Duarte explica que o amendoim terá chegado à Europa no século XVIII, sendo cultivado inicialmente no Jardim Botânico de Montpellier, mas foi com a introdução, mais tarde, em Valência, Espanha, que a cultura se expandiu. Segundo o mesmo artigo, os portugueses terão levado do Brasil para a costa ocidental de África aquela que é hoje é a quarta cultura oleaginosa do mundo e constitui 10% de todo o óleo alimentar.
Dentro da Quinta da Alorna, a zona ideal para o cultivo é a que se situa mais a Norte, junto ao Tejo, porque, diz Gustavo Caetano, é uma terra de aluvião, mais rica. “O amendoim dá-se bem em solos bem drenados, com areias gordas e alguma capacidade de fornecer nutrientes naturais.” Dado que “no final do ciclo o amendoim vai fazer-se dentro da terra”, a qualidade desta é fundamental.
Mas se esse é um trunfo, por outro lado há um ponto fraco nesta zona de Portugal. “Não temos as condições ideais em termos de clima”, explica Lufinha. “Precisávamos de mais um mês de clima seco.” Gustavo Caetano complementa: “O amendoim tem uma exigência de temperatura de 18 graus para arrancar o ciclo e isso só se consegue numa Primavera tardia”. Ou seja, não passa tempo suficiente entre o momento em que é semeado e o momento em que tem que ser colhido por causa do risco das chuvas.
Mas há outros factores a ter em conta e um deles, importantíssimo, é as variedades que estão a ser usadas. O pedido da PespsiCo é para que, pelo menos nesta primeira fase, “se trabalhe com base na genética norte-americana” e não com as variedades usadas tradicionalmente em Portugal. Os ensaios no campo também permitem isso: afinar, perceber que variedades respondem melhor e apostar nessas. A ideia, portanto, é tentar aqui desenvolver variedades de ciclo mais curto e as experiências de cruzamento estão a ser feitas nos laboratórios ligados à PepsiCo em Espanha.
Vamos então partir para o terreno. Atravessamos as terras da quinta até chegar à zona onde um tractor já está a trabalhar no amendoim. Gustavo Caetano explica-nos então que há dois passos na apanha. “A primeira fase é arrancá-lo da terra, revirá-lo e pô-lo ao sol para a primeira secagem. Passada uma semana está pronto para ser colhido. Na segunda fase faz-se separação da vagem da própria planta. A questão da chuva é fundamental porque se o amendoim é deixado tempo a mais na terra molhada corre-se o risco de desenvolver fungos”.
Mas antes da apanha é importante perceber como nasce e como se desenvolve o amendoim. Trata-se de uma planta baixinha, rasteira, que tem uma pequena e discreta flor amarela. É da fecundação dessa flor que resulta o fruto, considerado uma vagem. “A certa altura surge do interior da flor uma pequena haste”, descreve o responsável pela produção, “que se lança para o exterior”. Essa haste faz um pequeno círculo e entra na terra, onde, finalmente, o fruto se vai desenvolver.
Aquilo a que assistimos em meados de Outubro foi ao revolver da terra pelo tractor, que deixa o que aparenta ser um campo desalinhado de terra remexida. Mas quando nos aproximamos e observamos mais atentamente o emaranhado de finas raízes percebemos que é aí que estão aquilo que já reconhecemos perfeitamente como amendoins. Só que, nesta fase, ainda verdes.