Fugas - restaurantes e bares

  • Enric Vives-Rubio
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Um mundo chinês em Marvila

Por Alexandra Prado Coelho ,

Em Marvila, um grande armazém pintado de cor-de-rosa no exterior esconde um inesperado universo chinês. Dinastia Tang é o restaurante da portuguesa Marisa Cerqueira e do marido, chinês, Binlu Zhu, de portas abertas desde Maio do ano passado.

“Queríamos oferecer a cozinha chinesa autêntica. É uma cozinha tão boa, para quê estar a alterá-la?”, pergunta Marisa, enquanto nos convida a entrar pelo andar térreo do armazém, que foi até há pouco tempo usado para eventos (a ideia era que servisse para casamentos chineses) mas que será agora adaptado a bar. 

Para chegar à parte nobre do Dinastia Tang é preciso subir as escadas. Aí, num espaço muito grande, com janelas altas, encontramos desde molduras com trabalhos em prata da minoria chinesa dos Miao (o marido de Marisa tinha na China uma loja dedicada a esta arte) até painéis de barro incrustados na parede representando artes tradicionais chinesas, passando por mesas e cadeiras ao estilo da dinastia Ming, elaboradas cabeceiras de cama chinesas que são usadas como divisórias criando recantos, uma curiosa liteira, delicados arranjos de flores, até ao enorme arco em madeira trabalhada mandado fazer na China mas montado em Portugal.

“Trouxemos dois contentores e meio cheios de peças para a decoração do espaço”, conta a proprietária. Porque o Dinastia Tang não é apenas um restaurante/salão de chá – é uma forma de trazer um pouco da cultura chinesa para Lisboa. Por isso, em breve vão começar a vender peças de artesanato e também passar a ter música tocada ao vivo por uma artista chinesa num guzhen, o lindíssimo instrumento tradicional que agora descansa silencioso em cima de uma mesa. 

Marisa foi estudar mandarim para Xangai, onde ficou dois anos. Conheceu aí Binlu e ambos decidiram vir viver para Portugal. Chegaram em 2007. Quando tiveram a ideia de abrir o restaurante queriam sobretudo dar a conhecer a China de que tanto gostam. Optaram por uma cozinha que, não o sendo exclusivamente, é maioritariamente cantonesa. “A comida de Cantão coaduna-se com os gostos dos portugueses”, acredita Marisa. E é, afinal, outra das quatro grandes escolas de culinária na China, ao lado das cozinhas de Shandong, Sichuan e Jiangsu (a província de Binlu). 

Marisa não sabe descrever exactamente todos os ingredientes que compõem a culinária de Cantão – muitos dos quais vai comprar ao Martim Moniz a pedido dos cozinheiros, um deles natural de Cantão e o outro de Jiangsu. Mas explica que se trata se uma cozinha “de sabores mais neutros”, com uma grande tradição de dim sum (os pequenos bolinhos recheados e cozidos ao vapor).

Fala da beringela agridoce recheada com carne de porco, dos vegetais ao alho, do entrecosto agridoce, do peixe também agridoce e apresentado com pequenos golpes que lhe dão o aspecto de ter sido navalhado, das lascas de peixe picante com caldo de legumes, estas uma especialidade de Sichuan, da cabeça de peixe picante (que agrada sobretudo aos chineses), do frango com cogumelos, do lombo de porco assado à cantonês. 

Cantão – hoje Guangdong – fica no Sudoeste da China e integra o delta do rio das Pérolas. A cozinha desta região foi a que mais se espalhou pelo mundo – e a que, inevitavelmente, foi mais adulterada (em Portugal foi essa cozinha que se generalizou, trazida pela comunidade chinesa que primeiro cá chegou, vinda sobretudo da província de Zhejiang, no Sudoeste). A jornalista britânica Mina Holland explica no seu Atlas Gastronómico que “a refeição cantonesa gira em torno do ritual de yum cha – à letra “beber chá” em salões locais. 

Nome
Dinastia Tang
Local
Lisboa, Marvila, Rua do Açúcar, 107
Telefone
218680467
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
Preço
20€
Cozinha
Chinesa
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