Fugas - restaurantes e bares

  • Black Mamba
    Black Mamba Nelson Garrido
  • Quintal Bioshop
    Quintal Bioshop Nelson Garrido
  • Black Mamba
    Black Mamba Nelson Garrido
  • Quintal Bioshop
    Quintal Bioshop Nelson Garrido
  • Quintal Bioshop
    Quintal Bioshop Nelson Garrido
  • Black Mamba
    Black Mamba Nelson Garrido

Na cidade das tripas, há cada vez mais soluções para vegetarianos

Por André Vieira

A oferta é cada vez maior e mais diversificada. E há até pratos típicos adaptados, como é o caso da francesinha vegetariana ou a feijoada de pleurotus, que simula as tripas à moda do Porto.

Na última década, sobretudo nos últimos cinco anos, tornou-se mais fácil ser vegetariano ou vegano na zona do Porto. Há uma série de novas propostas na área da restauração, que cresceu em quantidade e em diversidade e se especializou na área. Há também uma maior abertura por parte dos restaurantes comuns, que agora já incluem nos menus a opção de escolher alguns pratos vegetarianos. Este crescimento acompanha a procura que também cresceu, por motivos de saúde, espirituais ou por questões ideológicas.   

Há 36 anos, quando o Suribachi, no Bonfim, abriu portas, pouco se falava sobre vegetarianismo no Porto e em Portugal no geral. Maria Arminda Lima, responsável pelo espaço desde a abertura, recorda que não havia muita informação nessa altura. Muito menos existia oferta no mercado, refere. Lembra-se de um espaço em Cedofeita, a Pirâmide, que em meados de 1975 era procurado por quem queria conhecer melhor o tema ou experimentar a gastronomia, que acredita ser mais saudável.

Foi por esse motivo que aos 24 anos alterou os seus hábitos alimentares. Um problema de saúde levou-a a procurar soluções alternativas, que passaram sobretudo pela alimentação.  Consequentemente e por falta de opções, foi-se reunindo com alguns amigos, para partilharem conhecimentos e encomendarem, em conjunto, produtos alimentares que não se vendiam nas lojas comuns, que eram posteriormente divididos por todos.

O grupo foi crescendo e foi o pontapé de saída para o restaurante e loja de produtos dedicado à macrobiótica, vegetarianismo e veganismo, que ainda gere hoje aos 67 anos e é um dos primeiros no Porto especializados na área. Não se define como vegetariana ou como vegana. Embora os seus hábitos alimentares se aproximem daqueles que um vegetariano tem, não se inibe de comer “uma ou duas vezes por ano” um prato de carne. Faz isso sem qualquer problema e explica que o que está em causa “é saber o que se come e como se come”.

Vê com bons olhos “a maior abertura que existe hoje em dia” para este tipo de hábitos alimentares e a quantidade de opções que foram aparecendo nos últimos anos. Não consegue contabilizar o número de vegetarianos que existem no Porto, mas, pela procura e pelo sucesso das novas propostas, acredita que tenha crescido.

Treinar o paladar

Uma dessas novas propostas é o Cultura dos Sabores, na rua de Ceuta, que serve comida, quase na totalidade, vegana. A funcionar há dois anos e meio no antigo edifício da Livros do Brasil, abre com um propósito de missão. O restaurante é um projecto familiar de Alexandra Marinho e Vítor Neves, que também é presidente da direcção da Europacolon em Portugal, associação de apoio ao doente com cancro digestivo. Essa sua ligação acaba por ser fulcral para a abertura deste negócio, que diz ter nascido como prolongamento da sua actividade na associação. De acordo com dados da Europacolon que refere, todos os anos há 13 mil novos casos de cancro digestivo em território nacional, sendo que oito mil acabam em morte.

Vítor Neves apoia a ideia de que um dos caminhos para a diminuição desses valores passa pela alteração dos hábitos alimentares. Passo que deu há oito anos, após 54 “a comer de tudo”. Podia ter sido complicado, mas “não foi”, afirma. Como em qualquer transição, diz ser necessário haver força de vontade. Teve essa força também porque, “ao contrário do que se possa pensar, ser vegetariano não implica comer comida sem sabor”, diz.

--%>