Fugas - Viagens

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    Catedral Primada Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
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    Igreja de Nossa Senhora da Candelaria Paulo Pimenta
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    A caminho da residência presidencial Paulo Pimenta
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    Soldados na zona antiga da cidade Paulo Pimenta
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    Restaurante,bar,discoteca, Andrés DC Paulo Pimenta
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    Subida para Santuário de Monserrate Paulo Pimenta
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    Santuário de Monserrate,miradouro para a cidade Paulo Pimenta
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    Santuário de Monserrate Paulo Pimenta
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    Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo Paulo Pimenta
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    Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo Paulo Pimenta
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    Mina de sal Paulo Pimenta
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    Mina de sal Paulo Pimenta
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O realismo mágico de Bogotá

Por Andreia Marques Pereira

Não é uma beleza convencional, tão-pouco é o perigo que convencionalmente se lhe associa. Na verdade, poder-se-ia dizer, parafraseando os slogans turísticos do país, que Bogotá foi de um realismo perigoso e agora o mágico é que se possa querer ficar. Palpitante, a capital colombiana revela-se cosmopolita sem virar as costas à sua história e tradições. E esse é o seu segredo.

É fácil esquecer que em Bogotá estamos nos Andes. Afinal, o planalto onde a capital colombiana se instalou é tão vasto que até lhe chamam “savana de Bogotá” e vai, claro, muito para além dos limites da cidade, que é oficialmente “distrito capital”, Bogotá D.C., portanto. Estamos a 2640 metros de altitude (os bogotanos gostam de dizer que estão “2600 metros mais perto das estrelas”) sem termos noção de tal e os picos montanhosos que nos acompanham não parecem assim muito altos — os cerros Monserrate e de Guadalupe levam-nos acima dos três mil metros de altitude, mas vistos de Bogotá não são impressionantes.

Ao de Monserrate (3215 metros) chega-se apenas de funicular, depois de uma curta viagem que nos eleva sobre a cidade ou nos empareda em túneis de pedra — ou melhor, não “apenas”: os mais desportistas sobem-no como parte da rotina de exercício físico e não sentem falta de ar lá em cima, onde ainda têm energia para estiramentos e outros que tais à sombra do Santuário del Señor Caído (1640). Nós tememos a reacção à altitude e é preocupação vã; se tomamos chá de coca é mais pela curiosidade do que pela necessidade física. Na verdade, até só o tomamos após explorar o monte de Monserrate, miradouro privilegiado — de um lado para as montanhas verdes, desertas, que prolongam a cordilheira oriental dos Andes; do outro, para a cidade, vista daqui uma tapeçaria onde se distinguem arranha-céus e, se observarmos bem, até a Plaza Bolívar, bem perto da encosta, antes se transformar num mar pardo e indistinto até desaparecer entre a neblina (ou smog?).

É já quando estamos a regressar ao funicular, depois da visão etérea de uma cidade que pode ser caótica, que paramos no quiosque onde o chá de coca tem um rival à altura, o típico canelazo, bebido nos Andes desde tempos imemoriais, feito de aguardente, açúcar ou panela (sumo de cana de açúcar coalhado) e água de canela — bebida imprescindível nos dias mais frios, quando os bogotanos até a levam no carro para se aquecerem.

Dias como estes que passamos na capital colombiana — frio à maneira bogotana são dias que podem chegar aos 20 graus e noites com 10, 12 (nós vamos preparados para frio à maneira portuguesa). Não é o típico clima de uma cidade num país tropical, mas Bogotá não é a típica cidade de um país tropical: a altitude não perdoa e Bogotá é a terceira capital mais alta da América do Sul, só ultrapassada por Lima e Quito. Algo que os habitantes da cidade contornam bem, sabendo sempre que uma viagem de duas horas para sul significa encontrar temperaturas de 35 graus, “perfeito para fins-de-semana”, diz-nos Alessandra, a nossa guia. Na cidade, avisa, o melhor é sair todos os dias preparados para as quatro estações, guarda-chuva, casaco e algo enrolado ao pescoço.

Achamos exagerado, mas passámos poucos dias em Bogotá e tivemos sorte, tempo primaveril, com dias cálidos e noites frescas. Perfeitos para caminhar — algo que até há poucos anos seria visto como algo temerário. Mas a Colômbia está a mudar e Bogotá é uma das faces dessa mudança que o ex-Presidente Álvaro Uribe (está na boca de todos) pôs em marcha no país. Ainda se vê muita polícia na rua, metralhadoras ao peito, mas não há tensão, nem dos passeantes nem dos polícias, que não dizem que não a fotografias. Claro que não caminhámos por toda a cidade — fizemo-lo em bairros centrais —, mas o que retemos é que Bogotá merece a mesma preocupação que qualquer grande metrópole: é necessária alguma atenção e há zonas a evitar.

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