Luísa e Filipe dizem que tudo o que esperavam proporcionar à Pikitim com esta viagem foi alcançado. "Ela ainda é muito pequena e não sabemos o que irá ficar desta experiência, mas acho que cresceu muito, amadureceu imenso. Tinha estímulos novos diariamente e surpreendeu-nos um pouco a enorme curiosidade dela, a capacidade de aprendizagem sobre coisas que lhe interessam, como o inglês, e a capacidade de se desenrascar", diz o pai.
Filipe diz que ele e Luísa ficaram "boquiabertos, uma ou duas vezes" com a desenvoltura da filha - que foi crescendo, ao longo da viagem, deixando para trás a Pikitim muito tímida do momento da partida. Um exemplo: o alojamento onde ficaram nas ilhas Fiji era composto por vários bungalows, com a zona de dormir numa área e a cozinha e espaços comuns a alguma distância. Como ficaram lá dez dias, a Pikitim já se movimentava sozinha entre os diferentes espaços, mas um dia perdeu-se. Uma senhora, vendo-a com ar perdido, perguntou-lhe, em inglês, o que se passava, e a Pikitim não se inibiu. Apontou para um lado e indicou "mama no there", depois apontou para o outro e indicou "father no there". As frases, associadas ao seu rosto de "e agora?" levaram a senhora a acompanhá-la até encontrar os pais, que estavam na cozinha.
Isto foi o que Luísa e Filipe descobriram sobre a filha, mas cada um deles também descobriu algo sobre si próprio. Filipe teve de se adaptar a ter sempre a família consigo - ele que está habituado a fazer as suas viagens de trabalho sozinho. Luísa, que é doida por mar e visitou muitos sítios paradisíacos nesta viagem, dá por si mais encantada com as paisagens avassaladoras da Nova Zelândia ou dos parques naturais dos Estados Unidos do que com o azul do Pacífico. "Afinal, sou mais de árvores e montanhas do que de praias. A gente também se descobre", diz.
Agora, no regresso a casa, o casal lamenta o estado de "depressão colectiva" em que encontrou o país. "Está tudo na mesma mas para pior", diz Luísa. Em Filipe sente-se a revolta, que o deixa mais aberto à possibilidade de partir outra vez (de que Luísa nem quer ouvir falar, para já). "Não me apetece trabalhar para pagar parcerias público-privadas", diz Filipe.
No imediato, hoje, amanhã e nos próximos dias, a vida da família vai passar mesmo por casa. Quanto mais não seja porque ainda há aventuras por contar da Pikitim - viagens que a revista Fugas acompanhou desde o início e que continuará a publicar. Como o Diário da Pikitim só começou a ser publicado algumas semanas depois de a família ter partido, também aqui há "acertos de calendário" para fazer. Na Fugas, a Pikitim ainda não deixou os Estados Unidos. Na vida real, a escola é, por estes dias, o único destino pelo qual a menina anseia.
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