Contudo, diz, há muita gente (como ele próprio, reconhece-o) que não gosta do circular constante que este modelo de noite implica. "Há quem goste de estar sentado, a ouvir música." E, claro, é aqui que entra o novo "Rivoli". Em ambiente sofisticado e com um nível cultural que se pretende apurado - esperem-se espectáculos de stand-up comedy, exposições de artes plásticas (estas já começaram), concertos (já são regulares - esta noite: Happy Mess, às 23h30), apresentações de livros e outros eventos literários (em parceria com a editora Edita-me). Já aconteceram desfiles de moda (por isso, e pelos concertos, há "robots" de luz), outros já vêm a caminho. O resto virá lentamente, um pouco ao sabor da procura, do feedback dos clientes - por exemplo, não está colocada de parte a hipótese de o café abrir durante as tardes, unindo o horário dos almoços (será das 12h00 às 15h00) e dos jantares (a partir das 20h00).
Por enquanto, o horário é nocturno e em dois andamentos - prolonga-se ao fim-de-semana, quando entra ao serviço o DJ residente, Mário Kitty. Na verdade, já começa a dar música na quinta-feira à noite (que já se ponderou tornar-se "noite de estudantes"), que começa a ser "uma noite forte", numa cidade que durante a semana "é uma aldeia", na opinião de Gonçalo Pontes, logo, "difícil de trabalhar".
Se há então um DJ da casa a partir de quinta-feira, nos outros dias a música é uma espécie de "play list", a passear pela bossa nova, jazz, em típico ambiente de café ("música sempre a tocar, mas sem se perceber que a há"). Ao fim-de-semana, o café-teatro solta o cabelo - e isto aqui significa que o primeiro andar se transfere em parte para o mezanino (onde irá nascer o restaurante), deixando espaço para uma pista de dança informal - "Somos, queremos ser, um restaurante-bar, não um bar-discoteca, mas se a festa animar e se houver dança, não o impedimos" - animada pelas sonoridades-assinatura da casa, a saber, o pop, disco e os "flashbacks" de house comercial. "Não fechando a porta a uns eventos diferentes", salvaguarda Gonçalo Pontes: as primeiras sextas de cada mês são dedicadas aos anos 80, por exemplo, há revivalismo "flower power" também, entre outros. Longe, portanto, dos sons "rock alternativo e reggae" que compõem a paisagem musical desta baixa noctívaga, diz, onde "não há muita escolha de qualidade com esta música mais dançável".
A qualidade sempre a intrometer-se. "Que vai ao pormenor, desde a garrafa das bebidas como o whisky cola [a de coca-cola vai com o cliente], ao guardanapo debaixo do copo, ao pessoal vestido a rigor". E "começa pela imagem", "acolhedora e clean porque tinha de ser assim".
Já falámos da dieta colorida (os brancos têm justificação "pragmática": dá um apsecto "mais saudável, de maior profundidade"), não falamos das ilhas de mesas com maples de couro, ou, em versão baixa, com puffs, dos apoios de copos onde se espreitam restos de rolos do Fantasporto (que estava a decorrer enquanto se faziam as obras aqui), dos sofás brancos baixos de longas costas que preenchem as paredes, da ilha-balcão (almofadado branco) bem por debaixo da clarabóia (cujos vidros fazem de espelhos quando as luzes se ligam - iluminação tendencialmente suave), dos quatro plasmas, das fotografias a sépia do teatro por detrás de vidros fumados, dos lustres (revisão moderna do esplendor oitocentista), do "bar do sossego" - o terceiro bar, numa sala à parte, uma espécie de lounge onde a música não chega com a "vontade toda", define Gonçalo.
- Nome
- Cafe-Teatro Rivoli
- Local
- Porto, São Nicolau, Praça D. João I - Teatro Rivoli, 5.º piso
- Telefone
- 223392208
- Horarios
- Terça a Quinta das 22:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 22:00 às 04:00
- Website
- http://www.facebook.com/cafeteatrorivoli