Fugas - Viagens

  • Uma das imagens de marca da Bahia: a igreja do Senhor do Bonfim
    Uma das imagens de marca da Bahia: a igreja do Senhor do Bonfim Enric Vives-Rubio
  • As fitas do Senhor do Bonfim cobrem os gradeamentos em torno da igreja
    As fitas do Senhor do Bonfim cobrem os gradeamentos em torno da igreja Enric Vives-Rubio
  • Mal nos aproximamos da igreja, há logo alguém que nos tenta pôr uma fita da promessa no pulso
    Mal nos aproximamos da igreja, há logo alguém que nos tenta pôr uma fita da promessa no pulso Enric Vives-Rubio
  • Os devotos na igreja do Bonfim
    Os devotos na igreja do Bonfim Enric Vives-Rubio
  • A igreja do Bonfim tem uma zona recheada de ex-votos e promessas
    A igreja do Bonfim tem uma zona recheada de ex-votos e promessas Enric Vives-Rubio
  • O bairro do Pelourinho, o centro histórico de Salvador
    O bairro do Pelourinho, o centro histórico de Salvador Enric Vives-Rubio
  • A zona do Pelourinho é Património da Humanidade para a Unesco
    A zona do Pelourinho é Património da Humanidade para a Unesco Enric Vives-Rubio
  • O farol na praia de Itapoã, junto à casa de Vinicius de Moraes
    O farol na praia de Itapoã, junto à casa de Vinicius de Moraes Enric Vives-Rubio
  • A vista da Casa da Torre de Garcia D'Ávila, a edificação portuguesa mais antiga ainda de pé no Brasil
    A vista da Casa da Torre de Garcia D'Ávila, a edificação portuguesa mais antiga ainda de pé no Brasil Enric Vives-Rubio
  • Uma figueira-brava centenária, ou gambeira, junto à Casa da Torre
    Uma figueira-brava centenária, ou gambeira, junto à Casa da Torre Enric Vives-Rubio
  • Debaixo da gambeira realizam-se casamentos e festas
    Debaixo da gambeira realizam-se casamentos e festas Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • A Casa da Torre de Garcia D'Ávila
    A Casa da Torre de Garcia D'Ávila Enric Vives-Rubio
  • Uma nascente na Reserva da Sapiranga, a 50 kms de Salvador
    Uma nascente na Reserva da Sapiranga, a 50 kms de Salvador Enric Vives-Rubio
  • Reserva da Sapiranga
    Reserva da Sapiranga Enric Vives-Rubio
  • A víbora asiática chamada Tapioca, resgatada pela reserva
    A víbora asiática chamada Tapioca, resgatada pela reserva Enric Vives-Rubio
  • Centro Educativo da Reserva da Sapiranga
    Centro Educativo da Reserva da Sapiranga Enric Vives-Rubio
  • Esqueleto de tartaruga exposto no Centro de Visitantes do Projecto Tamar
    Esqueleto de tartaruga exposto no Centro de Visitantes do Projecto Tamar Enric Vives-Rubio
  • Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte
    Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte
    Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • Um tubarão no Centro de Visitantes do Projecto Tamar
    Um tubarão no Centro de Visitantes do Projecto Tamar Enric Vives-Rubio
  • Uma das tartarugas do Centro de Visitantes do Projecto Tamar
    Uma das tartarugas do Centro de Visitantes do Projecto Tamar Enric Vives-Rubio
  • Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte
    Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte
    Centro de Visitantes do Projecto Tamar, na Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • O antigo porto da vila da Praia do Forte
    O antigo porto da vila da Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • No porto da Praia do Forte, onde também se recupera após um mergulho ou ida à pesca
    No porto da Praia do Forte, onde também se recupera após um mergulho ou ida à pesca Enric Vives-Rubio
  • Porto da Praia do Forte
    Porto da Praia do Forte Enric Vives-Rubio
  • A vila da Praia do Forte está reurbanizada, mas por trás da rua principal, a vida continua como dantes
    A vila da Praia do Forte está reurbanizada, mas por trás da rua principal, a vida continua como dantes Enric Vives-Rubio
  • Ricardo e os amigos no ferry boat que liga Itaparica a Salvador
    Ricardo e os amigos no ferry boat que liga Itaparica a Salvador Enric Vives-Rubio
  • A vila de Itaparica, um dos calmos centros populacionais da ilha
    A vila de Itaparica, um dos calmos centros populacionais da ilha Enric Vives-Rubio
  • Itaparica é a terra natal e cenário de alguns dos mais importantes livros de João Ubaldo Ribeiro
    Itaparica é a terra natal e cenário de alguns dos mais importantes livros de João Ubaldo Ribeiro Enric Vives-Rubio
  • A praia da vila de Itaparica
    A praia da vila de Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Vista da lagoa do Club Med Itaparica
    Vista da lagoa do Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • O coqueiral do Club Med Itaparica
    O coqueiral do Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Um dos quartos Club Superior do Club Med Itaparica
    Um dos quartos Club Superior do Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Club Med Itaparica
    Club Med Itaparica Enric Vives-Rubio
  • Praia quatro do Morro de São Paulo
    Praia quatro do Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • O deleite no Morro de São Paulo
    O deleite no Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Uma das praias iniciais do Morro de São Paulo
    Uma das praias iniciais do Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • Morro de São Paulo
    Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Os taxistas do Morro de São Paulo
    Os taxistas do Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Igreja do Morro de São Paulo
    Igreja do Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio
  • As crianças a caminho de casa no Morro de São Paulo
    As crianças a caminho de casa no Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • O guia João Carlos depois de um dia no Morro de São Paulo
    O guia João Carlos depois de um dia no Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • No Brasil joga-se à bola - aqui, no Morro de São Paulo seja
    No Brasil joga-se à bola - aqui, no Morro de São Paulo seja Enric Vives-Rubio
  • O cais à saída do Morro de São Paulo
    O cais à saída do Morro de São Paulo Enric Vives-Rubio
  • Fim de dia e fim da viagem na Bahia
    Fim de dia e fim da viagem na Bahia Enric Vives-Rubio

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O Brasil na Bahia, tropical ilustrado

Inferno com amor

Vínhamos de uma visita relâmpago a Salvador, metrópole buliçosa, e desaguámos em Itaparica, uma ilha que parece, sonolenta, ter soçobrado perante a presença eterna do calor. E não há nada de errado com esta imagem: uma espreguiçadeira mergulhada no mar tépido, o rumor dos coqueiros a crepitar ao ritmo da brisa. Mas quando levantamos os olhos, depois da barreira de rocha e coral, parte dos Recifes das Pinaúnas, surge a silhueta de uma cidade. Podia ser Chicago ou Nova Iorque. Arranha-céus em vez de pelourinhos, baianas e fitas do Bonfim? O imprevisto desorganiza o arranjo de um dia, como já disse o escritor Rentes de Carvalho, mas há desarranjos que vêm por bem, porque ali está Salvador como o contraponto moderno a esta ilha dentro de uma ilha, a esta aldeia com vista de tropical ilustrado em que os burros nos entregam as roupas de cama e as iguanas nos pedem flores para petiscar.

Em pleno Club Med, pensa-se assim na viagem ao conhecido centro histórico de Salvador, o bairro do Pelourinho feito de casas de bonecas à portuguesa em torno da praça onde se açoitavam os escravos, temperado pelo cheiro do acarajé. As mulheres que só se vestem de baiana para fritar e vender esses pastéis de feijão e inevitável óleo de dendém nas praças policiadas, os turistas e a varanda onde se pode tirar uma fotografia com um Michael Jackson cartonado, tudo isto é Salvador e tudo isto está rodeado pelo Brasil. Pelas pessoas, pelo trânsito, pela dificuldade, pelos edifícios descarnados e que estão para lá da orla do bairro histórico classificado pela UNESCO. Mais junto ao mar, raparigas e rapazes namoram na Barra, berço do tropicalismo, ou saem à noite em Rio Vermelho, um bairro de esplanadas, cerveja, churrasco e “balada”. Lá em cima, na igreja basílica do senhor do Bonfim, devotos choram de braços abertos ajoelhados frente ao altar; por seu lado, os turistas fotografam tudo enquanto são enrolados nas coloridas fitas que há duas décadas se massificaram como uma das imagens da Bahia.

Essas fitas estão por todo o lado. Nos pulsos, mas também nos brindes e puxadores dos roupeiros dos hotéis — como no Club Med Itaparica —, nos espelhos dos carros, nos porta-chaves e, claro, não fosse Brasil e um Verão sem fim nesta zona perto do Equador, pendurados nos biquínis. É a lembrança que enfeita as grades das janelas e da cerca do santuário do Bonfim, onde a vista é ampla. Mas Itaparica está longe da cidade do Carnaval, da capoeira e do candomblé. Para Ricardo, naquele barco ruidoso cheio de brasilidade, Salvador, o centro espiritual do Brasil e a sua primeira cidade colonial, “é um inferno”. Bem enfatizado em cada sílaba, cada uma entregue ao trânsito, às multidões dos cerca de 2,8 milhões de habitantes, a que se juntam, em todo o estado, 11 milhões de turistas — dos quais só 558 mil são estrangeiros (números de 2011, do Turismo da Bahia). Mas é o seu inferno, a sua cidade natal. A ênfase no “inferrrrrno” tem, como no Samba da Benção, de Vinicius de Moraes, um pouco de amor na cadência. “Baiano orgulhoso, sempre. Adoro meu estado, minha cidade, não sairia daqui por nada. Baiano gosta de curtir a vida”, repete.

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