Fugas - Vinhos

  • Hugo Santos
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Os Vinhos Verdes mais chegados ao Douro

Em 2009 surge o primeiro Espinhosos, mas o auge da crise financeira afasta qualquer ideia de expansão no mercado interno e a compra de mais vinhas. “O que era preciso era vender e foi então que olhámos para a exportação. Começámos pela feira de Londres e a seguir fomos à Prowein [na Alemanha] onde um importador belga gostou dos nossos dois vinhos. Quando chegámos a casa já tínhamos as encomendas no mail”, conta Dialina.

As exportações rapidamente passaram a absorver mais de 90% da produção e além da Europa do Norte também EUA, Canadá e Brasil são destinos privilegiados. Com a Quinta de Santa Teresa, não só as referências passaram de duas para seis como também se acentuou a identidade e diversidade. Falta que o mercado interno descubra agora também aqueles que são os vinhos verdes mais chegados ao Douro.

Um caso à parte na região

Com agricultura em processo de certificação biológica, a enologia está a cargo do experiente Fernando Moura, que selecciona os lotes de Avesso, Arinto e Chardonnay que representam o melhor de cada colheita. São os vinhos Monólogo, em cujo rótulo é acrescentado o número da parcela de onde provêm. No topo está o Singular, também recolhido do lote mais expressivo das vinhas centenárias de Santa Teresa onde a sabedoria da natureza retira o melhor da conjugação de várias castas.

Da colheita de 2015, a primeira, os vinhos mostram um carácter marcado pela fruta madura, já que a vindima teve que esperar pela entrada em funcionamento da adega. As velhas instalações tinham que ser reformuladas e houve que improvisar: uma tenda gigante com todo o equipamento e tecnologia foi a solução e, atenta a qualidade do recheio, bem se pode dizer que se trata de uma verdadeira tenda VIP.
Colhidos na altura ideal e vinificados por parcelas, os vinhos da última colheita prometem já dar prova de todo o potencial da propriedade. Especial atenção aos lotes de Avesso e Alvarinho, que estão extraordinários.

E se os especialistas estão cada vez mais de acordo quanto à importância das características da vinha e condições de produção, Santa Teresa é mesmo um caso à parte nos Vinhos Verdes - exposição privilegiada a Sul e Poente, altitudes que vão dos 100 aos 400 metros e encepamento maioritariamente de Avesso, com base numa reestruturação da vinha efectuada uma década atrás.

Alguns lotes são de vinhas já centenárias, onde a Avesso e a Arinto se misturam com castas como Malvasia e Rabigato. Há também Alvarinho e, na parte mais alta, em zona de planalto e rodeada de bosque, descobre-se uma vinha de Arinto que só de olhar já deixa ver um vinho único. As joaninhas comprovam a mudança em curso para o modo de produção biológico - em toda a propriedade – e os bardos de vinha velha na zona mais alta e arenosa são garantia de identidade.

Mais afastada está a vinha com Vinhão e Touriga Nacional, cujos mostos serão usados para preparar um rosé, talvez já na próxima colheita. É ai que está o marco que assinala da separação entre as regiões dos Vinhos Verdes e do Douro. O senhor Manuel, que há muitas décadas cuida da quinta, recorda os tempos em que para a vindima era necessário levar a Caderneta Predial, já que as autoridades sempre os esperavam no caminho para exigir prova de que as uvas eram dos Verdes.

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