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Trás-os-Montes: coração de pedra, alma líquida e sonhos de ouro

Por Andreia Marques Pereira

Algo está a mexer neste canto de Trás-os-Montes. E não foi a descoberta de ouro, que esse faz parte da história de Vila Pouca de Aguiar há milénios. Entre natureza suave e agreste, recuperam-se velhas glórias, transformam-se conceitos, criam-se ideias e busca-se turismo sustentável. Em Pedras Salgadas, para além de Pedras Salgadas.

Há uma lareira de xisto contra uma parede de xisto com fumeiro pendurado — e alheiras a assar entre as panelas de ferro —, há uma televisão no canto, fotografias a preto e branco de rostos que nos olham do passado, ferramentas de carpintaria na parede. As paredes são brancas com lambril vermelho, sofás vários de cor cinza e um banco de madeira pintado de branco ao lado da lareira.

A mesa está posta e em breve vai encher-se de iguarias: a alheira (e a linguiça) vão passar para uma travessa, outras terão moelas, pataniscas, pão com chouriço, tostas com batata frita em rodela, ovos mexidos, chouriço picante e pimento, a tábua de queijos e enchidos não vai faltar — mas antes de chegarmos aos petiscos temos uma sopa de mel (cenoura, mel e gengibre).

É uma casa transmontana, com certeza, mas com um twist contemporâneo — na decoração e na comida. “Somos a primeira casa de petiscos do concelho”, explica João Fontes. E isto na parte de restauração: na parte de alojamento são o primeiro “bike hotel” do Alto Tâmega, “o segundo de Trás-os Montes”, sublinha João, orgulho indisfarçável na voz.

Estamos em Pedras Salgadas, concelho de Vila Pouca de Aguiar e a Casa Fontes já é quase uma instituição — e está a viver um novo fôlego. A sua fachada de pedra com caixilhos vermelhos vivo é incontornável no início da avenida que leva ao portão principal do parque termal de Pedras Salgadas: há 47 anos que está na família, foi comprada pela avó Maria Luísa, “sem um tostão”, que aqui abriu uma pensão.

O neto, 30 anos, reformou a pensão e em 2012 tornou-a num hotel “low cost” (um dos dez melhores do país segundo o site Trivago), que se quer especializar em grupos; há um ano abriu a casa de petiscos. A mãe, Maria Luísa, é a cozinheira de serviço que criou, com ajudas, a sopa de mel que, como tudo que leva mel, quer tornar-se uma assinatura da casa. “Aqui [Vila Pouca de Aguiar], os cogumelos, as castanhas e o cabrito são estrelas, o mel fica sempre para último. Nós apostámos no contrário”, diz João, “até nos pacotes que oferecemos aos hóspedes”. Por isso, em breve será disponibilizado o “Ser apicultor por um dia”, que se junta aos percursos de BTT e aos de carro. Tudo está aglutinado numa aplicação para telemóvel, onde ainda se encontram 50 locais de interesse nas redondezas.

A Casa Fontes pode ser uma síntese da espécie de revolução silenciosa que Vila Pouca de Aguiar está a levar a cabo, dotando-se de infraestruturas que ambicionam colocá-la nos roteiros turísticos mais exigentes.

Se terminamos o dia na Casa Fontes, iniciamo-lo na Loja Interactiva de Turismo de Vila Pouca de Aguiar, que é a poucos metros daqui, na margem do rio Avelamos, e não na sede do concelho. Uma aposta estratégica do município: por um lado, para colmatar a falta de centro cultural, por outro, porque Pedras Salgadas é uma espécie de jóia da coroa do concelho e os investimentos têm sido avultados.

Aqui brota a famosa água que é um dos vértices do triângulo identitário da região, completando-se com o granito e o ouro. O Parque de Pedras Salgadas faz parte do cenário há mais de um século e recentemente foi alvo de renovação que incluiu a opção por um turismo ecológico feito de casas ao invés dos hotéis dos seus tempos áureos, a renovação das instalações termais — com um moderno spa da autoria de Siza Vieira onde haveremos de receber uma massagem Vichy —, a recuperação e manutenção do parque (que é, como sempre foi, aberto ao público) mantendo as fontes históricas, algumas ainda em utilização para tratamento durante a época termal (o engarrafamento é feito em instalações próximas).

Do granito vemos as marcas na paisagem, sobretudo em manchas brancas que cortam os montes que abraçam Vila Pouca. Durante anos, a sua exploração esteve descontrolada, mas a constituição de uma área cativa, onde se concentrou a exploração do granito (a maior exportação destas paragens), ajudou à eliminação das pedreiras ilegais — e assim ajudar o turismo.

Porque se há cartão de visita daqui é a sua natureza e é por aqui que o turismo quer seguir, aliado à riqueza histórica deste território encravado entre o rio Douro (a cerca de meia hora de caminho) e de Espanha (mais ou menos a mesma distância), rodeado pelas serras da Paradela e do Alvão.

Ouro dos romanos

É da história que surge o ouro: uma memória do passado que ajuda o turismo do presente. Os romanos encontraram aqui uma fonte para alimentar o império em três complexos mineiros — Gralheira, Campo de Jales e Tresminas. Se as minas de Jales, em filão, ainda têm planos para exploração, já o complexo de Tresminas foi deixado para a arqueologia porque economicamente não é viável, e assim passou a constituir um dos mais importantes conjuntos arqueológicos mineiros da época romana.

Deixamos Pedras Salgadas pela estrada florestal de São Martinho. Entre carvalhos americanos (alguns com folha, outros já totalmente despidos) e pseudotsugas (que fazem as vezes de abetos e nos remetem a regiões mais setentrionais), abrem-se miradouros para a paisagem que nesta manhã de Dezembro a cheirar a Natal enche-se de farrapos de neblinas que escondem ou desvendam o cenário ao sabor dos caprichos. São curvas e contracurvas a subir até à estrada que une Vila Pouca e Valpaços; depois os mesmos rodopios, a descer para Tresminas, não o complexo mineiro, mas a aldeia. Ao longe, Vilarelho surge na crista de um monte, no cimo de patamares verdes — por trás, multiplicam-se montes maiores.

Estamos na zona de transição entre o granito e o xisto, a paisagem e com ela a estética e os produtos da terra. Atravessamos um planalto que foi zona de povoado romano. “Não está escavado”, nota Catarina Chaves, técnica da loja interactiva, nossa guia para o dia, “mas era para a classe alta”. Na realidade, até 1920, 1930, explica, só havia um conhecimento empírico da ocupação da região”. Nessa altura, os “arqueólogos” eram os padres e apenas na década de 1980 começaram os trabalhos sistemáticos em Tresminas: dois arqueólogos alemães que passavam os verões aqui em escavações — por isso, Tresminas continua a ser mais conhecida no meio académico alemão.

Encaixada num vale, Tresminas está coberta de brumas, “papel vegetal”, diz Catarina Chaves. É habitual. A primeira visão é a do cemitério e é contornando-o e continuando a descer que se revela o povoado de ruas estreitas ladeado de casas — algumas são ruínas, outras têm fumo a sair das chaminés. Apesar das minas, o topónimo da aldeia não tem origem nelas, revela-nos: está relacionado com o nome medieval “Tresmires”, mas essa foi uma investigação recente e ainda se encontra a grafia de Três Minas para a aldeia que acolhe o Centro de Interpretação do complexo mineiro.

É na antiga casa paroquial que está instalado, aquela que foi “a melhor casa da aldeia”, sublinha Patrícia Machado, a arqueóloga “residente”. Assim, ao mesmo tempo que exploramos os quase três séculos de funcionamento das minas (entre os séculos I e III), desvendamos os espaços de uma antiga casa típica transmontana (que foi recentemente complementada com um novo núcleo, um edifício que está encaixado nos desníveis em redor e quase passa despercebido — no topo há um anfiteatro ao ar livre ao estilo romano). Esperávamos também ter uma perspectiva geral da mina, a céu aberto, vista do alto, mas as neblinas matinais tornaram-se nevoeiro intenso e as cortas (os chamados “desmontes”) nem sequer se adivinham. Estas são a face mais visível do trabalho mineiro que se conjugava com a exploração subterrânea, através de um sistema de poços e galerias — quase dois milénios passados, o complexo mineiro romano também se desenvolveu como ecossistema peculiar, com vários habitats (incluindo de morcegos).

Tudo isto descobrimos, então, não in loco mas no centro de interpretação, onde ficamos a saber que muito dos objectos encontrados, como as lucernas, por exemplo, estavam in situ, como se o tempo não tivesse passado. E ficamos a saber que a questão que ainda hoje mais divide os estudiosos do local era a questão hidráulica, uma vez que não havia água perto (e esta era necessária para triturar a rocha e separar o ouro): foi conduzida por canais que aproveitaram ao máximo o relevo evitando a construção de túneis (220 quilómetros deles assinalados até agora).

Ao longo de 250 anos foram extraídas 20 toneladas de ouro de Tresminas para cunhagem de moeda, tendo passado por aqui dois mil homens, tendo a administração e segurança ficado a cargo de unidades do exército aqui estacionadas — temos no museu alguns vestígios desta presença humana, como aras funerárias, moedas, objectos pessoais e nomes de pessoas que por aqui passaram. As minas foram abandonadas repentinamente, não por esgotamento, por questões estratégicas do império — a exploração passou para a Europa Central. Estamos ainda no centro de interpretação, onde há cartazes e mesas interactivas que também nos ajudam a ver a fauna e flora das redondezas — e no exterior a réplica de um moinho de pilões ajuda-nos a visualizar o processo de moagem da rocha.

Se esta é uma réplica, a verdade é que na zona há muitas casas que integraram as bases desses moinhos na sua construção. E mesmo na igreja de São Miguel de Tresminas, românica e gótica, encontramos num muro exterior uma sepultura medieval transladada para um nicho emoldurada por pedras de moinho originais (granito côncavo pelo uso). “É o melhor da construção civil de Tresminas”, brinca Patrícia Machado, “não imaginam o orgulho com que os senhores nos dizem que andaram à procura dos melhores.”

Um castro para as férias

Da história para o simulacro da história, da serra da Padrela para a serra do Alvão, com passagem pela barragem da Falperra — uma paisagem que podia bem passar pelas Terras Altas escocesas (com as pseudotsugas). Passado o portão que dá acesso a uma zona de barracas de produtos locais (abertas no Verão) e outra de merendas, temos apenas a natureza para nos deslumbrar: o espelho de água, bosques a ladear, campos e serras a fechar, lá longe, o horizonte. O avistamento de lontras e, sobretudo, toupeiras de água, é frequente (siga-se o Trilho Mamíferos Aquáticos), mas nós ficamos em branco nesse aspecto. De resto, enchemo-nos do ruído da água, das cores da folhagem, de sombras aquáticas deste local que faz parte da Rede Natura 2000 e que recentemente recebeu passadiços de madeira que permitem circundar todo o lago.

Foi aqui perto que abriu em Junho um parque de campismo e aldeia rural que poderia passar despercebido não fosse o conceito: a “aldeia” é um castro. Assim, entre árvores ergueram-se casas redondas (11 T1 e um T3), servidas por restaurante, adega, bar, domus (o maior edifício circular, sala polivalente) — e uma piscina. Parte do espaço é dedicado ao campismo e na recepção há sala de estar e infantil, além da sala do tear, onde artesãs locais vão trabalhando em tapetes que farão parte da decoração das casas, um trabalho ainda em processo, portanto.

Também em Junho, e já regressamos a Pedras Salgadas, se iniciou o que pretende ser a recuperação da tradição hípica da região, que chegou a receber competições internacionais — apesar de desde 1998 não haver provas aqui, a Feira das Cebolas, a 25 de Setembro, em Vila Pouca de Aguiar, mantém a corrida de cavalos de passo travado, que circula em torno do campo de futebol de sete do novo complexo desportivo. A inauguração do recuperado Centro Hípico quer voltar a reivindicar esse papel central no hipismo nacional, com a reconstrução de bancadas, os picadeiros interior e exterior, a manutenção de percursos de obstáculos, mas tem também vertente terapêutica que já vem sendo usufruída. Oísis, a égua de 20 anos, é a “terapeuta” de serviço e convive no estábulo com outros 11 cavalos — quatro do centro, os outros em regime de alojamento.

A árvore de Natal, enorme, com luzes verdes, ilumina a praça central de Pedras Salgadas. Ao fundo da avenida, o portão sul do parque termal abre-se depois das 23h apenas para hóspedes. É aí que regressamos. À alma líquida destas terras, que têm pedra no coração, ouro no bolso e uma natureza pródiga como moldura.

Passeios em volta

Património

Vila Pouca de Aguiar tem registos de ocupação humana desde há milénios e as suas paisagens estão salpicadas de vestígios. Desde a estátua-menir da Barrela (Barrela de Jales), datada da Idade do Bronze Final ou da Primeira Idade do Ferro, que se encontra in situ na via romana que ligava Emerita a Aquae Flaviae, à mamoa do Alto Cotorino (Carrazeda do Alvão), que constitui um dos maiores monumentos megalíticos da região, sem esquecer o Castro de Jales (Cidadelhe de Jales), um dos mais importantes da zona, convertido em cidadela no período romano. Do período romano, além das minas de Tresminas, a ponte do Arco (Barrela de Jales), juntamente com a via e fonte, assumem-se como emblemas da região.

Da Idade Média, destacam-se a Necrópole da Povoação (Gouvães da Serra), com diversas sepulturas não-antropomórficas e antropomórficas em base granítica, a Ponte da Ola (Bragado), com três arcos e tabuleiro granítico, e o cénico Castelo de Aguiar, edifício roqueiro alçado no topo do mais elevado afloramento granítico da região, que foi construído durante a Reconquista e se manteve relevante até ao século XV — desde então, a partir dos contrafortes da serra do Alvão, é testemunha silenciosa e solitária dos séculos. Muito do património religioso de Vila Pouca de Aguiar tem também raízes medievais que foram mais ou menos conservadas ao longo do tempo.

A religiosidade arreigada destas terras é simbolizada na Via Sacra de Soutelinho do Monte, sete cruzes de granito sobre declive também granítico que é um monumento quase ascético na sua simplicidade agreste. Como outro tipo de altar, desta vez à prodigalidade da terra, pode ser visto o Alto dos Canastros (Cerdeira de Jales), conjunto de espigueiros que borda mais um afloramento granítico.

Natureza

Com as serras do Alvão e da Padrela como muralhas inatas, esta zona é pródiga em percursos que desvendam todo o esplendor natural — e alguns “mistérios” como o a pedra bulideira do Alvão: é possível mover várias toneladas graças ao seu assentamento. É impossível percorrer as estradas e não ver as indicações dos percursos pedestres que se embrenham para lá do alcatrão. A grande rota que é a Travessia do Alvão leva-nos por 54 quilómetros (e, com certeza, mais de um dia de caminhada) pelas zonas mais altas do concelho, permitindo atravessar vários ecossistemas e comunidades de montanha; já a Via Panorâmica da Lagoa rompe a serra da Padrela em caminhada mais relaxada, com vários pontos de paragem panorâmicos, e uma natureza mais amena que se revela numa certa doçura das paisagens povoadas de bosques onde abundam carvalhos e castanheiros e onde não faltam sobreiros, oliveiras, azinheiras, atravessadas por ribeiros bucólicos.

Mais curtos são os trilhos interpretativos que aqui foram instalados: por exemplo, o de mamíferos aquáticos (na barragem da Falperra), ao da veronica micrantha, espécie endémica em vias de extinção, ao do lobo, também ele espécie em perigo e visto como um dos grandes inimigos naturais destas paragens.

As bicicletas também têm espaço por aqui no percurso cicloturístico do Vale do Corgo: 30 quilómetros que entram pela montanha até Ermidas e segue trilhos panorâmicos na serra da Padrela.

Vários albergues estão a ser implantados no território, permitindo uma estadia no meio da natureza. “No Verão várias famílias trazem os adolescentes para detox”, conta Catarina Chaves – detox de tecnologia, bem entendido.

Ribeira de Pena

Adrenalina à flor da pele e um pouco de Camilo

Depois de um dia de passeios pela história e pela natureza, acordamos para uma manhã de emoções fortes. Vila Pouca de Aguiar fica para trás, mas não muito. Ribeira da Pena é já ao lado e o seu Pena Aventura Park já não é novidade. Aqui, ninguém vem ao engano. Nós não fomos e fizemos tudo o que o nosso escasso tempo permitiu: de segway percorremos alguns dos caminhos do parque, entrámos no alpine coaster (imagine-se a fazer bobsleigh, mas em carris), fizemos um salto negativo (e saímos disparados para cima, para cairmos e voltarmos a subir até que os elásticos se acalmam; o nosso coração demora mais) e, no fantasticable, voamos sobre um vale numa distância de 1,5 quilómetros e altura de 150 metros sem medo — depois de estarmos em velocidade de cruzeiro, “deitados” graças ao equipamento, com capacete e óculos que mais fazem parecer que vamos numa cápsula.

Pelo meio, aventuramo-nos de Polaris, um todo-terreno compacto, descoberto e verdadeiramente potente que sofre no alcatrão e se solta ao subir encostas onde aparentemente não há caminho (há sempre, nem que seja por cima de pinheiros incipientes). Não fizemos um passeio típico, porque quisemos seguir um pouco os passos de Camilo Castelo Branco, que viveu em Ribeira de Pena em criança. Por isso, percorremos um pouco as margens do Tâmega e andamos na ponte de arame que durante muitos anos era a única ligação entre as freguesias de Salvador e Santo Aleixo – é um ponto turístico mas tem os dias contados pela construção da barragem de Daivões.

O Porto e o Norte em escapadinhas

“Esta deve ser a zona mais rica de Portugal.” O comentário, de turistas de Ourense, foi feito na Loja Interactiva de Turismo de Vila Pouca de Aguiar — que na realidade é em Pedras Salgadas — e Catarina Chaves sorri quando o recorda. O motivo foi a própria loja onde a interactividade não fica pelo nome, é o seu feitio. Tanto o é que no único dia em que a loja-posto-de-turismo está fechada, na verdade está aberta, graças à plataforma interactiva no exterior que funciona 24 horas, sete dias por semana: neste ecrã táctil vertical, o visitante tem acesso a toda a informação turística (desde alojamento, restauração e respectivas especialidades, pontos turísticos, agenda cultural, por exemplo, e detalhes como distâncias, localização GPS – e toda a informação pode ser enviada por email ou lida com um leitor de código QR) sobre o concelho de Vila Pouca de Aguiar e todos os que constituem o território abrangido pelo Turismo do Porto e Norte, o primeiro destino turístico a funcionar em rede — cuja publicação Short Breaks Norte de Portugal inspirou a nossa viagem. No interior da loja, a utilização da tecnologia prossegue, na mesa multi-touch, por exemplo, onde, entre outras utilidades, podemos ter vistas de 360 graus dos vários pontos turísticos referenciados (por temas: igrejas, museus, pelourinhos, miradouros, entre outros), ou propostas de visitas estruturadas (em Vila Pouca de Aguiar, duas: “Em busca do ouro” e “A origem da água”). Todas as lojas interactivas têm uma imagem e uma identidade gráfica idêntica, embora a disposição se adapte ao espaço cedido. Em Pedras Salgadas estamos no antigo posto dos CTT (o símbolo mantém-se, por exemplo, na lareira), temos um espaço de “papel” e outro de exposição — por alturas natalícias, presépios artesanais cedidos por pessoas da zona. E aqui revela-se outra função da loja, como ponto de contacto, de dinamização e envolvimento da comunidade, para que todos a sintam como sua. Em breve, a “loja” vai incorporar totalmente a sua designação, passando a vender produtos regionais e artesanato — por agora é uma montra, apenas, e cada produto (muitos à base de cogumelos, mel, mirtilos, declinados em licores, pickles, compotas, chocolates) tem o cartão do produtor. E já em Janeiro vai começar a iniciativa “Igreja aberta”: uma vez por mês, visita-se um templo tendo como guia o próprio pároco.

GUIA PRÁTICO

Como ir

A partir do Porto para Ribeira de Pena, seguir pela A3/E1 e A7 para Vila Real – sair na 13; para Vila Pouca de Aguiar continuar pela A7 até à N206, aí seguir pela saída 16 da A24.

Onde dormir

Pedras Salgadas Spa & Nature Park  

Parque Pedras Salgadas
5450-140 Bornes de Aguiar
Tel.: 259 437 140
www.pedrassalgadaspark.com

Casa Fontes  
Avenida Lopes Oliveira, 56
5450-140 Bornes de Aguiar
Tel.: 259 434 231
www.casafontes.com/pt

 

Onde comer

Tasca do Chico
Apenas por marcação. Cozinha tradicional, feita quase perante os nossos olhos: javali estufado, castanhas, batata-doce, grelos, fizeram parte do nosso menu, à lareira.

Largo do Cruzeiro
Tresminas
5450-296 Vila Pouca de Aguiar
Tel.: 259457132
http://atascadochico.no.sapo.pt

Pena Aventura Park
Restaurante panorâmico
Bustelo - Salvador
4870-110 Ribeira de Pena
Tel.:259 498 085
http://park.penaaventura.com.pt

Visitas

Centro Interpretativo de Tresminas
Tresminas
5450-296 Vila Pouca de Aguiar
Tel.: 259 458 091
http://tresminas.com
Horário: Todos os dias das 10h às 18h
Visitas ao complexo mineiro: apenas guiadas, com marcação e duração de 2h30.

Pena Aventura Park
Bustelo - Salvador
4870-110 Ribeira de Pena
Tel.: 259 498 085
http://park.penaaventura.com.pt
Horário: Até 30 de Abril: segunda e terça das 10h às 18h apenas com reserva; de quarta a domingo das 10h às 18h.
Actividades: slide, escalada, minigolfe, roteiros culturais, percurso aventura (arborismo), canyoning, rafting, stand up paddleboarding, canoa raft, tiro ao alvo, paintball, voo nocturno... Há pacotes de dois dias com dormida em bungalows.

A Fugas viajou a convite da Porto e Norte, Turismo do Porto e Norte de Portugal

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