Fugas - viagens

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Do Dubai até à Índia há mais do que um mar de distância

Nós concluímos que estamos numa "vila", mas há "cidades" a navegar por aí, com o mesmo objectivo, o de proporcionar dias de dolce fare niente tanto que há quem faça disto um modo de vida, como o malaguenho Juan e o companheiro, reformados, "cruzeiristas" de vocação: entraram no início de Janeiro e só sairão em Maio.

Dia 3

O dia começa cedo para nós em Omã - às 8h30 desembarcamos em Mattrah, o porto de Mascate, a capital do sultanato onde os portugueses estiveram entre 1508 e 1648, apesar do aviso: o dia começa tarde aqui. À saída do porto entramos no mercado de peixe e, afinal, já há gente - homens, sobretudo, a vender e a comprar. As bancas são grandes plataformas onde o peixe está exposto sobre tapetes defronte do vendedor, sentado de pernas cruzadas.

O sol já queima enquanto caminhamos pela marginal da pequena baía, onde vai atracar o navio do sultão Qaboos (o governante, cujo nome está por todo o lado). O souk de Mattrah tem fama de ser um dos melhores do Médio Oriente - e daqui a pouco parecerá a caverna do Ali Babá resplandecente de dourados, prateados e pedras mais ou menos preciosas, tecidos e roupas coloridas, incensos e especiarias, artesanato de madeira e marfim...

De táxi (fazemos o negócio com intérpretes improvisados - quatro rapazes de kandura imaculada a caminho da escola) vamos à praia. Ao Ocean Dive Center, um centro náutico dos que começam a dar jus à nova fama de Mascate como "rival" da Grande Barreira de Coral da Austrália - e é um complexo privado, onde os veraneantes são estrangeiros e os barcos ultramodernos.

É um pequeno oásis à beira-mar, neste país ressequido pelo sol e verdejante, a espaços, pela vontade dos homens - circulamos por estradas modernas em paisagem quase lunar, mas há palmeiras em parte das bermas e quando nos aproximamos novamente de Mascate os separadores são canteiros com árvores de flores corde-laranja e vemos uma queda de água artificial.

Descobrimos Mascate entre montes coroados de pequenas torres fortificadas - na zona à beira-mar veremos mais, extensas fortificações (herança lusa) ainda em uso. O palácio do sultão e o museu são paragens obrigatórias, mas é nas ruas que se descobre este país de sorriso fácil - e, aparentemente, a aprender inglês: as crianças saúdam-nos, "How are you?".

Para ver a Grand Mosque fazemonos à auto-estrada, com passagem pela Porta Sultão Qaboos, até Ruwi, uma das três urbes que compõem, na prática, a capital. Trânsito compacto, hotéis à beiramar, grandes centros comerciais - à Grand Mosque chegamos dez minutos atrasados. Fecha às 11h00 - "voltem amanhã", diz o guarda. Amanhã é tarde, por isso espreitamos apenas para o jardim verdejante e luxuriante dentro do gigantesco complexo de cúpulas douradas, muros altos e edifícios sumptuosos.

Dia 4

O primeiro dia de navegação integral é o dia da exploração a sério. Ontem já estivemos na piscina ao final da tarde, logo depois de passarmos o Estreito de Ormuz - até às 15hoo é a confusão, espreguiçadeiras lotadas, piscina intransitável. Quando o calor abranda e o sol começa a desaparecer, esvazia - nós tivemos o luxo de estar sozinhos na água.

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