Fugas - dicas dos leitores

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Em busca da Aurora Boreal

Por Joana Coelho

Joana e Ricardo partiram em busca da beleza das auroras boreais, avistamento inesquecível para qualquer viajante. Aqui, partilham, passo a passo, conselho a conselho, uma viagem à Noruega a sonhar com as auroras (e outras maravilhas).

Se quiser assistir ao espectáculo das Northern Lights (as auroras boreais) na Noruega, ainda vai a tempo, é só seguir as instruções seguintes:

Primeiro passo: reservar a viagem pela internet - simples, rápido e eficaz.
Com uma semana disponível no início de março, a primeira coisa que fizemos foi reservar os voos entre Lisboa e Oslo, através da TAP. Partindo da página oficial do turismo norueguês, interessámo-nos por um dos itinerários sugeridos e reservámos três voos internos, quatro hotéis e bilhetes combinados através da Fjord Travel Norway. Para cada cidade planeámos um conjunto de actividades e visitas, recorrendo, para além dos sites indicados mais à frente, a uma aplicação gratuita para o iPAD (Triposo Norway).

Segundo passo: fazer a mala
Atendendo a que teríamos de transportar uma bagagem pequena por causa dos voos domésticos, restringimo-nos ao essencial: fato de esqui, casaco-polar, camisola térmica, botas confortáveis (e impermeáveis), meias quentes, luvas de lã finas e de esqui (para usar em simultâneo), gorro de lã e cachecol polar, batom para os lábios e creme hidratante. Levar roupa que se possa sobrepor é o truque, pois os edifícios estão muito aquecidos por dentro e, em simultâneo, faz muito frio no exterior. Para além da máquina fotográfica, é fundamental levar um tripé.
É importante consultar com regularidade a página da meteorologia, sabendo à partida que as temperaturas são negativas e a exposição solar diária é reduzida nesta altura do ano.

Terceiro passo: ir! Boa viagem!

Este foi o nosso roteiro, sigam-no e prometo que se irão divertir:

Dia 1 - Lisboa-Oslo em 3h45
Aterrámos já de noite no aeroporto de Oslo e pernoitámos ali perto, no Hotel Park Inn, pois no dia seguinte tínhamos voo às 8h20 para Tromso.

Dia 2 - De Oslo para a capital das Northern Lights
O voo da Norwegian Flights durou cerca de duas horas até Tromso, uma pequena cidade do norte da Noruega, situada numa das suas 50 mil ilhas, rodeada de montanhas, fiordes e de outras ilhas.
Tromso recebeu-nos totalmente coberta de neve, mas não seria de esperar outra coisa, estando acima do Circulo Polar Ártico. As temperaturas rondavam os -2ºC, mas a sensação era de -8ºC (tivemos sorte: na semana anterior o termómetro tinha chegado aos -22ºC). Para chegar ao centro da cidade, a opção mais económica é o flybus, no entanto optámos por ir de táxi pois a despesa era a dividir por quatro.
Ficámos muito bem instalados no Hotel Rica Ishavshotel, de onde guardámos para sempre a lembrança de um fabuloso pequeno-almoço (merece destaque no Tripadvisor). Para além disso, localiza-se no centro da cidade, junto ao cais onde acosta o Ferry Hurtigruten que faz trajectos regulares pelos fiordes da Noruega (chegámos a ponderar realizar essa viagem, mas faltou-nos tempo).
Traçámos um roteiro para Tromso através dos sites: visittromso, arcticpathfinder e creativevacations. Melhor que visitar a loja do turismo, que estava apinhada de gente!
Apesar da neve e vento que se faziam sentir, seguimos pelo cais até ao Aquário Polaria, intrigados pela sua arquitectura singular (que representa blocos de gelo sujeitos à pressão do Mar do Ártico) e que mereceu várias fotografias.
Ao final da tarde cruzámo-nos na recepção do hotel com uns fotógrafos que nos desafiaram para ir numa aventura: "Hunting for the Northern Lights" - "Travel to a good spot outside the lights of the city and wait for the Northern lights to show up. Included: warm clothing, hot drinks and cake". Decidimos arriscar e valeu a pena! Após uma espera de algumas horas, a Aurora Boreal surgiu, primeiro timidamente, depois em força, mesmo por cima das nossas cabeças. Foi um espectáculo impressionante! O céu iluminou-se de tal forma que as fotografias que se salvaram captaram apenas a parte final, quando uns resquícios de cor verde ainda pintalgavam o céu escuro.

Dia 3 - Segunda-feira em Tromso
De manhã, apanhámos o autocarro 26 em Havnegata (artéria principal da cidade) e fizemos uma breve paragem junto à Artic Cathedral, com a sua arquitectura singular, evocando neve e icebergs, da autoria de Jan Inge Hovig. Seguimos no Fjellheisen Cable Car para o topo da montanha. O vento gelado impediu-nos de apreciar a espectacular paisagem branca, durante muito tempo, mas um chá quente aqueceu-nos um pouco. Regressámos ao Sentrum e terminámos a tarde a passear pela Stogata, uma rua pedestre com lojas e casas de madeira. A Tromsdalen Kirke, no meio de uma praça coberta de neve, deu um bom enquadramento às fotografias ao anoitecer.
À noite fomos visitar o Tromso Villmarkssenter. A Aurora Boreal não apareceu, mas divertimo-nos imenso a fazer dogsledding (um trenó puxado por huskies pela imensa escuridão da floresta). Tivemos de sobrepor dois fatos de esqui para suportar o frio e a neve. Jantámos uma espécie de cozido com carnes e legumes numa tenda sami, com chá quente e bolo de chocolate como sobremesa.

Dia 4 - Ainda mais neve em Tromso
Acordámos com flocos de neve a cair em força, mas quando os primeiros raios de sol despontaram fomos para a rua entusiasmados, mesmo com neve pelo joelho. Visitámos o Perspecktive Museum onde vimos uma interessante exposição de fotografia e fomos experimentar a cerveja Mack no pub da fábrica (a brewery mais a norte do mundo), aguardando que a neve deixasse de cair com tanta intensidade.
Ao início da noite partimos para mais uma aventura nocturna, organizada pela Lyngsfjord Adventure que incluiu uma caminhada a pé de cerca de 1 km, sob uma fortíssima tempestade de neve, até uma tenda sami, situada num parque natural perto da fronteira com a Finlândia. Comemos uma sopa quente de bacalhau picante e batata, para sobremesa, uma bolacha com doce, enquanto esperávamos pela Autora Boreal que, caprichosa, se recusou novamente a aparecer.

Dia 5 - De Tromso para Bergen
Antes de seguir viagem, ainda tivemos tempo para tirar umas fotografias junto ao cais, aproveitando a luminosidade da manhã. Despedimo-nos Tromso, com os seus túneis singulares, com inúmeras rotundas e cruzamentos, com a promessa de regressar novamente.
Seguimos no voo das 13h20, fazendo escala no aeroporto de Olso, onde quase íamos perdendo o voo de ligação para Bergen. Uma hora depois estávamos em Bergen, mas as malas tinham ficado para trás.
Instalámo-nos no Scandic Neptuno Hotel, mesmo junto ao porto. Jantámos no Zupperia junto ao Fish Market (Fisketorget), onde havia uma sopa com o nome de Santo António de Vasco da Gama. Vascodagama (tudo junto) era também o nome de um dos nossos quartos do hotel.

Dia 6 - Bergen
Com o Bergen Card, que inclui entradas nas principais atracções da cidade, subimos no funicular Floibanen para tirar fotografias panorâmicas de Bergen do monte Floyen.
Fomos fotografar as coloridas casas de madeira de Bryggen Hanseatic Wharf, Património da UNESCO, antes de começar a chover com intensidade. Em Bergen, onde chove 360 dias por ano, é preciso pensar em opções para além de passear a pé. Visitámos o interessante Permanenten West Norway Museum of Decorative Art, seguido do Bergen Art Museum.

Dia 7 - Norway in a Nutshell
Recomendada pelo Turismo da Noruega, esta viagem numa "casca de noz" entre Bergen e Oslo pode ser feita no sentido inverso e prolongada por vários dias e inclui duas viagens de comboio, uma de autocarro e um passeio de barco (o bilhete combinado foi comprado através da Fjord Tours).
A nossa aventura iniciou-se na estação ferroviária de Bergen, onde apanhámos um comboio que nos levou até Gudvangen. A viagem durou cerca de duas horas, tendo como paisagem montanhas, túneis, fiordes e lagos gelados. Um autocarro anunciando "Norway in a Nutshell" esperava-nos na estação de Gudvangen e após uma hora de viagem, com paragens em algumas localidades para deixar entrar e sair passageiros, estavámos junto ao cais à espera do Fylkesbaatane Ferry. O passeio de barco durou cerca de duas horas e foi espectacular atravessar um dos mais estreitos fiordes da Europa, ver cascatas congeladas, montanhas cobertas de neve e pequenas localidades de telhados coloridos pincelando, aqui e ali, a paisagem por entre os fiordes de Sognefjord, Naeroyfjord e Aurlandfjord, classificados como Património Mundial da Unesco.
À chegada a Flam, que significa "pequena localidade entre fiordes", no extremo do fiorde Aurland, a tempestade de neve e vento forte acentuaram-se obrigando-nos a permanecer na estação.
A linha de comboio de Flåm tem 20 km de comprimento entre as estações de Flam e de Myrdal mas demora cerca de uma hora a percorrer, com os seus 20 túneis, uma ponte e 4 túneis hidráulicos. Para além disso, é uma das linhas férreas mais inclinadas do mundo (ainda com funcionamento regular): a diferença de altitude entre as duas estações é de 865,5 m, tendo-se tornado uma das atrações turísticas da Noruega, pela beleza da paisagem circundante. O comboio Flamsbana faz algumas paragens, entre elas junto a cascata Kjosfossen (a 669m de altura), que estava congelada.
A estação de montanha Myrdal foi o nosso abrigo até à chegada do comboio para Oslo, pois a tempestade de vento e neve agravaram-se. Sem dinheiro trocado nem cafés abertos, gastámos as poucas moedas em frutos secos e bolachas saídos de uma máquina automática (um simpático casal de indianos dispensou-nos algumas moedas). Chegámos a Oslo por volta das onze da noite e fomos directamente para o Thon Hotel Bristol, situado no centro da cidade. A aventura foi cansativa mas, sem dúvida, recomenda-se!

Dias 8 e 9 - Oslo com sol
Em Oslo, aproveitámos o céu azul e a temperatura agradável (+2ºC) para passear a pé, cumprindo um roteiro que definimos a partir da página oficial do Turismo de Oslo. Ponderámos comprar o Oslo Pass, que inclui a entrada gratuita em 30 museus e transportes públicos e descobrimos que durante o Inverno não há o City Sightseeing Bus, por isso andámos de elétrico e metro.
O hotel estava muito perto da Eidsvolls Plass, uma praça dominada pelo Teatro Nacional de um lado e o Parlamento do outro, com uma animada pista de gelo. Seguimos em direção à Radhusplassen (dominada pelo Oslo City Hall, um imponente edifício construído entre 1931 e 1950, onde fazem a cerimónia da entrega dos Prémios Nobel) e atravessámos a pé a Akershus Medieval Fortress, castelo e fortaleza medieval de 1299. O nosso objectivo era chegar à Oslo Opera House, o símbolo moderno da cidade, onde parámos para tirar mais fotografias e tomar um café.
O Vigeland Sculpture Park estava apinhado de gente a passear (era sábado) e foi muito interessante apreciar as 200 obras do escultor Gustav Vigeland. Regressámos de eléctrico a Aker Brygge para almoçar (zona ribeirinha reconvertida nos anos 80 com animados restaurantes) e entrámos no Nobel Peace Center, antiga estação ferroviária situada na Radhusplassen.
Fomos ao Munch Museum na Frederiksgate (metro: Toyen), que valeu a pena visitar e tirar fotografias aos quadros, contando-se entre eles o famoso "Grito", que foi roubado e restituído ao museu. No final da exposição, divertimo-nos a criar reproduções das obras de Edvard Munch. No regresso, saímos junto à zona comercial de Egertorget e Stortorvet e passámos ao lado da Oslo Cathedral.
No dia seguinte, fomos fazer um minicruzeiro hop on-hop off, um passeio de 1h30m a bordo de um veleiro (por causa do gelo tivemos de ir numa embarcação mais pequena, mas igualmente agradável) pelo inner Oslo Fjord. Saímos às 9h45 do Pier 3 da Radhusbrygge 3 em frente ao City Hall. As paragens foram na Opera House e em  Bygdoy (junto ao museu viking). Regressámos ao hotel para apanhar as malas e seguimos para o aeroporto, mas antes ainda fizemos uma paragem no Ekeberg Restaurant (edifício de 1927), para tirar uma foto panorâmica da cidade.
O Gardermoen Airport está a 50 km de Oslo e é dispendioso ir de táxi, portanto é preferível ir no Airport Bus ou no Airport Express Train. Se tivéssemos tido mais tempo em Oslo ainda teríamos ido visitar a National Art Gallery e o Viking Ship Museum.

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