com cocktail de whisky”, conta o chef.

Entretanto, já vai longa a hora de almoço de uma sexta-feira, que este atípico Outono brinda de muito sol, pintando o cenário à janela de tons tão vivos quanto a decoração no interior. Lá fora, o azul lânguido do rio Tejo, o abraço do Cristo Rei ali em frente, na outra margem. Cá dentro, o colorido e a descontracção do Rio de Janeiro, terra de outro redentor. Ambos surgem no logótipo do Rio Maravilha, unindo os dois países num jogo de palavras e num conceito que assenta sobretudo no convívio.

É essa a palavra de ordem e tudo está pensado para que assim seja. Ou não fosse esta a antiga sala de convívio dos trabalhadores da fábrica (no início da Lx Factory foi durante uns meses a discoteca Lollipop). Anda, por isso, tudo num jogo de interligação constante. A linha gastronómica portuguesa e atlântico-mediterrânica com algumas técnicas e ingredientes brasileiros. A história do edifício de tónica industrial (há instalações artísticas inspiradas em fotografias e plantas arquitectónicas antigas e fotolitos da Gráfica Mirandela cobrem várias paredes) com a história de intercâmbio de Portugal com o mundo e o Brasil em particular (há mapas, caravelas, naus e globos a navegar pelos tectos). O tropicalismo dos padrões floridos, das projecções de vídeo e das cores garridas que pintam cozinha e bar (abertos para a sala maior) com peças de mobiliário vintage, entre cadeirões estofados e mesas de madeira trabalhada.

Tudo se conjuga num ambiente descontraído, que se vai desmultiplicando pelos diferentes recantos, desde a grande sala de entrada e o mezanino à esplanada e à sala de refeições (e em breve a um terraço com bar independente). E tudo serve para “pôr as próprias pessoas em contacto”, conta Roger Mor, responsável pela comunicação do espaço. Não só a “disposição das cadeiras”, como as obras de arte (na casa de banho, a projecção de pequenos vídeos no fundo do lavatório comum pretende estimular conversas entre desconhecidos), a programação cultural no palco da sala principal (de quinta a sábado costuma haver concertos e actuações de DJ; hoje é a vez do lituano Emylis) ou mesmo os antigos jogos de tabuleiro da Majora, impressos nos tampos das mesas na sala de refeições (almoçámos sobre o Glória e muitas recordações de infância), que incluem regras, dados e peões (basta pedir).

“É um espaço que, por ter uma grande dimensão, pode ser muito versátil no seu horário”, indica Diogo Noronha. Primeiro os almoços, depois o lanche, como bar e cafetaria (a cozinha para já fecha, mas “por ter esta luz toda e esta vista espectacular o espaço perdia um bocadinho se fosse encerrado no período da tarde”), os finais de tarde e petiscos, seguidos de jantares mais completos (e, preferencialmente, com reserva) até aos hambúrgueres “mais para o final da noite” ao fim-de-semana, durante o qual “a experiência até tem sido mais como bar”. “Aqui há um bocadinho de espaço para tudo”, remata.

Nome
Rio Maravilha
Local
Lisboa, Alcântara, Rua Rodrigues Faria, 103 - Lx Factory, entrada 3, piso 4
Telefone
966028229
Horarios
e Terça-feira das 18:00 às 02:00
Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:30 às 02:00
e Domingo das 12:30 às 18:00
Website
http://www.riomaravilha.pt/
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