Fugas - restaurantes e bares

  • Restaurante Estória
    Restaurante Estória DR
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  • Chef Vítor Areias
    Chef Vítor Areias DR

Nas estórias de Vítor Areias menos é mais

Por Alexandra Prado Coelho ,

Um palácio que foi do Marquês, salas com azulejos antigos, um jovem chef, uma cozinha com identidade – é assim o Estória, que abriu há dez meses na Cruz Quebrada.

A porta é discreta, pode-se passar por ela e não reparar que no interior do Palácio do Marquês de Pombal na Cruz Quebrada existe um restaurante com três salas e um chef que, depois de um percurso já bastante recheado, decidiu que chegara a hora de ter um espaço próprio. Foi em Outubro passado que Vítor Areias, 31 anos, abriu as portas do Estória. 

Depois do encerramento do Assinatura, para onde tinha ido a convite de João Sá e onde, após a saída deste em 2014, assumira a cozinha, Vítor Areias tomou finalmente a decisão que há algum tempo se vinha formando na sua cabeça. “Este espaço, que já tinha sido um restaurante anteriormente, estava para trespasse. Foi uma oportunidade”, conta, explicando que não queria ir para Lisboa – “porque é que temos que estar todos em cima uns dos outros?” – e que procurava mesmo um local no concelho de Oeiras. 

O conceito é muito simples: “Quero fazer boa comida, receber bem as pessoas, com um serviço informal, ter uma cozinha criativa usando os ingredientes da época”. O Estória tem estórias para contar, acredita o chef. Por isso vai todos os dias ao mercado e cria pratos novos que podem surgir de surpresa na carta – como aconteceu no dia em que a Fugas visitou o restaurante, com uma deliciosa pescada de anzol com pimentos e molho de pimentão. 

Poder-se-ia pensar que o pimentão abafaria o sabor da pescada, mas o cuidado com que Vítor Areias trata os ingredientes é garantia de que os sabores são totalmente respeitados. Este prato é, aliás, perfeito para explicar uma das linhas principais da sua cozinha: a simplicidade e o uso de poucos ingredientes. Ele confirma: “Tento trabalhar com poucos elementos. O simples é sempre mais. Quero que as pessoas percebam o que está no prato e que não cheguem ao fim sem saber o que estiveram a comer.” 

O sabor está sempre no centro das suas preocupações por isso não se espere encontrar aqui pratos desenxabidos. Para reforçar esta ideia só lhe ocorre uma palavra: “umami”, o chamado quinto gosto (além do doce, azedo, amargo e salgado), que está presente em alimentos cheios de personalidade como o queijo, as sardinhas ou o tomate. 

O almoço começou logo com elementos inesperados no couvert: uma pasta de feijão preto, um patê de tremoço e um molho de ameixa (que noutras alturas foi de tomate, quando este estava no seu melhor, mas também já foi de laranja, explicou o chef). E porque a época é também de cerejas, veio depois uma salada de cerejas com queijo de cabra fumado e aipo, a que se seguiu uma barriga de porco crocante com molho de pimenta e couve – um prato que tem um lado de comida de conforto, mas para quem gosta de sabores fortes (neste caso, a pimenta, como no leitão à Bairrada). 

Depois da pescada de anzol com molho de pimentão, vieram secretos de porco com umas deliciosas beldroegas e amoras, cuja acidez cortava bem a gordura dos secretos. A refeição terminou com um cremoso gelado de leite de cabra com morangos. 

O menu não é muito longo, mas há sempre novidades, com pratos a entrar e outros a sair – o único que se mantém desde a abertura é o lombo de bacalhau confitado e à moda de Conde da Guarda, no qual vai mudando apenas a guarnição. Na parte das sobremesas, a delícia de chocolate tem-se mantido firme, embora haja também, por vezes, mudanças nos ingredientes que a acompanham. 

Nome
Estória
Local
Oeiras, Cruz Quebrada-Dafundo, Rua Sacadura Cabral, 54
Telefone
211304406
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:30 às 14:30
Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 19:30 às 22:30
Sexta-feira e Sábado das 19:30 às 22:00
Website
http://estoriarestaurante.com/pt
Preço
30€
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