Das entradas, em dois almoços recentes, só não se testaram as sopas. Quanto ao resto, "a salada de gambas e lulas marinadas com vinagrete de caviar" é pouco interessante, porque as lulas fatiadas finíssimas (parecem meixões), depois de marinadas, perdem todo o sabor próprio. As gambas são melhores cozinhadas e o caviar não é caviar, como aliás se suspeita quando se olha para o preço. É um sucedâneo e como tal deveria ser apresentado. O "cone com recheio de sapateira" está bem, na sua massa folhada finíssima e estaladiça, com o recheio da sapateira refrescado e ligado por um creme e maçã aos bocadinhos". Melhor, muito melhor, porque no ponto certo de cozedura e tempero de sal grosso (flor de sal?), o "foie gras salteado com geleia de vinho do Porto". A "selecção de legumes na grelha com emulsão" deram o que podiam, dada a pobreza da selecção: só fatias de "courgette", beringela, "champignon" e espargos verdes de cultura.
Provou-se o arroz de lavagante caldoso, uma das especialidades, que se aprovou, apenas com um reparo: o arroz, que era espanhol e daqueles que ficam muito bem na paella. Não é que estivesse mal, mas o nosso carolino sai-se melhor nestes cozinhados. Aplausos para a frescura e tamanho (500/600 gramas?) do lavagante, que é a tabela dos mais saborosos, para o seu tempo de cozedura e para o caldo da cozedura, com tempero açafroado, de tomate maduro e pimentos vermelhos, mas tudo muito discreto, para que brilhe o marisco, além do navegante (outro dos nomes do crustáceo), gambas e mexilhões, que se lá não estivessem não diminuíam a qualidade do conjunto. Uma palavra para o serviço deste prato, que é composto à vista: a carapaça não chega à mesa, só a carninha nacarada do bicharoco. Muito bem. Com este arroz bebeu-se um branco do Douro de perfil original, o Gouvyas Reserva 2000 (19,80 euros), da Bago de Touriga, que esteve à altura das circunstâncias.
Das carnes, experimentou-se um das sugestões do dia, o cabrito assado com arroz (14,90 euros), prato prejudicado pelo tamanho do animal, embora no talho do super-mercado haja dos que, depois de assados, não ultrapassarão os quatro/cinco quilos, e, sobretudo, por o tempo de espera que deverá ter tido na estufa, antes do ser servido. É que o seu sabor assemelhava-se ao de um assado requentado. Quanto à "torre de lombo de porco ibérico com mistura de cogumelos e legumes" - torre porque o prato é montado em altura, com as três fatias de lombo sobrepostas com os legumes, os mesmos da selecção de legumes na grelha - portou-se com galhardia. Um senhor vinho tinto, também do Douro, o Vallado 2000 (19,90), ficou mais na lembrança do que o cozinhado. Aromas sedutores, guloso, saboroso, está muito bom.
Experimentou-se, e aprovou-se, a "selecção de queijos do nosso carrinho", que tinha a constituição seguinte: Serra (de entorna), Niza (curado), Castelo Branco de mistura, um "chèvre" francês (provavelmente feito com leite pasteurizado) e os espanhóis Manchego e um outro que ou era Cabrales ou Picos da Europa ou parente muito próximo, um queijo com bolores azuis de grande qualidade. da doçaria; o menos interessante foi a "espetadinha de frutas grelhadas sobre puré de framboesa e laranja" (maçã, manga, pêra, banana e abacaxi), muito achado o "gratinado de framboesas e mirtilhos com molho de sabayon suave" e de boa confecção as "quatro estações" de bolos de pastelaria: tarte de maracujá, bolos de maçã e chocolate e 'cheese-cake'.
O café é do bom. Quanto ao serviço está registado como uma das coisas boas deste restaurante, de cores claras e muito bem iluminado. Não é de se ir lá a correr, mas, em dia de compras, caso o apetite aperte!...
Ementa sem grandes ousadias
O cardápio do restaurante do El Corte Inglés termina com uma informação, que é simultaneamente um aviso: "Todos os pratos apresentados são elaborados com produtos do nosso supermercado". Quem conhece esta loja do centro comercial, mesmo que não dedique grande atenção a estas coisas, sabe que se trata da que tem a oferta mais variada e interessante de todas as grandes superfícies de Lisboa e arredores.
A carta de vinhos, além de uma boa selecção, a rondar a centena e meia, de verdes e maduros brancos e tintos de todas as regiões portuguesas, apresenta ainda um conjunto bem interessante de vinhos franceses, espanhóis, italianos, alemães, norte-americanos, australianos, chilenos, argentinos e neo-zelandeses.
- Nome
- Restaurante Panorâmico - El Corte Inglés
- Local
- Lisboa, Lisboa, Avenida António Augusto Aguiar, 31 (Piso 7)
- Telefone
- 213711724
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:30 às 16:00
- Website
- http://www.elcorteingles.pt
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Mediterrânica
- Espaço para fumadores
- Sim