Fugas - restaurantes e bares

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A homenagem à fotografia num bar-galeria com pista de dança

Por Margarida David Cardoso ,

No lugar do Sétimo Céu, um dos primeiros bares gay do Bairro Alto, há agora um bar dedicado à oitava arte: a fotografia.

Há mais famosos nestas paredes que em qualquer outra no Bairro Alto. O Papa João Paulo II por Daniel Rocha, a selecção nacional campeã da Europa por Francisco Paraíso, Fidel Castro por Luís Carvalho, Álvaro Cunhal por José Carlos Pratas, os Dead Combo por Rita Carmo, Zé Pedro dos Xutos e Pontapés com Mick Jagger ao perto por Carlos Ramos. Até Lili Caneças por Jorge Firmino. Todos estão retratados por aqueles que os donos do Arte 8 Bar consideraram os melhores fotógrafos portugueses da actualidade.

Esta ideia de ter um bar, em especial um bar dedicado à fotografia, já andava a ser namorada por Paulo Lopes, Miguel Silva, fotógrafos de profissão, e Fabrício Silva. Em Novembro, o Sétimo Céu, um dos primeiros bares gay do Bairro Alto, anunciava o fecho após 20 anos de portas abertas para a Travessa da Espera. Era a oportunidade. Um mês de obras depois abria o bar dedicado à oitava arte: a fotografia. 

Lá dentro, vêem-se as poltronas gastas pelo tempo, as mesas com tampo de mármore e as cadeiras com ar retro. A janela abre-se para o bairro e do bairro para o bar. A ideia é que convide a entrar “todas as pessoas que gostem de fotografia”. Paulo Lopes não quer que o espaço seja só para fotógrafos de carreira. Quer os amadores, os que andam sempre com a máquina e os que nunca lhe pegaram mas gostam de ver o que os outros fotografam. 

Sobre a parede vermelha, de tecido, há décadas de história emolduradas. A inspiração do bar corre o planeta: dos spicy cocktails (com gengibre e malaguetas) que Paulo trouxe da Tailândia, às fotografias que correram o mundo (como a de J. Gomes da série Roof de Mário Cruz, galardoado do World Press Photo), às fotografias em que cabe o nosso mundo (como a fotografia do jovem militar que Eduardo Gageiro viu a retirar da parede o quadro de Salazar, na sede da PIDE). 

Para além do retrato, há casamentos, concertos, revoluções e desfiles de moda. Há jornalismo e publicidade. Há 70 fotografias de 70 fotógrafos portugueses: “Esta é a maior exposição colectiva fixa de fotografia do país”, orgulha-se Paulo Lopes.

Os 70 fotógrafos foram convidados a enviar uma foto que lhes fosse marcante. Como “alguns ainda não conseguiram enviar porque estavam em viagem”, em breve pretendem inaugurar uma segunda mostra de fotografias. Sem adiantar nomes, “ainda há muita parede para ser preenchida”, assegura Paulo.

Se, a partir das 19h, é possível ver as fotografias e escrutinar a história de cada uma, a meia-luz e com música ambiente, às 23h o cenário muda. A luz baixa, o volume sobe e todos os fins-de-semana um DJ ocupa a cabine ao lado do balcão. É altura deste bar se deixar de conversas e dançar. “Este bar não deixa de ser um sítio no Bairro Alto. É um sítio de diversão.” A partir deste novo ano, também será um local com petiscos antes de abrir a pista de dança.

Ao fim-de-semana a música de dança ocupa as colunas, do house e deep house actual aos hinos dos anos 1980 e 90. Durante a semana, os discos giram mais pela música soul e R&B. Pedro Orvalho, Sofia Gião e Júlio Mendonça foram alguns dos DJ que já ocuparam o espaço. No próximo dia 6, DJ Vitamine abre as hostes do novo ano. 

Nome
Arte 8 Bar
Local
Lisboa, Encarnação, Travessa da Espera, 54
Telefone
935 555 541
Horarios
Quarta-feira e Quinta-feira das 19:00 às 02:00
Domingo, Sexta-feira e Sábado das 19:00 às 03:00
Website
https://www.facebook.com/Arte-8-Bar-1823129264600215/
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