No mundo do Moscatel de Setúbal que infelizmente continua tão pouco valorizado só a José Maria da Fonseca se pode orgulhar de ter vinhos verdadeiramente velhos, muitos dos quais se aproximam ou chegam a ultrapassar o primeiro século de vida. Mas, mais que o Moscatel, o que queria salientar da JMF é o lançamento num futuro muito próximo do Bastardinho de Azeitão 40 Anos, uma versão ainda mais voluptuosa e complexa que o lote anterior. Os rendilhados intricados do mel, caramelo, tosta e figos secos são sublimados por uma acidez natural intensa que elevam o final, transformando-o num dos grandes vinhos do mundo. Mas não podemos nem devemos esquecer a Bacalhôa, que acabou de lançar o Moscatel de Setúbal Superior 30 Anos 1985, um vinho de 1985 que esteve 30 anos em casco a ganhar uma riqueza sublime que o catapultou para a ribalta do mundo. É um vinho profundo, incrivelmente untuoso, mas com um final fresco e assertivo que facilmente nos transporta ao céu.
Para rematar, não poderia deixar de salientar o lançamento do mítico Barca Velha, desta vez na colheita 2008, sempre um acontecimento que transcende o nome de um dois vinhos mais marcantes de Portugal. Entre os vinhos que se destacaram contam-se o Soalheiro, sempre preciso, rigoroso e perfumado. O Druida, um branco de produção muito limitada originário do Dão, merece igualmente louvores soltos num branco feito à moda antiga e sem qualquer luxo, um branco tenso, mineral, duro e incrivelmente profundo.