Fugas - dicas dos leitores

Noruega: Preikestolen

Por Pedro Serpa

Senti-me estranho. O coração parecia que me explodia de tanto bater. Não me largava o sorriso que se me rasgava a boca de orelha a orelha. Do cimo da rocha, tinha um fiorde a meus pés, só para mim. Estes canais que entram terra a dentro e que geralmente são ladeados por altas escarpas e montanhas, tornaram-se numa das marcas registadas da Noruega. E o Preikestolen fica no topo de uma dessas montanhas.

Mas tudo começou em Oslo, quando conversava com uma italiana, estudante de Erasmus. Se vais a Stavanger, tens de ir a Preikestolen.

E o mote estava lançado. Saí de Stavanger ainda cedo para apanhar o ferry que me levaria a Tau, na outra costa. Depois ainda tive de apanhar o autocarro e por ultimo um táxi até ao início do trilho que me levaria ao Preikestolen.

Andei cerca de hora e meia sem me cruzar com vivalma, apenas tendo como companhia os marcos do caminho assinalados a vermelho. De repente, contorno uma rocha e deparo-me com uma paisagem extasiante. Estava no topo de uma montanha granítica com mais de seiscentos metros caindo a pique sobre um braço de mar. Vinte e cinco metros quadrados quase planos. Ei-la, a "Rocha Púlpito".

O vento beijava-me a cara enquanto um cenário arrebatador entrava-me pelos olhos adentro, deixando-me estarrecido. Lá no fundo um paquete ia dividindo as águas tons de verde. Lembro-me do obturador da máquina não sossegar, tentando transformar em pixels a plenitude do momento. Encontro um casal alemão. Finalmente, ou talvez não, encontro alguém. Tenho de partilhar a rocha. Antes do regresso, lanço um ultimo olhar para me certificar que não deixo pormenor sem gravação na minha memória.

Apetece-me gritar. Levantar os braços e voar.

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