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    Em 2011, parte da estrutura interior do prédio em que estão instalados os três espaços cedeu e tiveram de encerrarar temporariamente Joana Freitas

No Cais do Sodré, troca-se Jamaica, Tokyo e Europa por um hotel

Por Ana Fernandes

Proprietários dos estabelecimentos defendem que é possível fazer obras neste prédio de Lisboa sem despejar os inquilinos.

Algumas das mais famosas discotecas de Lisboa, situadas no Cais do Sodré, receberam ordem de despejo para que o prédio de que são inquilinas sofra obras de recuperação e remodelação para se transformar num hotel. Trata-se do Tokyo e do Jamaica e do bar Europa, referências da noite lisboeta há mais de 40 anos. Os proprietários sublinham a enorme degradação do edifício e garantem que o assunto foi tratado "com muita antecedência e lisura", estando garantida a permanência de uma das discotecas.

Segundo comunicado do dono das discotecas Jamaica e Tokyo, Fernando Pereira, a denúncia dos contratos de arrendamento tem efeitos a partir de 14 de Abril. Na carta do advogado representante dos senhorios, evoca-se a nova lei das rendas que autoriza os senhorios, em casos em que é necessário fazer obras de remodelação ou restauro profundos, a fazer despejos.

Na passada quinta-feira, os donos das discotecas e bar escreveram à Câmara Municipal de Lisboa para que esta “não considere a requalificação do edifício como uma obra de remodelação profunda que obrigue à desocupação do locado, conforme previsto na nova lei do arredamento e nas alterações ao Código Civil, impedindo desta forma que as discotecas sejam obrigadas a sair, considerando as mesmas que tudo não é mais do que uma forma hábil de o senhorio se livrar destes espaços que desvalorizam o imóvel, já que em 2009 os mesmos senhorios fizeram aprovar junto da autarquia um projecto que procedia à reabilitação do edifício sem tocar nos espaços comerciais”. E sugerem métodos de recuperação do edifício que permitem manter as portas abertas.

A autarquia agendou, entretanto, um encontro entre os inquilinos e os promotores imobiliários para o próximo dia 18 de Março.

Fernando Pereira adianta que a intenção é a de ali fazer um hotel, mas o projecto contempla a manutenção do Jamaica no mesmo espaço, já com uma renda actualizada — actualmente, estes estabelecimentos estão a pagar rendas entre os 200 e os 400 euros — e contrato de cinco anos. Mas, para que tal aconteça, os senhorios querem “que o Jamaica desista de um processo que tem contra eles (pedido de indemnização de 200 mil euros por causa do encerramento quando se deu a derrocada)” e entreguem a loja em bruto, “tendo o Jamaica que fazer todas as adaptações necessárias para voltar a funcionar”. Pedem ainda “que o Tokyo saia sem fazer barulho e desista também de um processo com um pedido de indemnização de quase 60 mil euros, também por causa do encerramento forçado devido à derrocada no edifício”, em 2011.

Em Maio de 2011, uma parte da estrutura interior do prédio em que estão instalados estes três espaços cedeu e estes tiveram de ser encerrados. Só reabriram em Setembro e exigiram ser ressarcidos pelos custos de terem tido as portas fechadas durante quase todo o Verão.

Aliás, na carta enviada à câmara, os proprietários dos estabelecimentos tecem duras críticas ao “desleixo” com que o senhorio sempre terá tratado este prédio de seis andares entre a Rua Nova do Carvalho — a chamada rua cor-de-rosa —, a Rua de S. Paulo e a Rua do Alecrim.

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