Fugas - restaurantes e bares

  • Miguel Manso
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Estes Loucos de Lisboa não nos fazem duvidar

Por Margarida David Cardoso ,

Inspirado no acaso “de todos partilharmos a loucura”, o Loucos de Lisboa alimenta-se de um desvario boémio, numa sala à meia-luz e baptizada à anos 20.

Em Lisboa, a terra não gira ao contrário e são os rios que correm para o mar. O que não impede a loucura de existir entre as duas margens. Victor Cordeiro garante-o: “Há loucura em toda a gente.” E é esse o rótulo que cola neste bar. O Loucos de Lisboa abriu há dois meses na íngreme Rua da Palmeira, a caminho do Príncipe Real, carregado dessa insanidade “que faz as pessoas felizes”.

Inspirado, em parte pela música da Ala dos Namorados, e no acaso “de todos partilharmos a loucura”, este bar alimenta-se de um desvario boémio. Os donos, Victor e Catarina Monteiro, querem-no nocturno e a meia-luz. Vintage — o “requinte de ser antigo” —, há-de repetir Victor durante a conversa. O primeiro andar ajuda nesta tarefa, fazendo o bar culminar no fim de uma escadaria que se sobe como um ritual, da rua para um espaço baptizado à anos 1920.

Abrem às 18h para apanhar o melhor do final do dia: os amigos à volta de uma mesa com petiscos e os vinhos quando a noite entra ali dentro. A qualquer hora, quer-se a conversa servida à mesa. Mas, mesmo sendo um bar para gente sentada, “há espaço para a coragem” de quem se levanta e começa a dançar.

A música pode chamar por isso, quando o DJ passa do fado, blues e jazz para o foxtrot e swing. Cada uma expressa-se à sua maneira — “sintam-se livres”, convida o anfitrião.

Victor e Catarina fizeram por criar um espaço que as “pessoas distingam pela gastronomia, pela música e pelo bem-receber que é uma casa portuguesa”. É por isso que faz questão de que a carta ofereça “aquilo pelo que Portugal se deve mostrar”. Refere-se aos licores, aos vinhos e à gastronomia que, aqui, serve em pequenos pratos “para picar”. Há carpaccio de vitela (7,90 euros), folhado de queijo de cabra, mel e sementes de sésamo (3,50 euros), tábua de queijos (9,50 euros) e de carnes (8,50 euros), trufas de queijo (5,60 euros), pica-pau à Loucos (9,50 euros), queijo vestido (14,80 euros) e o despido, “que se derrete no forno” (8,90 euros).

Ao balcão serve vinho do Porto (entre 5,50 e 10 euros), moscatel de Setúbal (8 euros) e vinho alentejano (2,80 euros o copo, 6,50 euros a garrafa).

Victor é firme na convicção de que “são muitos destes produtos que reflectem o que é ser português” e é assim “que o país se vende bem” aos turistas. Pensa neles sempre que abre a porta, não estivesse a dois passos do Príncipe Real, uma das zonas mais proeminentes do turismo da capital.

A rua chamada ao palco

Este primeiro andar habitou-se, há vários anos, a ser morada de bares. Mas nunca este conceito que Victor e Catarina trouxeram lá tinha residido. E a ideia de “explorar o antigo” já tinha milhas às costas. Veio de Moçambique, onde o casal viveu durante cinco anos e trouxe muita da experiência que hoje têm na hotelaria — área de formação de Victor — e restauração — de Catarina.

A prioridade era criar um “ambiente intimista”, aliado à traça portuguesa que lhes enchia os olhos. Daí vieram as luzes baixas, os móveis escuros, os veludos vermelhos, verdes e os negros. A inspiração é caseira. A mobília migrou da casa de amigos e são “relíquias de família” o relógio de parede, a máquina de costura, os quadros e os espelhos. As garrafas em miniatura que compõem a moldura do balcão são uma colecção vinda da casa de Victor e Catarina para o bar de ambos.

Nome
Loucos de Lisboa
Local
Lisboa, Lisboa, Rua da Palmeira, 15, 1.º Andar
Telefone
.: 214 078 838
Horarios
e
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