Fugas - hotéis

  • DR
  • DR
  • DR

Continuação: página 2 de 3

O amor de Pedro e Inês ainda rende

“Esta história de amor é tratada em todas as áreas das artes e em todo o mundo”, garante Cláudia Duval, a quem cabe guiar as visitas ao jardim romântico que Miguel Osório Cabral e Castro mandou fazer no século XIX, uma espécie de museu com árvores oriundas de diversas partes do mundo, como figueiras da Austrália, canforeiras, plátanos, sequóias, palmeiras. “Recebemos imensos pedidos de informação.”

Há meia dúzia de anos, os jardins foram recuperados pela arquitecta paisagista Cristina Castel-Branco. Recriou um jardim medieval, plantou cortinas de vegetação, recompôs os muros da mata, os canais da Fonte das Lágrimas e da Fonte dos Amores, idealizou o Anfiteatro Colina de Camões, que acolhe o Festival das Artes. As entradas são fonte de receita da Fundação Inês de Castro.

A Fonte dos Amores já se chamava Fonte dos Amores antes de Pedro e de Inês ali estarem, explica Cláudia Duval. “Por esse país fora, há fontes dos amores.” Não lhe custa imaginar que um lugar assim, sossegado, fresco, agradasse aos enamorados. A água corre de uma porta e, ainda agora, é aproveitada para rega. 

Costuma adaptar a história à audiência. Se à sua frente estiver um grupo de mulheres, como é o caso, a história pode sair-lhe assim: “Dona Isabel teve um neto, filho de Afonso IV e de Dona Beatriz, que era lindo de morrer. Aconteceu uma coisa maravilhosa a este neto, que era o Dom Pedro: cresceu e continuou giro, coisa que nem sempre acontece! Chegou a altura de se casar e calhou-lhe em sorte uma rapariga chamada Constança, que estava pendurada. Ela veio por aí abaixo. Trouxe aias, pajens, parentes e bagagens e nesse embrulho todo vinha uma fidalga chamada Inês de Castro. E se o Dom Pedro era giro, aquela rapariga punha toda a gente a olhar para ela. Ela era muito diferente do resto da cambada. Numa corte cheia de pessoas com pele escura, cabelo escuro, olhos escuros, ela era uma garça, branca, loura, olhos claros. Dom Pedro apaixonou-se por Dona Inês. Dona Inês apaixonou-se por Dom Pedro.”

O príncipe, como se sabe, não deixou de se casar com a nobre castelhana, mas também não deixou de ter sentimentos pela fidalga galega. Furioso com o que para ali ia, o rei mandou exilar Inês na fronteira. Só quando Constança morreu, tomada pelo desgosto, puderam viver o seu amor. Terão partilhado diversas moradas, incluindo o paço mandado construir pela Rainha Santa Isabel, anexo ao convento de Santa Clara-a-Velha, e gostariam de namorar naquela mata, naqueles jardins, naquela fonte.

“Aqui é o local da tragédia”, diz a guia, na Fonte das Lágrimas. Não é verdade que a mataram aqui; mataram-na no Convento de Santa Clara-a-Velha, por ordem do rei. “Foi Camões que, uns séculos mais tarde, colocou a cena da morte de Dona Inês neste local. Toda a gente sabia que este sítio era um dos favoritos deles. Estão a ver estas rochas com esta cor vermelha? Toda a gente sabia que a morte dela fora regada a sangue. E, se olharmos para a fonte, vemos que faz o desenho de uma cruz.”

Convida a ler a estrofe 135 do canto III d’ Os Lusíadas: ““As filhas do Mondego a morte escura/ Longo tempo chorando memoraram,/ E, por memória eterna, em fonte pura/ As lágrimas choradas transformaram;/ O nome lhe puseram, que inda dura,/ Dos amores de Inês que ali passaram./ Vede que fresca fonte rega as flores,/ Que lágrimas são a água, e o nome amores.” Não é uma fonte de pedra. É água que brota da rocha. “Podemos ver por que foi esta fonte baptizada Fonte das Lágrimas. Este local depois começou a ser chamado Quinta das Lágrimas. Foi Camões que deu a conhecer ao mundo este local.”

Nome
Hotel Quinta das Lágrimas
Local
Coimbra, Sé Nova, Rua António Augusto Gonçalves
Telefone
239802380
Website
http://www.quintadaslagrimas.pt/
--%>