Estas não são, contudo, as razões principais para que o novo formato tivesse nascido. Como de costume, as razões assentam em aspectos muito mais prosaicos. É que o novo formato ajuda a contornar algumas das restrições habituais relacionadas com a fobia securitária que assola tanto a Europa como os Estados Unidos, permitindo o consumo de vinho sem a presença de vidro por perto, anunciando-se como a medida exemplar para companhias aéreas, comboios e todos os transportes colectivos que obriguem a medidas de segurança reforçadas.
Imagina-se que a sua implementação seria quase impossível em Portugal, ou para ser mais abrangente, na maioria dos países mediterrânicos, regiões onde a relação com a mesa e o vinho são encaradas com maior compostura. Só mesmo nos países centro europeus ou de matriz anglo-saxónica, países que voluntariamente aceitam a ideia de almoços de consumo rápido, por regra fora de portas, com sandes e saladas comidos na rua ou em parques, poderiam abraçar um formato de vinho pré-embalado em copo, da mesma forma que o aceitam para os refrescos e cafés gigantes que há muito se habituaram a passear pelas ruas. O que sim, será um pesadelo assegurado, caso o novo formato vingue, é a pegada ecológica do "vinho em copo". O desafio de ter de reciclar milhares de pequenos copos de plástico afigura-se como uma tarefa apavorante.
Por ora o sucesso tem atingido principalmente os vinhos comercializados pela célebre Marks & Spencer, vendidos sob o nome "Le Froglet", a marca própria da cadeia de lojas inglesa, engarrafado nas versões branco, rosado e tinto, respectivamente sob as castas Chardonnay e Syrah, embora sobreviva igualmente sob o cinéfilo nome "The Italian Job", igualmente nas três cores, mas aqui sob o patrocínio das castas Sauvignon Blanc, Sangiovese e Sangiovese/Merlot.
Poderá o "vinho em copo" representar o futuro do vinho? Esperemos que não!