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A cultura portuguesa conta-se num Mar d’Estórias

“Procuramos coisas genuínas e autênticas, que não se encontram num supermercado, e produtores que ainda as façam com alma, a pequena escala”, conta Célia Real. “Algumas marcas estavam a nascer quando começámos este projecto, como as malas de junco da Victória”, recorda. Apoiar novos projectos e pequenos produtores, artesãos e artistas é outra das componentes do Mar d’Estórias, frisa a responsável. “Temos a parte comercial e depois temos a vertente cultural. Não queremos estar fechados sobre nós próprios, queremos participar e envolvermo-nos com o que está à nossa volta.” Principalmente com a comunidade e com a programação cultural da cidade e da região. Em 2016, promoveram o lançamento do livro Costa do Mar, de João Mariano, com fotografias feitas na Costa Vicentina. Este ano, vão apoiar a organização de um festival de música em Lagos e o projecto de arte urbana do Laboratório de Actividades Criativas (LAC). O mural que actualmente cobre uma das empenas do edifício, obra do polaco Bezt feita em 2013, está a ficar degradado e durante o ARTURb, que decorre em Setembro, vai ser substituído por outro trabalho de street art, indica Célia Real.

Em sentido contrário, querem trazer cada vez mais projectos locais para o interior do edifício. Produtos para expor na loja, concertos de artistas locais, workshops organizados por especialistas, harmonizações ou simplesmente mais ingredientes regionais para dar corpo às novas cartas. E este ano as ementas vão ser mais algarvias do que nunca.

Cozinha sazonal e à algarvia

Na pequena cozinha do Mar d’Histórias, a chef Megan Melling pega em “ingredientes locais e sazonais” para criar pratos e petiscos com “receitas ou técnicas algarvias reinterpretadas”. Por vezes, são inspirados no receituário nacional ou internacional, mas sempre com um toque algarvio. Como a tarte de limão merengada, que aqui chega à mesa desconstruída e feita à base de laranja do Algarve — “as melhores do país” — com biscoito de azeite e suspiros por cima. Ou os secretos de porco com migas. “Tentámos reinventar as migas e, em vez de ser uma papa, tentámos manter a integridade do pão, em quadrados, para ficar um bocadinho mais crocante. São umas migas à algarvia”, ri-se.

A ideia passa por utilizar o máximo de ingredientes regionais possível e de acordo com o que existe em cada estação. Por isso, a carta muda três vezes por ano (“no Outono e no Inverno, os ingredientes são mais ou menos semelhantes”). Para a Primavera, um dos novos pratos é a salada de polvo. “Fomos a Olhão buscar as ovas do polvo e lascámos para colocar por cima e haver uma dualidade do ingrediente. As pessoas não sabem o que fazer com as ovas do polvo, nós acrescentamo-las à nossa salada”, conta Megan. Já no Verão, chegam os morangos e o tomate rosa, “ingrediente principal do nosso arjamolho, uma espécie de gaspacho algarvio, entre uma sopa e uma salada”. No sector do marisco, tentam ter sempre berbigão na ementa. “Não só para sermos um bocadinho diferentes mas também porque é um marisco igualmente bom, mas considerado pobre e descartado por vários restaurantes.”

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