Fugas - restaurantes e bares

Paulo Pimenta

Um puzzle de cervejas artesanais e montaditos

Por Andreia Marques Pereira ,

Não é uma imagem comum no Porto e começam a instalar-se no balcão por volta das 19h30. Vários pratos alinham-se com montaditos, ao lado de outras pilhas de pratos, estes vazios, à espera que os clientes se sirvam. Um montadito daqui, outro dali, e vai-se para a mesa onde Jacinto ou Filipa, os dois funcionários do Almada 437, instalam os individuais brancos e talheres. Quem quer mais, repete o ritual, com o mesmo prato, no final contam-se os palitos e chega-se à conta final. É a coisa mais natural em Espanha, não o é entre nós — “e quando há são caros”.

Por isso é que Ismael Sampaio e Cristina Paulico se lembraram deles para o seu bar, que por sua vez nasceu da vontade de ter um local para os muitos hóspedes que recebem em vários hostels e apartamentos turísticos de que são proprietários. “Se os enviamos para outros bares, porque não abrir um?” Abriram o Almada 437 — um nome que é uma morada, claro — e é a menina dos seus olhos. Uma extensão do negócio do alojamento, uma extensão da sua casa (eles que adoram conversar), uma extensão deles próprios, ou não estivesse povoado de objectos que os acompanham há muitos anos, desde outra vida, quase, uma vida em que tinham negócios de decoração.

É por isso que encontramos louceiros e aparadores da Indonésia, molduras da Índia, uma porta enorme da China, cobres da Turquia na parede e em prateleiras feitas de caixas de fruta, um kilim turco. É também uma viagem, este Almada 437, que na montra revela ao que vem — ou melhor, ao que está, uma vez que abriu em Dezembro de 2015. Se os montaditos são, realmente, um elemento diferenciador neste bar — que não se escusa a fazer jantares, para além de outros petiscos (das tostas às saladas, passando pelas conservas que podem ser acompanhadas por grão de bico, feijão frade ou feijão vermelho com milho e terminando no menu cervejeiro — salsicha e linguiça frescas, jalapeños, chucrute, salada de batata e pickles) que fazem parte da carta — o que primeiro chama a atenção também não é muito usual.

A montra está cheia de cervejas artesanais e por aí se vê a grande vocação — aliás, o nome do bar completa-se com The Beer House —, resultado de um gosto pessoal de Ismael que faz questão em ser uma montra para as melhores cervejas artesanais portuguesas e internacionais. “Referências portuguesas temos à volta de 60”, calcula, “o mais complicado é chegar à fala com os cervejeiros”. Por “culpa” dessa vontade em ter o máximo de cervejas artesanais possíveis, a decoração até vai receber uma renovação. “É necessário pragmatismo”, nota Cristina, que é o mesmo que dizer é preciso arranjar espaço para tudo.

Na verdade, o Almada 437 não é grande e parece não haver um espaço desperdiçado. Porque se elencamos algumas das peças de mobiliário, elas estão aqui também porque são úteis e em todos os recantos se arranja maneira de expor o inventário, explicam. Por exemplo, na segunda sala — não há divisão, apenas um caixote no tecto herança doutras encarnações — a parede diante do bar (azulejos pintados de vermelho) está preenchida por pratos e travessas. “Em breve, serão muitos mais”, nota Ismael, porque os restantes, que estão num friso superior da parede, vão desaparecer para dar lugar a mais caixas de frutas-escaparates de cerveja.

Nome
Almada 437 - The Beer House
Local
Porto, Porto, Rua do Almada, 437
Telefone
910 635 555
Horarios
Terça-feira e Quarta-feira das 11:00 às 00:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 11:00 às 02:00
Website
www.facebook.com/Almada-437-The-Beer-House-425319474330181
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