Fugas - hotéis

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O Paraíso Escondido pode ser um bungalow suspenso e histórias de família

Não há uma zona de recepção tradicional, com balcão e computadores, o conceito é o de “no lobby”. “Quando chegam, os hóspedes já estão de férias.” Os dados pessoais e as preferências foram recolhidos previamente, o check in feito com alguns dias de antecedência. À chegada, a sala de refeições é a primeira coisa que vêem, agora instalada num antigo terraço, com direito a duas mesas familiares e várias mais pequenas, uma lareira acolhedora e um bar. “Maguduza” é o que se lê numa placa colocada no bar, ao fundo da sala, em homenagem ao pai de Berny. Significa “homem branco com alma de negro” e é mais uma referência a uma história familiar feita de encontros noutros continentes. O casal conheceu-se na África do Sul, viveu em Singapura e mudou-se para Portugal para cumprir o sonho de Berny. No início, Glenn ainda se dividia entre São Teotónio e o estrangeiro; agora, está no Paraíso Escondido a 100%.

Além dos bungalows, o novo cartão-de-visita deste turismo rural, foram construídas duas suítes independentes (Marula e Jasmim) no mesmo plano da casa-mãe e outras duas, voltadas para a barragem (Malva e Verbena). Nestas últimas, o objectivo é que os hóspedes “se sintam numa espécie de toca, protegidos”, explica Berny, durante um passeio pela propriedade na companhia de Zulo. O simpático leão da Rodésia divide as atenções da família e dos hóspedes com Candy, uma west terrier de pêlo branco.

A água das chuvas, canalizada para a barragem, é utilizada na rega dos jardins, do pomar e da horta, e painéis solares aquecem a água que serve as suítes. Há ainda uma zona, protegida do sol, com um posto de abastecimento para carros da Tesla e outro para o carregamento dos demais carros eléctricos. Da horta saem muitos dos produtos que compõem a ementa do novo restaurante da casa, outra das novidades. O chef Pedro Mendes, responsável pelo restaurante Maria Pia, em Cascais, criou o conceito e orienta a carta, com produtos locais; os jantares estão a cargo de dois jovens chefs residentes e devem ser reservados com antecedência. Isto porque os produtos são frescos e locais, garante Berny, que quase todos os dias vai às compras. “Saber de onde vêm as coisas que comemos é amor”, acredita. É por isso que se desloca ao mercado de Aljezur para comprar as frutas e o peixe e à casa da vizinha, dona Assunção, para os queijos de cabra que serve com mel de rosmaninho à mesa do pequeno-almoço. As sobremesas ficam, muitas vezes, a cargo da filha Gisela.

“As pessoas precisam de amor”, vai repetindo, e a primeira refeição do dia pode ser a altura ideal. Um regresso ao início deste texto para recordar o pequeno-almoço, que foge ao registo de buffet e é preparado mediante as preferências dos hóspedes. À mesa chegam uma garrafa de vidro com sumo de laranja natural, uma travessa de fruta fresca, pão e compotas alentejanos, ovos (caseiros) mexidos, iogurte com granola e queijos e presunto, além das bebidas quentes convencionais. Talvez seja para provar duas vezes este pequeno-almoço que uma passagem pelo Paraíso Escondido exija uma estadia mínima de duas noites. Berny justifica: “Sinto-me completamente realizada quando vejo que as pessoas estão tranquilas, mesmo que sejam só três dias”. 

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