É no Valais que se concentram os glaciares e a maioria dos picos nevados com mais de quatro mil metros de altitude, a zona dos planaltos atapetados de Edelweiss, dos larícios colossais e milenares, das vacas lutadoras e das cabras de pescoço negro. É a região da Raclette e dos queijos fundidos, o lugar de origem dos cães São Bernardo, mas também do glamour de St. Moritz e do dramatismo pontiagudo do Matterhorn. O Valais é, em resumo, o cantão por eleição do pitoresco que faz a celebridade internacional da Suíça, enquanto para muitos suíços representa uma espécie de essência profunda, noutros lados do país já difícil de encontrar.
Algumas das estâncias de esqui mais célebres do planeta encontram-se neste cantão, mas a surpresa e a boa notícia é que quase tudo o resto passa ao lado do turismo massificado. É uma questão de mérito, convém acrescentar, fruto de uma estratégia de longa data para travar o desenvolvimento a qualquer preço, optando por uma política de conjugação de turismo com sustentabilidade. Daí a manutenção de vastas áreas em estado selvagem, mas também de paisagens agrícolas e de aldeias tradicionais, verificando-se inclusive uma certa involução que tem favorecido o crescimento das manchas florestais.
Imponência crepuscular
Dos cerca de 1800 glaciares existentes na Suíça, o Valais é o cantão que tem mais e maiores na verdade, 20 por cento do seu território é coberto por eles. Outros terão os seus encantos, mas nenhum se compara ao Aletsch em grandeza e beleza monumental. Tem um comprimento de 22,5 quilómetros, uma superfície de 81km2, atingindo uma profundidade máxima de cerca de 900 metros (número de 1991). Glaciares com esta extensão e profundidade só mesmo nas regiões polares. A massa de gelo é um espectáculo de texturas alienígenas, que, como se não bastasse, se espraia por um circo de montanhas igualmente majestosas. O destaque cabe aos picos de Jungfrau (4158m), Aletsch (4195m) e Bietschhorn (3934m), que dão nome à região classificada como património da UNESCO em 2001. A área protegida abarca 84,400 hectares, integrando, além do glaciar, o lago por ele formado mais as florestas de coníferas que se desenvolvem em redor.
Um dos melhores balcões sobre o glaciar é o Eggishorn, que se atinge por teleférico a partir da cidade de Fiesch, no vale do Rhône. O terminal do teleférico fica na quota dos 2869m e daí ainda se podem escalar mais 60 metros até ao pico da montanha, por um caminho tortuoso entre esculturais lajes de pedra, sempre com vistas prodigiosas sobre o glaciar e as montanhas que o emolduram. De Morel, meia dúzia de quilómetros mais abaixo no vale, partem teleféricos para Bettmeralp e Riederalp, pequenas estâncias de montanha, ancoradas na ponta do alto planalto (cerca de 2000 m), onde desemboca o glaciar. Ambas livres de circulação automóvel, são sítios idílicos para dormir nas alturas e partir em caminhada pelos trilhos que rodeiam o glaciar.
O ideal era a paisagem de Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn se manter assim eternamente, mas já se sabe que o aquecimento global é por agora inexorável, levando a prever que a extensão mínima do glaciar de que há registo, remontando à Idade do Bronze, poderá ser igualada ou mesmo excedida em 2050. Um desenvolvimento que ninguém deseja, mas acaba por acentuar o fascínio do maior glaciar alpino, que hoje se contempla como uma maravilha natural quase fatalmente ameaçada a desaparecer do mapa. Um cenário que já hoje se pode constatar no Glaciar do Rhône, onde nasce o rio homónimo que sulca toda a planície do Valais, até desaguar no lago de Genebra. Na cota dos 2000 metros os efeitos do aquecimento global são ostensivos: a compacta massa de gelo que atingia a aldeia de Gletsch, em 1850, recuou desde então 2,5 quilómetros e está agora 450 metros mais acima, dando lugar à formação de um lago que deverá atingir 1,6 quilómetros de comprimento, 600 metros de largura e 124m de profundidade em duas décadas ou menos.
Gelo e glamour
O Valais é um paraíso para os amantes de desportos de montanha, em particular do esqui, que se pratica um pouco por todo lado, acima do vale recortado pelo Rhône. A estância mais procurada é a de Verbier, um aglomerado de "chalets" e hotéis, que não pára de crescer desde o "boom" do esqui nos anos 60 e certamente não prima pela harmonia paisagística. A sua principal virtude é ser a principal base de acesso ao extraordinário domínio dos Quatro Vales, que integra nada menos de 400 quilómetros de pistas de esqui, mais 200 quilómetros de trilhos de caminhada, onde se pratica toda a espécie de desportos de Inverno, em categorias que vão da iniciação às acrobacias mais radicais, oferta complementada por um longo sortido de diversões "après-ski".
Igualmente famoso, mas bem mais selectiva, é a estância de Crans-Montana, uma sucessão de estabelecimentos hoteleiros e afins, que se alonga por dois quilómetros, ocupando todo o espaço que antes separava as duas aldeias. Crans foi primeiro colonizada pela nata dos esquiadores ingleses, Montana pela aristocracia de sanatório dos inícios do século XX. Hoje, a estância resultante da fusão continua a ser um recreio para uma elite de gente endinheirada, mais ou menos desportiva. É certo que há mais de 150 pistas de esqui disseminadas pelo planalto, 1500 metros acima do vale. Mas muito do "jet set" que não dispensa a temporada alta em Crans-Montana investe tanto ou mais no golfe, na restauração fina e sobretudo na carregada agenda de acontecimentos sociais. A sua mais séria rival no sector do esqui vip suíço é St. Maurice que, no entanto, acena com outros argumentos culturais. É função da sua longa história como bastião do cristianismo, que a dotou de um extraordinário corpo de fortificações e edifícios religiosos.
St. Maurice, Crans-Montana e Verbier podem ser nomes sonantes para os adeptos de desportos de montanha e para as revistas de sociedade, mas nada se compara a Zermatt. Em redor há excelentes pistas de esqui e um pacote inteiro de infra-estruturas desportivas de qualidade superlativa, mas o que torna a pequena aldeia imbatível é a vizinhança do extraordinário Matterhorn, dominando uma paisagem de 36 picos com mais de 4 mil metros de altitude. É um dos símbolos por excelência da Suíça, uma das montanhas mais imediatamente reconhecíveis do planeta inteiro, mesmo assim a contemplação do singular gigante, caprichosamente pontiagudo, é ainda e sempre fonte de admiração.
Um deslumbramento que, de resto, se diversifica consoante os ângulos, quando o Matterhorn pode ser apreciado desde as esplanadas de Zermatt à canoagem nos lagos a seus pés, passando pela escalada dos picos vizinhos. O próprio Matterhorn também se pode escalar, mas é um programa que custa uma fortuna, requer equipamento profissional e muita experiência.
Para além deste punhado de estâncias de neve, no entanto, o terceiro mais extenso cantão da Suíça é pouco povoado, rural ou simplesmente natureza selvagem, incluindo muitas paisagens de montanha que em nada ficam atrás das celebridades supracitadas. Um bom exemplo (entre muitos) é Derborence, um vale periférico ao Rhône, a nordeste da cidade de Sion, emoldurado pelo colossal circo das Diablerets, coroado por manchas glaciares. Desabamentos ocorridos em 1714 e 1749 mataram gente e animais, mas formaram um belíssimo lago o mais jovem lago alpino da Suíça -, enquadrado por florestas virgens. Cinquenta hectares de floresta foram vendidos por proprietários locais ao estado suíço, nos anos 50 do século passado, vindo a ser integrados numa reserva natural que hoje cobre 260 hectares.
A criação do parque natural coincidiu com a abertura da primeira e única estrada até ao vale de Diablerets, uma estreita língua de asfalto que serpenteia sempre à beira do precipício, na maior parte do percurso sem espaço para mais de uma viatura. Só está aberta de Maio a Novembro e, para além das vertigens e emoções fortes do traçado, dá acesso a uma rede de itinerários pedonais que sulcam floresta e montanha, eventualmente passando pelo lago. É uma paisagem esplêndida de pinheiros colossais, alguns dos quais com mais de 500 anos de idade, emoldurados por encostas atapetadas de flora alpina, barrancos agrestes e picos nevados, onde se pode avistar uma variedade de animais selvagens, incluindo cabras de montanha, veados, marmotas, víboras e águias-reais. Aos pés do lago há meia dúzia de "chalets" pluricentenários, reconvertidos em alojamentos para mochileiros. É um lugar isolado, mágico e selvagem, os Alpes suíços no seu máximo esplendor.
Verde aos degraus
O Valais constitui um território claramente estratificado. Os glaciares e os picos nevados nas alturas dão lugar a lagos, florestas e prados nos altos planaltos. São tradicionalmente povoados por vacas leiteiras, mas a verdade é que já quase ninguém as cria por estas paragens. As que se avistam nas alturas estão de férias, que é como quem diz, são transplantadas das planícies para aproveitar as pastagens durante os meses de Verão. Nos degraus inferiores, ou mais precisamente dos mil metros para baixo, encontram-se as manchas agrícolas, correspondendo a vinhedos (um pouco mais acima), hortas e pomares (um pouco mais abaixo).
À vinha é a cultura privilegiada, traduzindo-se em 5200 hectares de área plantada, recortada em 120 mil talhões por 23 mil produtores de vinho. O Valais é, na verdade, a principal região vitivinícola do país e um terço de todos os vinhos engarrafados na Suíça são originários deste cantão. Um investimento que faz todo o sentido, quando o Valais beneficia do maior número de dias de sol (2000 mil horas por ano) e do menor dias de chuva (média de 570 mm de precipitação ao ano) do país. As melhores vinhas estão nas províncias de Leuk e Sion, na margem direita do Rhône, ou seja, viradas a sul, e organizadas em terraços ou socalcos esculpidos em pedra calcária todo um conjunto de factores que se conjugam para favorecer a produção de vinhos de qualidade (sobretudo de brancos).
As vinhas e mais em geral a paisagem agrícola do Valais são marcadas pelas "bisses", canais de irrigação em tudo semelhantes às levadas da Madeira. São testemunhos de outra época em que o aproveitamento da água escorrendo dos glaciares era o único remédio para a secura reinante do vale. Há notícia da sua existência pelo menos desde o século XIII, atingindo uma extensão de 1800 quilómetros durante o pico da criação de gado, em meados do século XX. Depois vieram as barragens e o Valais tem algumas das mais altas do mundo, que constituem atracções singulares de pleno direito (Emosson, Mauvoisin, Dixence) , enquanto as "bisses" se tornavam obsoletas e eram votadas ao abandono. Hoje há umas quantas recuperadas para a agricultura, mas muitas mais têm sido restauradas para servirem de roteiros de caminhada, precisamente como na Madeira.
Os encantos do vale
Um denso pinheiral, bordejando a zona aluvial do Rhône, acaba de ser promovido a paisagem classificada. É o parque Pfyn-Finges, o primeiro parque natural cantonal, que tem o grande benefício de ser a única fatia do vale que se conserva em estado mais ou menos selvagem. Porque se nas alturas o Valais se mantém em estado bruto, já o vale traçado pelo Rhône é uma paisagem largamente humanizada. A estrada e linha de caminho-de-ferro principais seguem paralelas ao rio e é ao longo delas que se vão sucedendo os principais aglomerados urbanos. Há, porém, uma clara diferença entre o Baixo Valais, que é francófono e mais densamente povoado, nomeadamente na conurbação que agora formam as cidades de Sion e Sierre, e o Alto Valais, que fala alemão à moda suíça e é bastante menos desenvolvido.
À medida que se avança para oriente, a paisagem torna-se menos humanizada, sobretudo quando se descola do traçado do Rhône em direcção aos muitos vales satélite. É o caso por excelência do vale de Binn (Binntal em alemão), um pedaço da Suíça pitoresca que parece ter cristalizado algures no passado com o seu casório de "chalets" rústicos, ponte de pedra medieval e capela barroca contracenando com os prados floridos e as colinas forradas de coníferas. Sion, a capital francófona do cantão, é obviamente mais animada, mesmo se não se deixa de ser uma pacata cidade de província. Além do crescente protagonismo como centro vitivinícola, tem sabido atrair um número crescente de microempresas, sobretudo do sector químico, que inclusive dão emprego à população germanófila que habita o Alto Valais.
Já o turismo pesa pouco na economia de Sion, sobretudo funcionando como plano B quando o mau tempo obriga a fechar as pistas. A negligência é compreensível, mas bastante injusta, quando a capital do Valais é a cidade mais antiga da Suíça e oferece um notável centro histórico. Destacam-se os seus dois castelos, cada um deles empoleirado numa das colinas gémeas que coroam o vale. Um, o de Valore, é uma verdadeira aldeia amuralhada, construída em torno de uma austera igreja românico-gótica. A jóia principal do templo é o órgão em forma de popa de barco, o mais antigo (século XV) em funcionamento no mundo, mas os murais medievais, recriados no século XIX, são igualmente fascinantes. O outro castelo, o de Tourbillion, é uma ampla estrutura construída ao longo dos séculos XIII e XIV, na maior parte destruída durante um incêndio em 1788. Compensam, no entanto, as vistas lá de cima, onde se conjuga o anel de picos circundantes com o rendilhado das vinhas e das levadas, mais o traçado medieval da cidade a seus pés.
Vias "ferratas"
Escadaria para o céu
É de manhã cedo, ainda vamos a dormitar, quando a carrinha estaciona à beira de uma curva da estrada, que liga a cidade de Sion, no vale do Rhône, ao belveder de Nax, a 1300 metros de altitude. Somos seis e torna-se de imediato evidente que eu sou o único estreante. Enquanto um dos guias me ajusta o equipamento à volta da cintura um cinto de segurança Baudrier, munido de duas cordas em L e mosquetões na ponta, já os outros estão a dobrar uma parede vertical com uns bons 30 metros de altura.
Desta cota até ao miradouro, 220 metros mais acima, estende-se um cabo de aço, fixado à rocha por um colar de nós, complementado por degraus, escadarias e pontes. É a isto que se chama uma via ferrata (italiano para 'trilho de ferro'), e a de Nax apresenta-se como uma das mais fáceis das dez já implantadas no cantão do Valais. A técnica é simples, mas falta-me o treino, que requer ir abrindo e fechando os mosquetões à passagem dos nós do cabo de aço. Não tenho uma fita métrica comigo, mas estes nós estão colocados a distâncias que devem variar entre os dois e os cinco metros entre si, consoante as agruras do trilho. O que me acontece mais frequentemente é ultrapassar um dos nós, esquecendo-me de mudar os mosquetões, donde resulta ter de voltar atrás para libertar a cintura.
É mais um incómodo do que um obstáculo e às tantas fico quase eufórico com o à-vontade com que estou a escalar os Alpes. Até que olho para baixo e dou-me conta que estou a mil e tal metros de altitude e que por baixo dos meus pés, toscamente assentes na rocha, não há mais nada. Ou melhor, até há: uma rapariga que por cortesia ou inadvertência me deu a vez e, por isso passou a fechar o grupo. É claro que deve estar farta do meu ritmo de caracol, pelo menos de cada vez que olho para trás ela parece decidida a ultrapassar-me, o que será impossível, mas pelo menos tem o dom de me obrigar a avançar e sobretudo fazer esquecer onde estou.
São apenas 220 metros de desnível; no entanto, é quase meio quilómetro de distância, que demora perto de hora e meia a percorrer. Nem sempre há degraus, nem outra espécie de muletas, é obrigatório estar em boa forma e ter alguma resistência física. Mais complicado que progredir na vertical, contudo, é contornar rochedos salientes e caminhar sobre "pontes", que na realidade se resumem a cordas gingantes. Fica-se com a ideia que se avança com segurança, mesmo assim não deve ser agradável escorregar e acabar suspenso pela cintura sobre o abismo.
Pergunto ao meu guia o que acontece quando alguém dá uma queda ou tem um ataque de pânico. "Nada, ficamos à espera que se recomponha. Da última vez houve um tipo que 'bloqueou' na frente duma ponte. Tivemos de esperar meia hora". Tudo bem, mas isso também significa que o restante grupo agarrado à mesma corda se viu na contingência de aguardar esse tempo todo ali preso nas alturas. O reverso da medalha, claro, é a adrenalina e todo o sortido dos prazeres da escalada que, graças às vias "ferratas", passaram a ser acessíveis aos leigos. É uma tentação, sobretudo em cenários tão maravilhosos quanto as montanhas do Valais.
Da guerra ao desporto
A moda é recente, as vias "ferratas" não. As primeiras de que há notícia começaram a ser construídas na ponta meridional da Glossglockner, a montanha mais alta da Áustria (3797m), em finais do século XIX. Depois ganharam celebridade na Primeira Grande Guerra, quando passaram a rendilhar as montanhas Dolomitas. Esta cadeia montanhosa, na ponta nordeste de Itália, foi cenário de alguns dos mais ferozes combates que opuseram tropas austríacas e italianas entre 1916 e 18. O controlo dos picos impôs-se como uma prioridade para os dois exércitos, o que por sua vez ditou a instalação de uma extensa rede de vias fixas nas alturas da cadeia.
Desde o fim do conflito as vias "ferratas" das Dolomitas passaram a ser adoptadas por guias locais, para conduzirem turistas a enclaves de outro modo inacessíveis ou quase. Mais recentemente, toda a rede italiana foi modernizada e ampliada, de modo a seduzir a crescente clientela dos desportos radicais. A operação revelou-se tão lucrativa que não demorou a ser duplicada noutras latitudes dos Alpes e um pouco por todo lado onde se praticam desportos de montanha. Chegou inclusive aos espaços fechados, como o centro comercial de Singapura, que dispõe de uma via "ferrata" com uma altura de oito andares.
As vias "ferratas" só surgiram nos Alpes Suíços nos anos 90. Mas estão a multiplicar-se em grande ritmo, prevendo-se que das actuais 40 em uso no país se passe em breve para a casa da centena. A justificação é simples: as vias "ferratas" permitem aos não alpinistas também chamados de aventureiros de fim-desemana chegar onde chegam os alpinistas, sem o treino e a experiência, mas com tanta ou mais segurança. O que poucos destes aventureiros amadores sabem, ou querem saber, é que as vias "ferratas" podem ser mais traiçoeiras e produzirem danos físicos maiores que o alpinismo clássico. O emprego de um cabo fixo de aço permite que o comprimento das cordas seja maior que na escalada tradicional, de tal forma que na eventualidade de uma queda esta pode ser mais violenta, sobretudo se houver choque com os adereços metálicos do trilho.
Uma vez que o risco não é levado muito a sério, as vias "ferratas" continuam em franca expansão nos Alpes e noutros destinos de montanha. É certamente uma boa notícia para o sector turístico, mas não para os alpinistas, nem para os amigos do ambiente. Os alpinistas acusam a invasão de espaços que antes eram só deles e, nomeadamente em Inglaterra, estão em guerra aberta com os amadores, reivindicando que lhes sejam vedados os santuários de montanha. Verdade seja dita, enquanto o alpinismo se guia pela ética do "Tira só fotos, deixa apenas pegadas", as vias "ferratas" decoram as montanhas de artefactos metálicos e inestéticos. A sua popularidade está certamente a pressionar a tranquilidade da vida selvagem nas alturas. Haverá, portanto, que travar a multiplicação gratuita e promover a integração sustentável das vias "ferratas" nos respectivos ecossistemas. Porque elas são, de facto, um passaporte perfeito para tornar os encantos da montanha acessíveis a quase todos.
(A única ferrata já instalada em Portugal encontra-se no Parque Aventura de Póvoa do Lanhoso.)
Como ir
Há comboios frequentes entre Sion-Sierre e Basileia, Berna, aeroporto de Genebra, Lausana e aeroporto de Zurique, bem como ligações ferroviárias directas com cidades estrangeiras como Bruxelas, Paris e Milão. Mais informações pelo telefone + 41 (0) 900300300, ou no site www.rail.ch. Sion tem também um pequeno aeroporto, sobretudo usado por charters e voos privados.
Onde ficar
As grandes estâncias de neve dispõem de hotéis para todos os gostos e bolsas, mas quem escolhe o Valais sobretudo pelos postais de natureza e paraísos rurais tem também muito por onde escolher. Ficam algumas sugestões.
Eggishorn
Fiesch-Fiescheralp
Tel. : + 41 (0) 279711444
http://www.hotel-eggishorn.ch/
Na ponta do planalto, a meio caminho do maior glaciar dos Alpes. Vistas prodigiosas, quartos rústicos. Duplos desde 42€, camas desde 23€.
Gîte de Lodze
Maduc, Sion
Tel.: + 41 (0)795075609
http://www.gitedelodze.ch/
A meio da montanha, ali onde não há mais nada entre Sion e Derborence. São precisas duas horas de caminhada para lá chegar, só abre de Junho a Setembro. 35€ por adulto com meia pensão.
Ofenhorn
Binn
Tel.: + 41 (0) 279714545
http://www.ofenhorn.ch/
Há 125 anos que este hotel domina a fotogénica aldeia de montanha, servindo de alojamento a amantes da natureza, incluindo muitos hóspedes célebres. 60€ por pessoa em quarto duplo.
Onde comer
Zermatt conserva a dimensão de uma aldeia, mas tem mais de uma centena de restaurantes, desde pizzarias baratas a santuários gastronómicos. De resto, todo o cantão é uma experiência gastronómica, onde mais cedo ou mais tarde se acaba por provar queijo fundido (mínimo de cinco pratos) e vinhos locais (os brancos são mais fi áveis). Uma excelente morada para saborear a gastronomia regional é Les Mazots du Clos du Château (tel.: + 41 (0) 796286170), em pleno domínio vinhateiro da Bonvin (3km a norte de Sion). A cozinha é das irmãs gémeas Rose Marie e Marie Rose que, apesar de estarem já nos 53 anos, continuam a ser impossíveis de distinguir.