Fugas - Viagens

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Continuação: página 2 de 8

Sete dias na vida dos intha, os astuciosos filhos do lago

E, de repente, travei, impressionado por aquele colorido, como se a Primavera acabasse de despontar; o meu olhar curioso, fixado num ponto, despertou a curiosidade alheia e, ainda respirando com dificuldade, após o esforço despendido, senti a mão de um estranho agarrando o meu braço direito, mão tão amigável com os sons, conduzindo os meus passos para uma das mesas do restaurante onde fui literalmente obrigado a servir-me de chamuças, de chá e de cigarros que enfeitavam as mesas dispostas sem obedecer a qualquer ordem.

- Eles fazem questão, aceite por favor, para não os desiludir. É uma família pobre mas extremamente educada e muito querida no nosso bairro.

Pu Sue Sue, também ela uma “filha do lago”, falando fluentemente inglês e contrariando a tendência naquele espaço acolhedor, faz as apresentações.

- Este é Mg Kyi Soe.

O noivo estende-me a mão e, ao mesmo tempo, numa demonstração de respeito, baixa a cabeça.

- Esta é Ma Phyu Win.

A noiva, ainda mais tímida, sorri com os olhos e estreita-me a mão.

Trocam, entre eles, palavras que não entendo mas percebo que perguntam algo a Pu Sue Sue. Ela, com a sua tez escura, esboça um sorriso, olha uma vez na minha direcção e, depois, volta a pousar o olhar no casal.

- Mg Kyi Soe diz que se sente imensamente orgulhoso por tê-lo entre os convidados e pede-me para lhe perguntar se não se importa de tirar uma fotografia com eles.

Um homem de estatura baixa, com um chapéu de palha enterrado na cabeça, estende-me um prato com mais chamuças e sinto, perante aquele olhar tão impregnado de simplicidade, que não posso recusar.

- Importa-se? – questiona, de novo, Pu Sue Sue.

Encaminho-me para um palco coberto com tapetes, antecedido, numa posição central, por um ramo de flores viçosas onde sobressaem algumas rosas vermelhas. Em fundo, um pano avermelhado encimado por uma tarja amarela e com alguns caracteres onde – explica-me depois Pu Sue Sue – se podem ler os nomes de Mg Kyi Soe e Ma Phyu Win que, eternamente envolvidos por uma aura de timidez, como se aquela não fosse a festa deles mas de todos os outros que cirandam à sua volta, se sentam num cadeirão protegido por um cobertor que, com as suas cores avermelhadas, alaranjadas e acastanhadas, personifica, naquele momento de comunhão, um elemento decorativo e não de conforto, a sua função básica.

Mg Kyi Soe veste uma camisa sem colarinhos imaculadamente branca, com uma rosa na lapela, e um longyi de minúsculos quadrados brancos e rosados que lhe cobre parcialmente os pés; de rosa traja também Ma Phyu Win, um longo vestido da cor dos chinelos semi-escondidos, transparente na parte superior e onde, à esquerda, no ombro, desponta uma espécie de laço; num dos braços, um relógio; no outro, o direito, uma pulseira de prata, combinando com o colar ao pescoço e os brincos.

- Este é Win Haing, o irmão mais velho de Mg Kyi Soe.

E ele, sem palavras e todos os sorrisos, serve-me mais chá.

Os recém-casados saem para a rua, os tinidos festivos ressoam no ar, à saída do restaurante há uma mesa com todos os presentes dos convidados. As mulheres saúdam a noiva efusivamente e incitam-na a juntar-se às brincadeiras tão pueris, procurando apartá-la de Mg Kyi Soe; mas ela mantém aquele semblante envergonhado e eu sinto, por breves instantes, que retiro protagonismo aos noivos, um sentimento que logo se dispersa quando escuto, uma vez mais, as palavras de Pu Sue Sue:

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