Fugas - Viagens

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E Nova Iorque criou o Natal

Chegar pela primeira vez a Nova Iorque em tempo de Natal é sempre uma experiência de contraste e de confronto. Entre a mediatização da cidade pela música, pelo cinema, pela televisão, fotografia, literatura e, finalmente o olhar filtrado apenas — como se fosse pouco — por todas as memórias que serviram para alimentar esse imaginário. Já se viu tudo, mas não se sentiu o cheiro a tarte de maçã e canela, misturado com a baunilha e cravinho que junta em bebidas quentes, ou o sabor a eggnog — bebida de leite, ovo, açúcar e noz-moscada, servida tradicionalmente nesta época. Ou o odor a pinho das centenas de árvores à venda à porta de supermercados, em passeios, mercados de rua, um negócio que desafia regras e que no início do século, noticiava o New York Times, era responsável pelo abate de cinco milhões de árvores. Só a cidade de Nova Iorque. Hoje há quintas a produzir durante um ano pinheiros que são vendidos entre os 40 e os 400 dólares, dependendo do tamanho, qualidade e do bairro onde são comercializados. Não se sentiu também a vertigem de não saber para onde olhar primeiro ou por onde começar a caminhada interminável pela oferta de Natal na cidade.

Não faltam guias. Estão sob consulta na Internet e servem todos os gostos e muitas carteiras. A iluminação, os espectáculos, as montras, os hotéis e restaurantes, as lojas. Pode comprar um dos pacotes ou construir outro, mais pessoal, partindo de umas poucas certezas. É Inverno. Se tudo correr bem, está frio, pode nevar e há forte possibilidade de o céu estar azul. Uma caminhada de sul para norte, à beira do Hudson, garante cara gelada e uma perspectiva luminosa da outra margem, do outro estado, e, quase certo, a salvo de bandos ruidosos de turistas. Com sorte, as botas na neve são o som mais audível desse passeio. Passado Tribecca, vire para Este, junto ao Whitney Museum, e entre por Meatpacking District, actualmente um dos bairros com uma das mais interessantes — e também inflacionadas — ofertas de comércio, restaurantes, bares, galerias de arte de Nova Iorque.

Seguindo o High-line — uma linha de caminho-de-ferro abandonada e transformada num jardim público suspenso —, siga até ao mercado de Chelsea. São poucos quarteirões. Aqueça-se com um café quente. E perca-se. É um mercado fixo. Comida, roupa, livros, acessórios e tempo para conversar e repor a temperatura. Pela cidade, há nesta altura outros mercados temporários que imitam a tradição de mercados de cidades do centro da Europa. Os mais famosos são os do Bryant Park e de Union Square, mas no Soho, no Village, em Brooklyn e Astoria há pequenas vendas de rua com produtos a rivalizar em preço e originalidade com as lojas tradicionais.

O conselho é seguir o impulso depois de vistos os “obrigatórios”. Andar pela cidade e entrar em galerias, livrarias, em pequenos cafés ou pubs, aquecer-se com uma bebida e ouvir jazz num speakeasy no Village ou no Harlem, experimentar um dos muitos restaurantes que servem, literalmente, a cozinha de todo o mundo — e olhar para os preços acrescentando ao valor entre 18 a 20% de gratificação, mais os 8% de imposto que o Estado cobra. Uma alternativa económica são os foodtrucks, com comida cada vez mais variada, de boa qualidade e capaz de satisfazer todo o tipo de dietas. À noite não são tão fáceis de encontrar, mas há mapas a assinalar horários e locais de paragem.

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