Fugas - Viagens

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Os desbravadores de montanhas

Em primeiro lugar, o que é o trail? Correr no meio do monte, como fazia Carlos Sá em miúdo no concelho de Barcelos, é uma das definições possíveis. A outra, mais completa e adoptada pela Associação de Trail Running de Portugal (ATRP), diz o seguinte: trata-se de uma corrida pedestre em natureza, com um máximo de 10% de percurso pavimentado. Pode atravessar vários ambientes — serra, montanha, vales e planícies, rios e florestas — e terrenos — estradão, caminho florestal, trilho, areia ou rocha — e é realizado em auto-suficiência completa ou parcial.

Os percursos são devidamente balizados e sinalizados, respeitando-se “a ética desportiva, a lealdade, a solidariedade e o meio ambiente”, lê-se no website da associação. Em Portugal, a designação de trail existe há cerca de dez anos, embora já se praticassem desde 1995 (oficialmente) as corridas de montanha, com o primeiro circuito nacional a atravessar serras como as da Estrela e da Lousã.

“Mas só nos últimos cinco anos temos assistido a um crescimento mais intenso do trail. Surgem novas provas todas as semanas”, comenta José Carlos Santos, presidente da ATRP e atleta, que contabiliza uma média de 200 corridas da modalidade realizadas por ano. O “crescimento explosivo” faz com que “talvez sejam hoje em maior número do que as [provas] de estrada”. Paralelamente, o volume de associados da ATRP quintuplicou desde Dezembro de 2012. “Hoje temos mais de 1600 associados e cerca de 140 clubes”, retrata o presidente da associação.

Ainda assim, não é possível aceder aos números reais, que extrapolam as superfícies associativas e serão muito superiores aos registos disponíveis. Num estudo recentemente divulgado pelo IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing), foram estimados 1,45 milhões de praticantes de corrida (nas suas diferentes modalidades e ambientes) em Portugal, ainda que a maioria (67% dos 583 runners inquiridos) prefira os circuitos urbanos.

Eu, a natureza e o desafio
O que aconteceu, então, para que num curto espaço de tempo o trail ganhasse tanto terreno no panorama do desporto amador? “Isto traz-nos de novo à aldeia dos nossos avós e à nossa natureza, para além de tornar as pessoas mais activas e saudáveis. Aqui, elas atingem os seus objectivos desportivos e pessoais”, explica Carlos Sá, que passou de fumador de dois maços de cigarros por dia a vencedor de provas como a Badwater – 217 km no deserto da Califórnia. Numa abordagem mais panorâmica, José Carlos Santos sistematiza: “A explicação que encontro tem a ver com o crescimento da corrida de uma forma geral.

No trail, particularmente, há o contacto com a natureza, a possibilidade de visitar locais belíssimos e de ultrapassar obstáculos, não há monotonia. E tem de haver, sem dúvida, muita determinação e resiliência.”

Globalmente, não “é um fenómeno fácil de explicar”, admite Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, à qual a ATRP se associou em Maio deste ano dando um passo em frente no reconhecimento, visibilidade e regulamentação da modalidade.

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