Vamos começar esta história ao estilo do sempre popular “Quem quer ser milionário”, ou seja, com uma pergunta: qual é o hotel mais antigo dos Açores ainda em operação? A resposta, neste caso óbvia, não tem nenhum prémio associado, mas é fulcral para se falar do Terra Nostra Garden Hotel.
Se actualmente o turismo açoriano começa a ganhar competitividade — em 2013 registou um aumento de 11% no número de dormidas em relação ao ano anterior —, em 1935, quando o Terra Nostra abriu portas, os Açores ainda eram sobretudo uma paragem de marinheiros e aventureiros afins. Tipos com o espírito de Thomas Hickling, um rico comerciante norte-americano que, no século XIX, ao chegar ao Vale das Furnas, percebeu as potencialidades do termalismo e ali ergueu a sua casa de férias, o famoso Yankee Hall, que lançaria as sementes do que é actualmente o Parque Terra Nostra.
Ao vislumbrar a enorme piscina de água amarela, férrea, da janela de um dos quartos do hotel, envolta em nevoeiro, fumo e verde por todos os lados, percebemos melhor o impacto que a localização terá tido em Thomas Hickling, mas também nos muitos estrangeiros que aqui acorrem vindos, sobretudo, do Norte da Europa.
Todo o hotel está virado para o Parque Terra Nostra. São mais de 12 hectares de um jardim com mais de duzentos anos, localizado na cratera de um vulcão, que tem uma das maiores colecções de camélias e de cycas (pequenas árvores com a forma de uma palmeira) do mundo. Um pequeno paraíso de contornos peculiares devido à actividade vulcânica que faz com que algumas espécies botânicas tão raras quanto distantes aqui floresçam e que fumarolas emerjam do chão aqui e acolá. Características que mereceram a inclusão do parque na lista de Best Green Retreats da revista Condé Nast Traveler.
“Através das sucessivas gerações da família Bensaúde, preocupámo-nos em dotar as Furnas de um adequado estabelecimento hoteleiro, à altura da magia deste vale místico, tornando as suas ‘bocas do inferno’ em cozinhas ao ar livre e as suas águas férreas em piscinas de sonho, propícias ao sossego e à meditação”, disse António Castro Freire, administrador do grupo Bensaúde, proprietário do hotel, durante a inauguração oficial do novo Terra Nostra Garden, no final de Janeiro. Os Bensaúde, família de empresários açorianos que detém vários hotéis no arquipélago e outro no continente, são os donos do espaço desde o seu início e também investiram no desenvolvimento do parque que o sustenta.
No ano passado, o Terra Nostra Garden fechou sete meses para obras, tendo reaberto portas em Setembro, já com quatro estrelas. Este edifício septuagenário, que ainda exibe orgulhosamente o estilo Art Déco original na sua ala mais antiga, ganhou entretanto uma nova, de ar mais contemporâneo, sem entrar em rota de colisão com o espírito do hotel. Não se tratou, contudo, de uma questão de quantidade. “Tínhamos 81 quartos, no total, e agora passamos para 86, sendo que construímos oito quartos novos e perdemos três, porque entretanto tivemos de construir acessos ao terraço e de emergência”, explica Carlos Rodrigues, director do Terra Nostra Garden. Nas suas palavras, da remodelação resultou “um espaço transfigurado onde os níveis de conforto são muito acima daquilo a que as pessoas estavam habituadas no Terra Nostra, que era um produto já datado no tempo”.
O restaurante do hotel ganhou área e uma nova ligação ao parque de onde vai buscar as ervas aromáticas que utiliza em pratos e bebidas de assinatura. Os locais que ali afluem ao fim-de-semana para comer o cozido das Furnas e filetes de abrótea em jeito de tradição familiar são agora surpreendidos com versões vegetarianas do célebre cozido e outras novidades como ceviche de beterraba. E os estrangeiros têm uma panóplia de produtos açorianos à disposição, desde manteigas, queijos, vinhos e águas numa verdadeira celebração do made in Azores.
Uma das maiores novidades, contudo, será o spa que nasceu das obras de remodelação, onde a vertente de bem-estar que o hotel se propõe desenvolver ganha um espaço próprio. E se, como Carlos Rodrigues defende, “o próprio parque é um spa ao ar livre”, aqui há massagens, tratamentos faciais e rituais que tanto descontraem como combatem a má circulação. A direcção do hotel quer atrair “fisioterapeutas com conhecimento de causa e proporcionar tratamentos de qualidade nas mais variadas áreas” num futuro próximo. Até lá, a relação com o parque está em fase de namoro. Estão a estudar-se formas de trazer as plantas do parque para a marquesa do spa, conhecer e tirar o máximo benefício das suas propriedades.
Se até agora a idade média dos clientes do hotel rondava os 60 anos, a remodelação do Terra Nostra Garden teve também como propósito chegar a um público novo, mais dinâmico. O investimento de cerca de oito milhões de euros foi, em grande parte, para melhorar a infra-estrutura num lifting que, por exemplo, pôs ar condicionado em todos os quartos e modernizou a decoração com ampliações de radiografias de plantas do Parque Terra Nostra a servir de papel de parede e de estampado em almofadas e cabeceiras de cama.
O desafio de atrair um público mais jovem, contudo, não fica resolvido com a remodelação. É por isso que surgem também novas ofertas de lazer, como os trilhos guiados pelo Parque Terra Nostra por uma engenheira do ambiente que é também a filha do jardineiro que há décadas cuida dele. E se trilhos há muitos, onde é que se encontra um hotel com histórias destas?
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Informações
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Como ir
Estamos a falar de um arquipélago no meio do Atlântico, daí que não haja alternativas ao avião. Tanto a SATA como a TAP fazem voos directos para Ponta Delgada, ilha de São Miguel, com preços a partir de 119 euros. Do aeroporto de Ponta Delgada até à Povoação, freguesia onde se situa o hotel, é uma viagem de carro de cerca de 45 minutos que pode ser feita quer pela auto-estrada, quer por estradas regionais, sem grandes diferenças de tempo. As estradas estão bem sinalizadas e as paisagens naturais valem a pena.
O Que Fazer
Um mergulho na famosa piscina de água férrea é obrigatório. A temperatura da água está entre os 36 e os 38 graus dependendo da proximidade à fonte, de modo que, faça chuva ou faça sol, é uma experiência que promete mais do que benefícios para a saúde dos ossos. O hotel organiza trilhos pelo parque, mas se preferir explorar no singular, depois de uma caminhada de 30 minutos chegará à lagoa das Furnas, em cujas margens se faz o célebre cozido debaixo de terra aproveitando as águas ferventes vulcânicas. Se o cheiro do enxofre lhe faz confusão, fique pelo centro da freguesia. Nas imediações do hotel há mais do que uma fábrica dos famosos bolos lêvedos, uma especialidade da ilha recomendável na altura de trazer presentes para quem não foi.
Quando ir
Em Fevereiro, há uma exposição com as mais de 600 variedades de camélias existentes no Parque Terra Nostra. A chegada da Primavera muda totalmente a paisagem do parque, que ganha cores e cheiros inacessíveis durante os meses de frio. Se aprecia flores, marque no calendário os meses de Março e Abril.
Preços
Os preços por noite em regime bed and breakfast começam nos 99 euros, no caso de um quarto single com vista para o casino, mas chegam aos 275 euros para uma suite com vista para o jardim.
Os preços por noite em regime bed and breakfast começam nos 99 euros, no caso de um quarto single com vista para o casino, mas chegam aos 275 euros para uma suite com vista para o jardim.
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A Fugas esteve alojada a convite do Terra Nostra Garden Hotel
- Nome
- Terra Nostra Garden Hotel
- Local
- Povoação, Furnas, Rua Padre José Jacinto Botelho, 5
- Telefone
- 296549090
- Website
- http://www.bensaude.pt/terranostragardenhotel/
- Observações
- Após as obras de remodelação, o hotel conta agora com um total de 86 quartos, dos quais duas suites situadas na Casa do Parque, um edifício do século XIX virado para a piscina de água férrea. Fundado em 1935, o hotel foi sofrendo várias obras e ganhando novos espaços ao longo dos anos. Daí que encontrar dois quartos iguais seja quase impossível, até pela forma em meia-lua do edifício central.
