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Tapadas de Monserrate e de Mafra ligadas por novo programa de visitas

Por Marisa Soares

De manhã, conhecer a jovem floresta que pinta de verde a serra de Sintra. À tarde, seguir para Mafra à procura das espécies autóctones que habitam a mata com mais de 260 anos. Há novos caminhos para percorrer nas tapadas.

As tapadas de Monserrate, em Sintra, e de Mafra estão separadas por quase 30 quilómetros de distância mas ficaram agora mais próximas. Um novo programa conjunto de visitas guiadas dá a conhecer a biodiversidade e os valores naturais guardados naquelas duas florestas, uma mais jovem e outra já madura, convidando para uma verdadeira “viagem no tempo” à boleia da Natureza.

O programa "Do Parque à Tapada - A Natureza em Sintra e em Mafra", lançado esta quarta-feira, tira partido das semelhanças entre os dois espaços mas também valoriza as diferenças, o que os torna complementares. "Este projecto reúne duas entidades diferentes com responsabilidades comuns na gestão do património nacional", explica Susana Morais, da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), que se associou à Tapada Nacional de Mafra na criação de dois percursos pedestres em zonas que "não têm sido tão exploradas ao nível da visitação".

A viagem começa na Tapada de Monserrate, no coração do Parque Natural Sintra-Cascais, onde a PSML tem estado a concentrar esforços na recuperação e protecção da floresta, ainda jovem, herdada do movimento romântico do século XIX. Por trilhos bem marcados na terra batida e sinalizados, ao longo de um quilómetro, os visitantes podem conhecer os carvalhos, medronheiros, sobreiros e azevinhos que estão ainda em crescimento, e saber mais sobre as espécies de fauna que se escondem na vegetação ou nos ribeiros.

O guia, que será um biólogo conhecedor da tapada, deverá saber também explicar a importância da água e a da existência de reservatórios que alimentam os vizinhos Jardins de Monserrate, e contar a história da origem da serra de Sintra. Os visitantes terão ao dispor painéis informativos (que permitem também a realização de visitas sem guia) sobre conceitos como forest food (a floresta como fonte de alimento para animais e para o Homem) ou espécies invasoras, com dados sobre a evolução daquele ecossistema e do microclima pelo qual é responsável.

Pelo caminho, algumas "surpresas", como lhes chama Susana Morais. Por entre as árvores espreitam esculturas em madeira de animais que em tempos habitaram a serra - um gamo e a cria, um urso e um lobo. O passeio demora 1h30, mas a viagem não fica por aqui.

A aventura continua em Mafra, a 45 minutos de carro, noutro percurso que segue os vales cravados nos montes da Tapada Nacional, mandada construir em 1747 por D. João V e por isso já madura. Ao longo de cerca de quatro quilómetros, num trilho marcado especialmente para este novo programa, os visitantes podem seguir a pé as pistas deixadas pelos animais mais emblemáticos daquela enorme mata de 833 hectares - como os javalis, os veados e os gamos, que passeiam livremente por todo o espaço - mas também ir atrás do rasto das espécies mais tímidas, como as raposas, os saca-rabos ou as aves.

A caminhada, também acompanhada de guia e com a duração de 2h30, inclui a passagem por um pequeno centro de interpretação, onde adultos e crianças podem divertir-se a identificar as aves residentes a que pertencem determinadas penas - entre elas estão espécies em vias de extinção, como a águia-de-Bonelli -, ou a descobrir a autoria de pegadas através de modelos em gesso. Na floresta, um verdadeiro mosaico vegetal, habitam mais de 130 espécies de animais autóctones.

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