Fugas - restaurantes e bares

Rui Gaudêncio

Restaurante Panorâmico - El Corte Inglés

Por David Lopes Ramos ,

O El Corte Inglés impôs-se de forma fulgurante no panorama comercial de Lisboa. Nos primeiros tempos, parecia que não seria fácil. Agora, é um poderio de gente "de compras". Menos movimento só se detecta nos dois últimos pisos, situação que não é, no entanto, extensiva ao "snack-bar", à taberna e ao restaurante, trio muito afreguesado localizado no Piso 7, o último.
Falemos do restaurante cuja ementa, recentemente renovada, se publica à parte. Caso se olhe para ela, verificar-se-á que não é nada por aí além, embora uma ou outra proposta nos deva merecer alguma atenção. Vamos lá às provas.

Das entradas, em dois almoços recentes, só não se testaram as sopas. Quanto ao resto, "a salada de gambas e lulas marinadas com vinagrete de caviar" é pouco interessante, porque as lulas fatiadas finíssimas (parecem meixões), depois de marinadas, perdem todo o sabor próprio. As gambas são melhores cozinhadas e o caviar não é caviar, como aliás se suspeita quando se olha para o preço. É um sucedâneo e como tal deveria ser apresentado. O "cone com recheio de sapateira" está bem, na sua massa folhada finíssima e estaladiça, com o recheio da sapateira refrescado e ligado por um creme e maçã aos bocadinhos". Melhor, muito melhor, porque no ponto certo de cozedura e tempero de sal grosso (flor de sal?), o "foie gras salteado com geleia de vinho do Porto". A "selecção de legumes na grelha com emulsão" deram o que podiam, dada a pobreza da selecção: só fatias de "courgette", beringela, "champignon" e espargos verdes de cultura.

Provou-se o arroz de lavagante caldoso, uma das especialidades, que se aprovou, apenas com um reparo: o arroz, que era espanhol e daqueles que ficam muito bem na paella. Não é que estivesse mal, mas o nosso carolino sai-se melhor nestes cozinhados. Aplausos para a frescura e tamanho (500/600 gramas?) do lavagante, que é a tabela dos mais saborosos, para o seu tempo de cozedura e para o caldo da cozedura, com tempero açafroado, de tomate maduro e pimentos vermelhos, mas tudo muito discreto, para que brilhe o marisco, além do navegante (outro dos nomes do crustáceo), gambas e mexilhões, que se lá não estivessem não diminuíam a qualidade do conjunto. Uma palavra para o serviço deste prato, que é composto à vista: a carapaça não chega à mesa, só a carninha nacarada do bicharoco. Muito bem. Com este arroz bebeu-se um branco do Douro de perfil original, o Gouvyas Reserva 2000 (19,80 euros), da Bago de Touriga, que esteve à altura das circunstâncias.

Das carnes, experimentou-se um das sugestões do dia, o cabrito assado com arroz (14,90 euros), prato prejudicado pelo tamanho do animal, embora no talho do super-mercado haja dos que, depois de assados, não ultrapassarão os quatro/cinco quilos, e, sobretudo, por o tempo de espera que deverá ter tido na estufa, antes do ser servido. É que o seu sabor assemelhava-se ao de um assado requentado. Quanto à "torre de lombo de porco ibérico com mistura de cogumelos e legumes" - torre porque o prato é montado em altura, com as três fatias de lombo sobrepostas com os legumes, os mesmos da selecção de legumes na grelha - portou-se com galhardia. Um senhor vinho tinto, também do Douro, o Vallado 2000 (19,90), ficou mais na lembrança do que o cozinhado. Aromas sedutores, guloso, saboroso, está muito bom.

Experimentou-se, e aprovou-se, a "selecção de queijos do nosso carrinho", que tinha a constituição seguinte: Serra (de entorna), Niza (curado), Castelo Branco de mistura, um "chèvre" francês (provavelmente feito com leite pasteurizado) e os espanhóis Manchego e um outro que ou era Cabrales ou Picos da Europa ou parente muito próximo, um queijo com bolores azuis de grande qualidade. da doçaria; o menos interessante foi a "espetadinha de frutas grelhadas sobre puré de framboesa e laranja" (maçã, manga, pêra, banana e abacaxi), muito achado o "gratinado de framboesas e mirtilhos com molho de sabayon suave" e de boa confecção as "quatro estações" de bolos de pastelaria: tarte de maracujá, bolos de maçã e chocolate e 'cheese-cake'.

O café é do bom. Quanto ao serviço está registado como uma das coisas boas deste restaurante, de cores claras e muito bem iluminado. Não é de se ir lá a correr, mas, em dia de compras, caso o apetite aperte!...


Ementa sem grandes ousadias

O cardápio do restaurante do El Corte Inglés termina com uma informação, que é simultaneamente um aviso: "Todos os pratos apresentados são elaborados com produtos do nosso supermercado". Quem conhece esta loja do centro comercial, mesmo que não dedique grande atenção a estas coisas, sabe que se trata da que tem a oferta mais variada e interessante de todas as grandes superfícies de Lisboa e arredores.

A carta de vinhos, além de uma boa selecção, a rondar a centena e meia, de verdes e maduros brancos e tintos de todas as regiões portuguesas, apresenta ainda um conjunto bem interessante de vinhos franceses, espanhóis, italianos, alemães, norte-americanos, australianos, chilenos, argentinos e neo-zelandeses. 

Nome
Restaurante Panorâmico - El Corte Inglés
Local
Lisboa, Lisboa, Avenida António Augusto Aguiar, 31 (Piso 7)
Telefone
213711724
Horarios
Segunda a Sábado das 12:30 às 16:00
Website
http://www.elcorteingles.pt
Preço
20€
Cozinha
Mediterrânica
Espaço para fumadores
Sim
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