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A corrida mais colorida do mundo por caminhos de Portugal

Por Andreia Marques Pereira

Anuncia-se como os “5 quilómetros mais felizes do planeta”. The Color Run, depois da estreia em Matosinhos em Abril, prepara-se para colorir Coimbra a 4 de Maio. Chega a Lisboa em Julho.

Bailarinas de tutu, “anjas” com asas e auréolas, médicos, astronautas, bebés gigantes; óculos de sol de tamanho XL e cores berrantes são moda; cristas multicoloridas surgem no mar de cabeças; as meias são altas ao estilo Pipi; bóias e barcos insufláveis… Poderia ser um Carnaval fora de época e até o podemos ver assim – as serpentinas e os confettis é que tomam outra forma (tinta em pó) e o “baile” é antecedido de uma corrida que poderia ser a corrida mais louca do mundo mas prefere reivindicar o título dos “5 quilómetros mais felizes do planeta”.

São, pelo menos, os mais coloridos – no mínimo, há as “passagens” (zonas de cor oficiais onde voluntários pulverizam os participantes) de amarelo, laranja, cor-de-rosa e azul, onde ninguém escapa a um “banho” –, nada de estranho se atentarmos no nome: The Color Run, a corrida da cor, invenção norte-americana chegada à Europa via Matosinhos, no dia 7 de Abril. Entretanto, já contaminou outros países do velho continente e continua o seu périplo nacional: Coimbra será a próxima cidade a revelar as suas verdadeiras cores, no sábado, dia 4 de Maio (já com inscrições esgotadas); Lisboa seguir-se-á a 6 de Julho (segundo a organização, já foram vendidas metade das inscrições); Braga e Algarve não têm data definida.

A manhã começa chuvosa mas acaba em arco-íris. Em milhares de mini-arco-íris que transformam parte de Matosinhos na coisa inteira – e como sabemos que os arco-íris só aparecem depois da chuva, podemos dizer que esta é uma combinação ideal. Contudo, a chuva não faz parte dos planos – embora já tivesse ditado o adiamento desta estreia nacional, que esteve marcada para Março; o arco-íris, sim: não só faz parte dos planos, é o objectivo. E não precisamos de chegar ao final para perceber que foi conseguido – mas é no final que ele se mostra mais intenso e ondulante, em centenas de corpos a saltar ao rimo de música. Porque o que começa como corrida acaba em “festival”.

As indicações da organização são claras: concentração na Praça Guilhermina Suggia, em Matosinhos – mas há quem não saiba onde é e se limite a seguir os grupos perfeitamente identificados com as t-shirts brancas e equipamento (mais ou menos) desportivo que caminha por Matosinhos e até pára para café, sem saber que o ponto de partida está quase ao virar da esquina. Entre o mercado e a ponte móvel o ambiente já é de festa, ruidosa e exuberante – desde logo nos trajes que não pararão de surpreender, muito para além da t-shirt oficial, branca, que faz parte do kit de participação juntamente com uma saqueta com a “cor” (um pó natural, que adere à roupa colorindo-a), uma tatuagem e uma fita para a cabeça, entre outros.

Quem não vai correr, já lamenta a ausência e balança-se ao som da música que rasga a manhã: à beira das barreiras de entrada, a família Carvalho, vinda de Barcelos, balança-se ao som de “Gangman Style” (“estamos a aquecer”, brinca o pai, José), enquanto observa a filha Vanessa, voluntária da organização que, a alguns metros, enverga uma t-shirt e ajuda nas entradas. “Estou arrependida de não ter vindo”, lamenta a mãe, Maria Rocha.

Nesta manhã de domingo, chuvosa e fria, são 15 mil os que vão correr os cinco quilómetros, saindo de Matosinhos junto ao porto, passando pela A28 até Leça da Palmeira e voltando para Matosinhos. A partida é às 11h, mas é apenas a primeira partida – já há grupos a correr enquanto ainda vão entrando participantes. Ninguém tem pressa, ninguém vem bater recordes. Todos vêm pela singularidade da iniciativa e diversão é a palavra de ordem – é o antídoto dos tempos que correm. Hélder de Almeida até costuma correr, mas, diz “isto não é bem correr, é pela diversão”. A namorada, Diana Baptista, reforça a ideia: “É diferente e divertido para toda a gente e bem que estamos a precisar. Nem que seja ao domingo de manhã, nem que custe 15 euros”. E é como se estivéssemos na Índia, acrescenta, referindo-se ao festival hindu Holi, que assinala a chegada da Primavera com uma euforia colorida também feita de tinta em pó e no qual participam famílias inteiras e que foi a inspiração para estas Color Run que em cada cidade se associa a uma instituição de solidariedade social para a qual reverte parte das receitas – aqui, à associação A Casa do Caminho.

O Gustava tem cinco anos e espera ficar coberto de azul – ainda vai limpinho pela mão do pai, João Dantas; o Vasco vai no carrinho empurrado pelo pai, Hugo Campelo, que faz habitualmente corrida e pensou que este seria um “momento feliz de convívio” com os filhos: “Não é uma chuva que nos vai fazer ficar em casa”; a Carolina também vai no carrinho, mas o irmão, Guilherme, faz birra porque os pais abrandaram o passo – quer ir a correr até ao final: tem os genes dos pais, Sérgio Silva e Sofia Martins, está visto, que fazem corrida mas desta vez estão em compasso de passeio, “é mais diversão do que competição”, dizem; mais à frente, Lara é a porta-voz de um grupo que está a adorar a pintura – “o laranja aquece-me o dia” – sob o olhar dos pais, um grupo de amigos que veio para divertir-se e “deixar os miúdos sujarem-se e andar à chuva”.

Miúdos e graúdos vêm pelo mesmo. “Convívio, cor, alegria, sorrisos, desculpa para nos encontrarmos”, resume Sofia Afonso, cabeleira rosa encaracolada e óculos XL, entre um grupo de “15 ou 16 amigos” que escolheram os óculos coloridos como “assinatura” de equipa. Adiante, é Timóteo o timoneiro de um barco insuflável com crocodilo na proa, rodeado de bóias-animais. “Estou à voltar à Madeira de barco”, brinca o madeirense, orgulhoso no seu chapéu típico, rodeado de seis amigos, todos vindos de Viana do Castelo, onde estudam na Escola Superior de Tecnologia e Gestão. “Estávamos à espera que chovesse um bocadinho mais, seria perfeito”, ironizam.

Para trás já ficou a A28 e estamos em Leça da Palmeira quando os lanches começam a sair dos sacos e à entrada da ponte móvel uma tenda de doces tradicionais está estrategicamente colocada para desviar os passeantes. Na ponte, Carmen leva a pequena Emília, três anos, às cavalitas. “Já se cansou mas continua divertida”, diz a mãe. Vieram num grupo maior, mas os outros miúdos querem correr e elas ficam para trás. O rosa é a cor preferida da Emília, mas a que a cobre é o amarelo. Ainda virá o azul, a última cor, no final da ponte – aquela que transforma um dálmata num “estrunfe” malhado.

De volta a Matosinhos, a corrida já vai a passo, em ritmo de final de festa. Há aplausos de varandas para a rua e retribuições animadas; um pai desafia os dois filhos: “Querem chegar à meta a correr ou a caminhar?”. “A correr” é a resposta dada já em andamento. Nas barracas de comes e bebes já se vêm participantes a repor energias, enquanto muitos ainda estão a chegar. Há equipas que se separaram no percurso e esperam os colegas para o blast final, a última explosão de cores saídas das saquetas que se salvaram do percurso.

Marlene Moura e os amigos estão sentados à espera de quem falta. Entre fotos para mais tarde recordar, fazem o balanço. “Estávamos à espera de mais cor, não pega muito, sobretudo a que eles atiram.” “Os que têm mais cores são os que estiveram a rebolar pelo chão.” Há quem fala de engolir pó e quem mostre como ele se infiltra na roupa como quem mostra troféus. O grupo reúne-se, finalmente, e a brincadeira passa aos ataques directos com o pó: o que se reserva para o grande final, voa quase todo. Ninguém se importa. No anfiteatro natural que se desenha com vista para o porto, o ambiente é de festival de Verão: à música vai solta e a multidão vai atrás, saltando ao seu ritmo. Se não está, parece, pelo menos, muito feliz.

Inscrições:
As inscrições podem ser individuais ou em equipa (mínimo quatro participantes pagantes). Os preços variam de acordo com o período de inscrição: para equipas pode ir de 15€ a 23€ (por pessoa); individuais de 17€ a 25€. Crianças até aos 8 anos não pagam; dos 9 aos 13 pagam 10€. Site | Facebook

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