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O preço de uma refeição no Geranium pode ultrapassar os 260 euros

O preço de uma refeição no Geranium pode ultrapassar os 260 euros Reuters

Restaurante três estrelas Michelin multado por falta de higiene

Por Fugas

O estabelecimento armazenava marisco a temperaturas demasiado altas e tinha manchas brancas, verdes e pretas nas prateleiras das câmaras frigoríficas.

O restaurante dinamarquês Geranium – o primeiro do país a receber três estrelas Michelin – foi multado em 20.000 coroas dinamarquesas (mais de 2600 euros) pela Autoridade de Segurança Alimentar (ASA) por armazenar marisco a temperaturas demasiado altas.

A Fødevarestyrelsen, equivalente à ASAE portuguesa, deu uma “carinha aborrecida”, avaliação mais baixa do sistema de quatro níveis, ao restaurante Geranium, gerido pelo chef Rasmus Kofoed. É que para além de ter verificado que os lagostins, vieiras e ostras estavam a ser armazenados em temperaturas acima das recomendadas para a sua correcta conservação, ainda encontraram manchas brancas, verdes e pretas nas prateleiras das câmaras frigoríficas.

As directivas dinamarquesas recomendam que o marisco seja armazenado a dois graus celsius – uma temperatura bem mais baixa do que a verificada nas arcas frigoríficas do Geranium (9.2 graus celsius). Martin Birch Hansen, da ASA, explicou ao Ekstra Bladet que isso é perigoso porque promove a rápida proliferação de bactérias, o que pode pôr em causa a saúde humana.

O relatório que dá conta dos problemas de higiene do restaurante de Kofoed saiu a 29 de Setembro, mas só agora foi descoberto pela imprensa dinamarquesa. Segundo o tablóide Ekstra Bladet, pode ler-se no documento que “foram medidas temperaturas altas por um período longo de tempo” sem que o problema tenha sido resolvido: “os trabalhadores não conseguiam manter uma temperatura de armazenamento adequada para marisco fresco”, descobriu a ASA.

Os responsáveis pela segurança alimentar consideram “grave” o facto de a empresa ter conhecimento das falhas de conservação de alimentos e não ter agido em conformidade. “Isso diz-nos que a empresa não sabe a importância das regras de temperatura”, disse Martin Birch Hansen, citado pelo britânico Guardian.

Mas as falhas não se ficam por aqui: as câmaras frigoríficas do estabelecimento apresentavam manchas brancas, verdes e pretas nas prateleiras e nas embalagens de alho picado. As máquinas de lavar louça do restaurante também tinham sujidade acumulada nos cantos e no borrifador de água.

À agência Ritzau, o chef Rasmus Kofoed disse: “Discordo do que foi escrito. Acho exagerado, mas admito que prestámos pouca atenção a algumas partes do processo”. Ao Ekstra Bladet, o chef explicou que tinham investido, há pouco tempo, num sistema electrónico de monitorização da temperatura das câmaras frigoríficas e que o marisco era conservado em gelo. “No Geranium somos perfeccionistas e uma boa higiene e uma correcta conservação dos alimentos são coisas muito importantes para nós”, diz o chef, salientando que nunca tinham recebido uma avaliação negativa.

Já não é a primeira vez que um restaurante dinamarquês é criticado: o Noma, com duas estrelas Michelin, esteve no centro das atenções em 2013, altura em que 63 clientes ficaram doentes. Tudo porque um empregado infectado com norovírus (um tipo de vírus que pode ser transmitido através da ingestão de alimentos crus manipulados por mãos infectadas e principal causador de gastroentites virais) foi trabalhar. 

O Geranium abriu em 2010 em Copenhaga. Em Fevereiro deste ano, ganhou a terceira estrela Michelin. Uma refeição média neste restaurante (sem bebida) custa 2000 coroas dinamarquesas, cerca de 260 euros.

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