Fugas - restaurantes e bares

  • Miguel Manso
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Deliremos, irmãos, que eles sabem o que fazem

Por João Pedro Pincha ,

Aterrou em Lisboa o talentoso elefante rosa que traz a cerveja belga na bagagem. O Delirium Café quer ser um espaço para amantes da bebida, mas abre os braços a todos

É só já quase no fim da conversa que Neko Pedrosa aponta para a cerveja que nos pôs à frente e diz: “Essa aí tem 10% de álcool.” A revelação apanha-nos de surpresa, porque, apesar da cor rubi e do sabor intenso, esta Delirium Noël deixa-se beber sem resistência ou sentimentos de culpa.

Mas já devíamos estar prevenidos para surpresas destas. Afinal, estamos a beber cerveja num copo decorado com elefantes cor-de-rosa que puxam um trenó do Pai Natal. Há azulejos com elefantes à entrada. Há elefantes grafitados nas paredes. Há elefantes, elefantes, elefantes. E cerveja, cerveja, cerveja.

Deliremos, irmãos, porque o novo Delirium Café de Lisboa, escondido à vista desarmada no Chiado, é sítio para todos: quem gosta e percebe de cerveja, quem gosta e não percebe nada, até para quem não liga nenhuma à bebida. Deliremos porque estamos em boas mãos. São as de Verónica Fernandes e Neko Pedrosa, um casal de brasileiros que trocou o Rio de Janeiro por Lisboa para fundar um bar de cerveja belga.

“Preciso de ter um bar”, pensou Neko um dia no Rio. Nos anos 1990 ele teve uma cervejaria em Itália e um bar em Benidorm, mas o regresso ao Brasil afastou-o dessa vida e aproximou-o de Verónica. Ao fim de oito anos de vida em comum na Cidade Maravilhosa, o bichinho da cerveja voltou a picar. Em Novembro de 2015 decidiram mudar-se para Lisboa — “a gente gostou muito de Portugal e se apaixonou”, explica Neko —, chegaram em Março de 2016 e abriram o Delirium em Janeiro deste ano.

“Eu queria ter colocado trinta torneiras [de cerveja], mas não tinha espaço”, lamenta Neko. Estão lá 25. Vinte e uma estão coroadas com o elefante rosa que é a chancela da Delirium, cervejeira belga com tradição que agora se apresenta na capital portuguesa. Há ainda três marcas alemãs e uma holandesa, fora a oferta de cerveja engarrafada.

“Tem gente que não sabe que existe cerveja de Inverno e de Verão”, ri-se Verónica para explicar a abundância de oferta. “Cada cerveja destas combina com um tipo de comida”, diz. Algo que vai começar a ver-se brevemente na carta do Delirium Café. Para já ainda só há petiscos — sandes em bolo do caco e nachos —, mas Verónica e Neko querem alargar a oferta de comida para que a cerveja não seja o único móbil da vinda. O mesmo se aplica à pequena loja que montaram junto ao bar: ainda só vendem garrafas, em breve vão ter peluches e outro merchandising da Delirium.

“Isto foi como a gestação de um filho novo”, brinca Verónica, que passou meses a calcorrear Lisboa à procura de um espaço adequado para o projecto, que o casal já trazia na cabeça desde que saiu do Brasil. “Um belo dia, às três da manhã, eu vi um anúncio deste espaço. ‘Neko, vamos amanhã de manhã porque esse sítio não vai ficar vazio muito tempo’”, disse. “Entrei aqui e, na hora, vi todas as torneiras, vi tudo”, explica Neko, que faz um balanço muito positivo do primeiro mês de funcionamento. “Quem disse que o português não gosta de cerveja?”

Os produtos de maior sucesso têm sido as cervejas de fruta, com sabor a maçã e framboesas, por exemplo. “É um absurdo” de vendas, diz Neko. A Noël que nos apresentou é sazonal, acabando-se este barril há que esperar até Novembro ou Dezembro por nova leva. Outras cervejas vão chegar entretanto, consoante a época. É o que acontece em todos os recantos do mundo em que há bares da Delirium.

Nome
Delirium Café Lisboa
Local
Lisboa, Lisboa, Calçada Nova de São Francisco, 2A
Telefone
0
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 15:00 às 01:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 15:00 às 02:00
Website
www.facebook.com/deliriumcafelisboa
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