Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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O futuro é o presente do Dubai

Não é ficção científica, o Burj Khalifa, é o maior arranha-céus do mundo, bem no centro da chamada Dowtown Dubai, ainda em construção. É difícil vislumbrar o topo do edifício espelhado, que se vai estreitando, passa por vários terraços, até se extinguir numa espécie de agulha gigantesca. Muitos recordes ali se condensam: por exemplo, é o edifício com mais andares (163), acolhe o restaurante (no 122.º andar) e a discoteca (no 144.º andar) mais altos do mundo e tem o deck de observação ao ar livre mais alto também (no 124.º andar, a 452 metros).

Cá em baixo, rés-do-chão desta terra plana, não faltam distracções. A começar pelo verdadeiro templo do consumo que é o Dubai Mall, o maior do mundo, claro, labirinto interminável. Não lhe percorremos exaustivamente as entranhas, confessamos, vimos  o aquário (recorde aqui: o maior painel de acrílico do mundo), cujas montras são aquários gigantescos e o azul-turquesa sacudido pelos peixes hipnotiza de vários ângulos; passamos um turbilhão colorido de fantasia doce chamado "Candylicious", que, soubemos depois, é a maior do mundo; e perdemo-nos várias vezes, sem encontrar a livraria normalmente apontada como a maior do mundo.

A noite já se pôs quando desembocamos na Dubai Fountain, a grande ágora nas traseiras do Burj Khalifa que se ergue iluminado e se vai dissolvendo na névoa que começa a surgir no topo. São milhares de pessoas as que por ali deambulam, tiram fotos, se sentam nas margens da fonte que tem o tamanho de dois campos de futebol e desaparece entre edifícios que lhe tocam as margens. Do lado de lá, atravessada a ponte tradicional, novo souk, Al Bahar, que é novamente um centro comercial, desta feita com inspiração árabe. Contudo, a esta hora, a concentração tem outros objectivos que não as compras: o espectáculo de água, luz e música que todos os inícios de noite explode atrai todos os olhares, que se perdem seguindo a elaborada coreografia que saltita na água e escapa para o céu ao ritmo de sons árabes.

Estamos longe das influências orientais clássicas quando percorremos a marina do Dubai, arrancada do deserto como uma laguna, que se estreita e alarga bamboleando entre arranha-céus, onde se misturam residências, muitos cafés e restaurantes nas imensas esplanadas que a ladeiam, e lojas. É um cenário futurístico, mas sem a aura asséptica das grandes avenidas: podemos imaginar uma pequena cidade do futuro assim.

Pequena cidade é também uma das maravilhas da engenharia em que o Dubai é pródigo que se espraia nas redondezas. Palm Jumeirah é a ilha-palmeira-prodígio quando vista do ar; quando estamos nela o sortilégio desvanece. A via rápida que lhe atravessa o "tronco" é uma sucessão de prédios cor de terra que depois se transformam em vivendas, os "ramos" que daí saem dão para ruas ladeadas de casas que não deixam ver a praia porque a praia é delas e, pode ser mau timing, há um cheiro nauseabundo que revela os problemas enfrentados na manutenção da estrutura artificial. A língua de terra que a cerca é coroada pelo Hotel Atlantis - kitsch inexcedível para o maior hotel do Médio Oriente, arquitectura oriental e mar até perder de vista em frente - mas são as suas extremidades que valem a pena. Não pela ilha, nem sequer pelos vários resorts de luxo com que nos cruzamos, mas pelo imponente waterfront do Dubai, tão perto e tão longe, na medida perfeita para o abarcar nas suas declinações e desfazer-lhe os vultos em formas concretas.

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