De repente fez-me mais sentido que a flor de lótus seja o símbolo de Macau. A alienação talvez seja a mesma que o jogo convoca. E ambos, de certa maneira, exilam a pessoa de si própria, a fecham na sua adição. Como é que encontram, depois, o caminho para casa?
Desci para o pequeno-almoço às oito da manhã. Era dia de Ano Novo, decidi comer catorze lichias (prefiro lichias a passas). Eram pequenas e rosadas. Em Portugal era meia-noite e estava a começar o Ano Novo. O meu 2014, apesar do quatro, será um ano bom. Terá mais oito horas e catorze lichias. Bom jogo à partida.
Guia prático
Como ir
Há várias companhias que fazem Portugal-Macau ou Portugal-Hong Kong. Se optar por esta possibilidade, é importante saber que pode apanhar o ferry que liga Hong Kong a Macau directamente no aeroporto. É mais ou menos uma hora, num mar calmíssimo; servem uma refeição incomestível, mas a embalagem é engraçada.
A Emirates Airlines está a transformar o Dubai numa central importantíssima para ligar as duas partes do mundo. Às cinco da manhã tem um tráfego de estação de comboios em hora de ponta, mas luxuoso e eficiente. Os voos têm preços muito concorrenciais e os aviões são confortáveis; mas o melhor é o serviço. Simpatia profissional de nota máxima.
O voo está entre as 17 e as 18 horas, qualquer que seja a escala e companhia. Como em Macau são mais oito horas, o jet-lag não é um problema menor. Leve comprimidos para dormir (e não se vicie!). Valem a pena. Senão, os primeiros dias são dias perdidos em termos de energia.
Informações
A comida e o táxi têm preços razoáveis, talvez um pouco inferiores aos de Portugal. Mas o espaço é um bem precioso, e o preço dos apartamentos ou dos hotéis é fogo.
Para circular, é indispensável ter um cartão com a morada do sítio onde fica hospedado em cantonês. A maior parte dos taxistas não fala inglês nem faz um esforço para entender o cliente. Na verdade, só em hotéis ou restaurantes voltados para turistas falam inglês.
Todas as ruas, mas todas, têm uma inscrição em português e em mandarim. O mesmo com os estabelecimentos comerciais. A presença portuguesa é visível sobretudo aí. Há um restaurante Vela Latina..., mas serve comida asiática.
O roubo não é um problema sério (exceptuando carteiristas em zonas apinhadas). O crime está ligado, normalmente, a dívidas de jogo.
Em Macau usa-se a pataca, em Hong Kong o Hong Kong dólar e na China renmimbis. Se levantar dinheiro na máquina, a comissão é absurda! Atenção a isso.
O que comprar
Pérolas lindas e caras, a dois passos do Leal Senado (um colar pode custar mil euros). Não se pode dizer, mas toda a gente compra carteiras e relógios falsos (em especial na vizinha Zhuhai, na China; nesse caso, precisa de visto. Para ir a Hong Kong, não é preciso visto.) Há imitações para todos os gostos e bolsas; quando são cópias perfeitas, custam cerca de 10% do valor da peça em loja.