Fugas - Viagens

  • São só 583 degraus.
    São só 583 degraus. Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  •  O templo projectado por Carlos Amarante foi concluído em 1811.
    O templo projectado por Carlos Amarante foi concluído em 1811. Nelson Garrido
  •  O templo projectado por Carlos Amarante foi concluído em 1811.
    O templo projectado por Carlos Amarante foi concluído em 1811. Nelson Garrido
  • Hotel Elevador
    Hotel Elevador Nelson Garrido
  • O primeiro funicular da península ibérica.
    O primeiro funicular da península ibérica. Nelson Garrido
  • É o funicular mais antigo do mundo em funcionamento.
    É o funicular mais antigo do mundo em funcionamento. Nelson Garrido
  • O elevador foi inaugurado em 1882.
    O elevador foi inaugurado em 1882. Nelson Garrido
  •  Para além do património, o Bom Jesus também se afirmou pelo seu lago, bosque e complexo de grutas.
    Para além do património, o Bom Jesus também se afirmou pelo seu lago, bosque e complexo de grutas. Nelson Garrido
  • Uma das mais impactantes imagens que perduram na memória dos visitantes.
    Uma das mais impactantes imagens que perduram na memória dos visitantes. Nelson Garrido

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Bom Jesus, uma tela barroca sobre a paisagem verde

Outra particularidade que transforma o Bom Jesus num caso único no país - nota José Carlos Peixoto -, é também a sua Via-Sacra prolongar-se por mais cinco capelas-estações dedicadas ao tempo da Ressurreição, num percurso que termina no Pátio dos Evangelistas, com a cena do Encontro de Emaús (estas capelas, quadradas, estão actualmente fechadas e em vias de ser restauradas).

O templo, como já referimos, é o projecto mais famoso de Carlos Amarante, o arquitecto bracarense que deixou obra notável na sua cidade (é o autor da fachada da Igreja do Pópulo e da Igreja do Hospital de São Marcos), mas também no Porto (Ponte das Barcas, Reitoria e Igreja da Trindade). Construída entre 1784 e 1811, a igreja denota o período de transição do barroco para o neoclássico. Interessante, no seu interior, é de novo a replicação, no altar-mor, de uma cena da Paixão, e ainda os seus altares laterais decorados com telas (pintadas pelo mestre Pedro Alexandrino) em vez das habituais esculturas.

Mas uma visita ao Bom Jesus só fica verdadeiramente completa com a extensão do passeio monte acima, para desfrutar da vertente, digamos, secular deste sítio, que, desde meados do século XIX, se afirmou também como uma estância de vilegiatura. Tendo muita água, mas não sendo uma estância termal, o Bom Jesus foi sendo também procurado pelos seus ares considerados saudáveis e curativos. Membros da família real (desde D. João VI, cujas armas estão representadas na fachada da igreja, até D. Manuel II) e da aristocracia nortenha, ao lado de figuras como Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão (que escreveram sobre o lugar), foram frequentadores do sítio, que, em simultâneo com o património arquitectónico e religioso, se afirmou pelo seu lago, bosque e complexo de grutas, a primeira das quais foi desenhada pelo arquitecto Ernesto Korrodi, no início do século XX.

A vertente mais turística está actualmente a ser também valorizada pela Confraria do Bom Jesus, que, desde há dois anos, aí vem executando obras de reabilitação também do espaço envolvente e dos edifícios civis (como os hotéis - ver caixa), com o melhoramento do piso, a criação de estacionamento e a reflorestação do parque de 50 hectares "com a plantação maciça de carvalhos e uma grande preocupação com o equilíbrio ambiental", nota João Varanda.

O primeiro funicular da Península, um elevador histórico e ecológico

O elevador do Bom Jesus do Monte é não apenas um ex-líbris de Braga, mas também da engenharia em Portugal relativa a este género de transportes públicos. Inaugurado em 1882, foi o primeiro funicular a ser construído na Península Ibérica e é actualmente o mais antigo no mundo que continua a funcionar pelo ecológico sistema de contrapeso de água. É certo que o seu inventor foi um engenheiro suíço, Nikolaus Riggenbach (1817-1899), que exportou para Braga o mecanismo que antes tinha testado no seu país, em Giessbach (1879). Mas a instalação do elevador foi dirigida no local pelo engenheiro português de origem francesa Raoul Mesnier du Ponsard (1849-1914), que depois haveria de surgir associado a equipamentos idênticos um pouco por todo país, do Porto (Guindais) à Nazaré, do Funchal a Lisboa (Santa Justa, Glória, Bica e Lavra...).

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