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Mais de 70 anos depois, Palácio de Queluz volta a ter um jardim botânico

Por Fugas

Renasceu um recanto botânico do século XVIII nos jardins do Palácio Nacional de Queluz. Inauguração marcada para 5 de Junho.

Sondagens arqueológicas e documentos históricos permitiram descobrir como era o antigo Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz. O Index de Manuel de Moraes Soares, datado de 1789, reunia as espécies existentes à época no jardim e serviu de base à reconstituição da colecção botânica. De acordo com a empresa responsável pelo projecto, “a partir desta listagem foram contactadas várias instituições a nível mundial que forneceram plantas e sementes para o local”. Nas quatro estufas plantaram-se ananases. De acordo com os registos encontrados, os frutos exóticos eram aqui produzidos em tempos para alimentar os banquetes de Queluz.

Setenta e sete anos depois de perder a função original e mais de 30 anos após ter sido completamente desmontado, o recanto botânico dos jardins do Palácio de Queluz está prestes a renascer. A inauguração está marcada para 5 de Junho, às 16h, numa cerimónia que contará com a presença da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos.

Construído entre 1769 e 1780, o jardim botânico surgiu na mesma altura “das grandes realizações setecentistas do período barroco-rococó nos Jardins de Queluz”, que o circundam, e assumiu uma função essencialmente de “entretenimento e recreio”, ocupando uma pequena área quando comparado com outros jardins botânicos da época. Ao longo do tempo, foi sendo sucessivamente destruído por fenómenos naturais e votado ao abandono, relata a Parques de Sintra, responsável pela reabilitação do espaço, em comunicado. Em 1940, acabou por perder a função original, transformando-se em roseiral, e 44 anos depois foi desmontado para dar lugar a um picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.

Em 2012, a Parques de Sintra, empresa pública que gere vários palácios e monumentos no concelho, iniciou o processo de investigação histórica e de sondagens arqueológicas no local que levaram ao restauro do jardim, integrado no projecto global de recuperação dos jardins e do Palácio Nacional de Queluz. A obra, que representou um investimento de 815 mil euros, tinha como premissa restituir o traçado da cartografia de 1865 do jardim botânico, cuja construção original remonta ao século XVIII.

O projecto, revela a empresa, “ganhou ânimo” com a “descoberta e identificação de diversas cantarias” – das fundações das estufas, do lago central do jardim e da estatutária – que tinham sido desmontadas em 1984 e integradas, ou esquecidas, noutras zonas dos jardins de Queluz. As cantarias originais das fundações foram reincorporadas e as quatro estufas repostas. A intervenção contemplou ainda o restauro de elementos pré-existentes, como as balaustradas que delimitam os diferentes espaços do jardim, os alegretes e os respectivos bancos e painéis azulejares.

Uma rede de caminhos em saibro granítico delimita os 24 canteiros do jardim, que “representam os espaços necessários às plantações representativas das 24 ordens de plantas de Carlos Lineu”, botânico, zoólogo e médico sueco que classificou hierarquicamente as espécies de seres vivos. Nas bordaduras dos canteiros foram plantadas “aproximadamente 10 mil plantas de murta”.

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