Fugas - restaurantes e bares

DR

Comer de olhos fechados no Maria Albertina

Por Bárbara Wong ,

Na Parede, o restaurante Maria Albertina faz dos petiscos portugueses o seu mote.

Não é fácil chegar ao restaurante Maria Albertina. Fica na Parede e, mal se sai da Marginal, que tomamos de Lisboa em direcção a Cascais, viramos tantas vezes para a esquerda e para a direita, por entre vivendas e prédios em ruas a que só conhecemos os nomes – Elias Garcia, Sá Carneiro, Ivone Silva… e não necessariamente por esta ordem – até que finalmente chegamos à Ary dos Santos, 69.

Não há teatralidade nem elegância na decoração do restaurante. Na verdade é um bric-à-brac de peças diferentes, como se tudo o que fosse considerado bonito tivesse direito a estar em exposição. Numa parede um enorme ecrã e na outra logo em frente um pequeno, não há como escapar das notícias ou de outro programa televisão.

Com dois parágrafos menos abonatórios, o leitor perguntará porque estamos a escrever sobre este restaurante. Porque é pela comida que vamos! O chef Eduardo Cardoso tem a experiência que o mundo lhe deu. Fez a sua formação na Suíça, onde trabalhou 16 anos, inclusive em cozinhas ganhadoras de estrelas Michelin. Depois viajou pela Europa, trabalhou em França, Itália, atravessou continentes e esteve no Brasil e em Angola.

Toda essa experiência pode ser plasmada em pratos dos sítios por onde andou – é com gosto que os faz se houver uma encomenda nesse sentido. “Pergunto sempre do que gostam?”, conta à Fugas, e consoante a vontade do freguês pode fazer um prato africano, italiano ou outro.

Mas não é para comer cozinha internacional que ali estamos, mas a nacional. A ementa é profusa em petiscos tradicionais, com enchidos (farinheira ou alheira, por exemplo), o polvo, os queijos, os mexilhões, etc.. Todos os dias, Eduardo Cardoso propõe dois pratos do dia, um de peixe e outro de carne. Além disso, a carta tem quatro propostas de peixe “do mar”, como lhe chama; e de carne ou “do açougue”. Sem esquecer os acompanhamentos, das batatas a murro ao esparregado. Portanto, o cliente é como que convidado a fazer o seu próprio prato.

Escolhemos um salmão com açorda de ovas, o prato de peixe daquele dia, e abanos de lombo de porco ibérico com puré de maçã, que está na ementa de todos os dias. O salmão desfaz-se na boca, “foi cozido em forno a lenha”, comentamos perante o sabor fumado e sedoso que sentimos; mas os abanos também são macios e suaves.

O segredo está no forno revela Eduardo Cardoso. E é mesmo um segredo porque este é muito usado em cozinhas espanholas, mas menos por cá, diz. Não é um forno de lenha tradicional, mas um que, à primeira vista, parece eléctrico. “É o Rolls Royce dos fornos a lenha!” É ali que quase tudo é cozinhado porque também grelha e fuma. E pode ficar de um dia para o outro, o que dá aos alimentos aquela textura que se desfaz na boca e um sabor diferente. Mas, atenção, não é porque é cozinhado naquele forno que tudo sabe ao mesmo.

Eduardo Cardoso tem uma grande preocupação na compra dos produtos e percorre o país à procura da melhor receita, conta, recordando a vez em que foi até Trás-os-Montes atrás da receita do naco de vitela à mirandesa. O azeite é o melhor, é o da sua terra, de Figueira de Castelo Rodrigo e os enchidos são de Tomar.

Nome
Maria Albertina
Local
Cascais, Parede, Rua Ary dos Santos, 69
Telefone
214532667
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:30
Terça a Domingo das 19:00 às 00:00
Website
https://www.facebook.com/maria.albertina.madorna
Preço
20€
--%>