Fugas - restaurantes e bares

  • Enric Vives-Rubio
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O Peru em Lisboa com influências de todo o mundo

Por Alexandra Prado Coelho ,

O restaurante Segundo Muelle acaba de abrir junto ao Mercado da Ribeira e quer mostrar que a gastronomia peruana é muito mais do que ceviche.

Que a cozinha peruana não é só ceviche, já sabíamos. Mas quantos de nós são capazes de enumerar outros pratos e, sobretudo, explicar como surgiram? A carta do novo restaurante peruano de Lisboa – o Segundo Muelle, uma parceria entre o chef peruano Daniel Manrique e o grupo português Portugália, que abriu na semana passada junto ao Mercado da Ribeira – está organizada precisamente de forma a abrir-nos a porta para todo o universo da gastronomia do Peru.

Influências – foi assim que Daniel Manrique baptizou este menu, que introduziu há dois meses nos outros restaurantes do grupo (que deverão ser 22 até ao final de 2016), a maior parte na América do Sul e Central, mas também dois nas Canárias e agora este em Lisboa, que é, diz Daniel, “a porta para a Europa”. E “influências” porque é disso que é feita a cozinha peruana, que soube integrar as contribuições dos vários povos que foram chegando ao país.

Assim, no Segundo Muelle podem-se experimentar pratos chifa, que resultam da fusão da cozinha chinesa com a peruana; nikei, o casamento entre Peru e Japão; mediterrânicos, com a contribuição de espanhóis e italianos; e crioulos, influenciados pela gastronomia africana. Além, claro, dos pratos nativos peruanos. E é precisamente por aí que Daniel começa a sua apresentação: os hoje mundialmente famosos ceviche e pisco sour.

Mais tarde, em conversa durante o almoço, fala do grande investimento feito pelo Governo peruano na promoção da gastronomia do país pelo mundo e como o escolhido para “prato bandeira” foi precisamente o ceviche. E é natural, dado que o prato de peixe fresco marinado em sumo de limão e servido com cebola rocha, o milho peruano, de grãos cheios e cor esbranquiçada, é a melhor homenagem ao peixe que o Peru pode oferecer.

Antes preparara à nossa frente o ceviche mais clássico – que pode ser provado num dos pratos, o Piqueo Tres Ceviches – e que Daniel faz com pampo fresco ao qual junta mais elementos do que apenas os tradicionais: sal, alho picado, creme de aipo, pasta de malagueta picante, sumo de lima, caldo de peixe, cebola roxa e coentros.

No almoço que se segue provamos alguns dos pratos mais emblemáticos do Segundo Muelle: o Maki Acebichado, um rolo, de influência japonesa, claro, que leva por cima uma maionese “acebichada”, ou seja, feita com o caldo de peixe; o Tártaro de Atum, com abacate e o mesmo molho “acebichado”; um ceviche frito (o peixe é primeiro marinado e depois frito), uma criação do restaurante; uma Causa, que é outro dos pratos emblemáticos do Peru, feito com batata, aji amarelo (os vários ajis, ou pimentos, são quase omnipresentes na gastronomia peruana), sapateira desfiada, molho chorrillana, uma espécie de escabeche, e chicharón (torresmo) de peixe; e, por fim, Risotto de Quiona com Lombo Salteado, para mostrar as influências italianas.

Para sobremesa, pode-se optar entre um Creme Brulée com erva-príncipe, um Suspiro à la Limeña, à base de doce de leite, Bolo de Chocolate ou um bolo Três Leites.

Daniel conta que em Portugal – é a sua terceira visita desde o início do ano – se encantou com a qualidade e variedade do peixe português. Vai voltar para o Peru com ideias para novos pratos usando o bacalhau, mas, sublinha, o Segundo Muelle não será um restaurante de fusão luso-peruana – muitos dos ingredientes usados, com destaque para o peixe, serão portugueses, mas as receitas são totalmente peruanas.

Nome
Segundo Muelle
Local
Lisboa, São Paulo, Praça D. Luis I, Nº 30, loja 4B
Telefone
931169158
Website
http://www.segundomuelle.com/
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