Fugas - hotéis

  • Tiago Mota Garcia/Moinho.com
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Aqui, são os sonhos que andam à roda

Por Carla B. Ribeiro ,

É como estar no centro da acção... sem vontade de mexer um dedo. No cimo de um monte, isolado e com uma vista a 360 graus, dormir neste moinho, em Rio Maior, põe-nos em comunhão como os elementos. Com todo o conforto e um toque de romantismo.
Os vários elementos parecem ser nossos aliados nesta experiência de dormir num moinho. O vento não dá tréguas e marca a banda sonora ao longo de toda a noite, varrendo a mata à volta. A chuva recolhe-se e opta por uma timidez que não lhe permite sequer uns borrifos. Já o sol, logo às primeiras horas da manhã, sorri em todo o esplendor, iluminando uma vista que parece estender-se até ao infinito da nossa preguiça matinal. É isto que por aqui passamos em dias de prenúncios deste Inverno.
 
E é assim que cumprimentamos o novo dia, ainda enrolados no aconchego de mantas que explodem em cores. Os primeiros passos têm destino certo: rumo ao último piso dos nossos aposentos — acolhedores sem mácula, como já tivemos oportunidade para comprovar — para admirarmos a paisagem que, neste Moinho.com, em Rio Maior, se desenha a toda a volta, tirando proveito das janelas que se exibem qual ecrãs panorâmicos e que roubam todo o protagonismo ao pequeno televisor que, perante a vista em torno, se torna, felizmente, um mero objecto decorativo. Sentados num dos confortáveis sofás, é impossível não sentir que se é o centro da acção e que tudo gira à nossa volta.
 
A sensação é também de contrastes, entre o milenar peso da história e imagética que todos nós ligaremos aos moinhos e a modernidade que nos rodeia. Para mais, além do óbvio e imediato apelo à contemporaneidade patente no nome (aquele “.com” não engana), saliente-se que por aqui tudo cheira a novo, até porque este alojamento abriu no início de 2013, juntando-se a uma oferta que inclui um outro moinho — mas mais tradicional, o Moinho da Senta —, a geminada Casa do Moleiro, a familiar Casa d’Al.deia e a rural Casa do Foral.
 
Apesar das inovações, é de ressalvar que neste Moinho.com manteve-se tudo “o que foi possível” da velha estrutura em ruínas. Só que agora as grossas paredes em pedra da edificação original funcionam quase como elementos decorativos num espaço que prima por técnicas de construção e por uma disposição dos nossos dias, tirando até proveito acrescido de um verdadeiro (e criativo) jogo de luzes.
 
Assim que se entra, numa cozinha “de bonecas”, traçada a luminosos branco e alumínio, somos capazes de quase tudo. Desde preparar um pequeno-almoço a preceito até um jantar mais requintado. No interior, uma mesa para servir as refeições. Mas, em dias mais acalorados, uma mó do moinho colocada no exterior pode transformar-se numa mesa de luxo e numa opção mais prazenteira para uma refeição ao ar livre (especialmente a dois, isso é garantido).
 
Uma curiosidade: no Moinho da Senta, no cume do monte ao lado, o facto de o diminuto espaço não permitir incluir uma cozinha determinou a criação de um espaço distinto para refeições no exterior. Incrustada na rocha, e aproveitando esta para criar parte da sua estrutura, há uma sala onde se pode cozinhar refeições, além de que, sendo toda envidraçada, funciona como miradouro sobre a aldeia no vale.
 
Ainda a descobrir os recantos do “nosso” moinho, ficamos com a certeza de que todo o espaço foi inteligentemente aproveitado. Como por exemplo na pequena cozinha, onde se repara de imediato no bom aproveitamento das grossas paredes, onde um armário embutido serve para arrumar as loiças. Depois, é a partir desta divisão, que se é convidado, através de uma escada que acompanha, em redondo, as paredes da estrutura, a descobrir o resto dos aposentos.
 
No segundo piso, o quarto. Como tudo o resto, uma cama também em redondo (testada, como manda o figurino: o sono, asseguramos, é no mínimo revigorante e só apetece “perder” a manhã), com três janelas, que recortam sob o rectângulo uma tela viva, a servirem de cabeceira. Como contraponto às cores desmaiadas das paredes e à pedra crua, uma colcha de motivos florais, cheia de vermelhos, laranjas e rosas, combina com os elegantes candeeiros de pé alto com abajur em vermelho vivo e ladeados por botões de rosa que ocupam as mesinhas de cabeceira, também elas a formarem um círculo perfeitinho.
 
Mas a verdadeira surpresa está escondida atrás dos espelhos que parecem duplicar a dimensão do quarto: a grossura das paredes foi aproveitada para criar um pequeno roupeiro e um espaço de casa de banho. Aproveitado milimetricamente, e com luz natural que chega de uma pequena escotilha, esta casa de banho em miniatura — literalmente dentro da parede — inclui uma base de duche que, não sendo muito espaçosa, admite um duche revigorante q.b. (a força da água, puxada de propósito para aqui numa operação custosa a vários níveis, como sublinhou em conversa informal o proprietário, Carlos Madeira, é notável), um pequeníssimo lavatório e sanita. À volta, mais uma vez o vermelho de vida impresso pelas paredes forradas e que contrasta com o negro brilhante do chão.
 
Por fim, a jóia da coroa. No último andar, uma sala ampla leva-nos o olhar para longe com o seu formato circular rasgado a vidro. Correm-se as pequenas cortinas e descobrem-se os contrastes de toda uma região: a cidade, as pequenas aldeias, a serra…
 
É no capelo, mesmo no topo deste albergue, que a preguiça acaba por nos vencer. Deixamos o olhar perder-se no horizonte e quase nos sentimos uns turistas Dom Quixotes do séc. XXI, embora com uma gigantesca diferença: contra este moinho, nem nós nem ninguém ousaria lutar. Queremos acreditar que até o lendário fidalgo aproveitaria para fazer uma pausa nas suas épicas batalhas, pôr o descanso em dia e dedicar-se a outras fantasias. Como nós, senhores deste onírico moinho por uma noite de sonhos.
 
A Fugas ficou alojada a convite da Casa do Foral
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Como ir
Tanto de Norte como de Sul, seguir pela A1. Sair em Santarém, para a A15, em direcção a Rio Maior; sair em Rio Maior Este. Chegados a esta localidade, seguir as indicações para a Casa do Foral – é aqui que podem ser levantadas as chaves do Moinho.Com.
 
Onde comer
É fácil fazer compras – há vários supermercados à saída de Rio Maior – e cozinhar alguns petiscos no próprio moinho. Se se optar por uma refeição fora, o Recantão é um restaurante a ter em conta: com uma cozinha tipicamente regional, as carnes grelhadas (olho de boi, lagartão, carvoáda, etc.) são uma especialidade. O serviço é familiar e eficiente. O preço médio de uma refeição, excluindo bebidas, anda à volta dos 15€ por pessoa.
 
O que fazer
O sossego é ideal para pôr a leitura em dia. Por isso, é de carregar o carro com os livros para os quais ainda não se teve tempo. Quem não abdica de momentos mais activos, pode dedicar-se a caminhadas pela mata em volta. Pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, várias empresas dedicam-se a actividades mais ou menos radicais e que vão desde canoagem e passeios pedestres até escalada, rapel, slide e tiro com arco.

Preços
Os preços por noite são determinados pelo número de pessoas a ocupar o moinho. Duas pessoas, desde 110€; três, 120€; e quatro, a partir de 130€. Além do Moinho.com, ideal para escapadas românticas ou eremitas, há nesta mesma área o Moinho da Senta, com lareira e decorado de forma tradicional, e a Casa do Moleiro que pode ser alugada por uma só família ou então ser dividida em duas – o espaço prima pelo facto de aproveitar a rocha que nasce nas suas traseiras e pela vista. Para famílias numerosas ou grupos de amigos, a Casa d’ Al.deia com quatro quartos (de 135€ a 250€ por noite), num registo árabe e recheada de apontamentos das inúmeras viagens do proprietário, inclui piscina e churrasqueira. Num registo mais hoteleiro, a Casa do Foral, no centro de Rio Maior, oferece seis quartos num espaço que inclui, além da casa da família de Carlos Madeira, piscina e sala de estar comum. Em todos os espaços aceita-se animais de estimação: tanto cães como gatos.
Nome
Moinho.com
Local
Rio Maior, Rio Maior, Rua da Boavista, 10
Telefone
919561094
Website
http://www.casadoforal.com/
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