Se Mário já foi apelidado de "Mário das Caipirinhas", rapidamente evoluiu daí para a invenção ou adaptação de vários cocktails (com um toque pessoal, segredos do ofício, diríamos), a que deu nomes muitas vezes começados por "caipi" mas que estão cada vez mais distantes da tradicional bebida brasileira. As caipirinhas, caipiroskas, morangoskas são quase uma "obrigação" à beira das bamoroskas (banana, morango e vodka), majaris (safari e maracujá), caipicellos (limoncello e lima), caipivinho (Casal Garcia Rosé e lima), caipimelloa (vodka e melão ou meloa - daí os dois "l"), frambuoska (vodka e framboesa), maracujoska (vodka e maracujá); das "brincadeiras" caipichupa (vodka, muita fruta e chupas), e caipiursos (vodka, muita fruta e gomas de ursos); da geladoska (vodka, morango e gelado - Ben & Jerry''s), por exemplo - e a blackiroska (vodka preta e lima), a mais vendida. Os nomes, normalmente, não enganam e revelam a mistura de ingredientes.
Porém, aqui não há ortodoxias. Pode-se pedir caipirinha à medida. "Às vezes pedem coisas estranhas", ri Mário, "nós fazemos, mas não nos responsabilizamos" - por exemplo, caipirinha com whisky ao invés da cachaça. Aliás, esta abertura foi fundamental para a lista que hoje existe: "Algumas bebidas nasceram de pedidos dos clientes", explica Mário, e estes são muitas vezes convidados a experimentar as novas criações - "Eu faço a leitura das suas reacções". Por estes dias, a carta ainda não tem a vodka preta com maracujá, mas já é um dos favoritos da casa - a vodka preta é, aliás, é cada vez mais pedida, revela Mário, "é mais suave, parece que não tem álcool". E este é, na verdade, um dos traços dominantes das caipirinhas aqui: não terem um forte sabor a álcool, independentemente da bebida base - é isso que faz uma "boa caipirinha", considera Mário.
E as caipirinhas do Café na Rua foram feitas "para levar". "Queríamos vender caipirinhas para a rua", confessa Mário, mas os clientes começaram a trocar-lhes as voltas. E a sentarem-se nas poucas mesas ou a deixarem-se ficar em pé enchendo o espaço, que não é grande. O Café na Rua queria ser uma espécie de "fast-caipirinhas", imaginamos, e, mais do que tudo - aqui é o caso de um nome que não engana -, queria mesmo estar na rua. E, não o podendo (embora até já haja holofote a "apropriar-se" do edifício grafitado em frente), "trouxe-a" para dentro de portas, ou melhor, alguns dos seus elementos. Não de forma óbvia e ostensiva, explica Mário ("não há semáforos ou sinais de trânsito", por exemplo).
Betão, pinho e azulejos são os materiais primordiais. Os azulejos estão na fachada da rua estreita, o betão está no balcão rugoso, no lavatório da casa-de-banho (duas, unissexo, forradas a azulejo azul brilhante), o chão é de lajes tingidas pelo tempo, há um andaime estilizado que compõe um mezanino (espaço reservado para grupos), as paredes de pé direito respeitável são azul nocturno (porque é de noite que se vive nesta "rua") e o pinho está nas estantes, nas mesas e cadeiras - o pinho são "caixas de fruta" que a fingirem bancos têm almofada negra.
- Nome
- Café na Rua
- Local
- Porto, Porto, R. Conde de Vizela, 122
- Telefone
- 934385607
- Horarios
- Terça a Domingo das 22:00 às 04:00
- Website
- http://www.cafenarua.com