Nada de floreados, avisa Miguel Eusébio, o barman do Champanheria da Baixa Bistrô. E depois é o proverbial shake shake shake. Até podíamos pensar que estamos num local especializado em cocktails, no entanto, a verdade é que na nova casa com assinatura Champanheria da Baixa o ponto forte até é a mesa, e os grelhados são cabeça de cartaz. Mas quem nasce com vocação borbulhante nunca a perde totalmente e no balcão esta até é exposta com despudor: num balde, juntam-se garrafas do néctar francês e do seu congénere espumante português; ao lado, é a polpa de morango que espera para ser misturada e fazer nascer as sangrias que são as bebidas-assinatura — de morango e tropical também, com champanhes e espumantes a fazerem as honras da casa.
Estamos numa esquina, noutra esquina do Porto e se estas ainda não são uma superstição da Champanheria da Baixa podem vir a tornar-se. Nesta versão Bistrô a esquina é redonda — a Rua de Sá da Bandeira a ver a Rua de Fernandes Tomás a atravessá-la, nós a vermos o mercado do Bolhão do outro lado. O edifício é dos anos 1950, este espaço já foi de uma loja de roupa (Maluka deverá dizer algo a uma geração) e foi acompanhando o ar do tempo, o que significou ver parte das suas características arquitectónicas mais distintivas enterradas por uma determinada ideia de modernidade que incluía chapa e inox, por exemplo. Foi isso que Bruno Gomes e Rui Botelho encontraram — à primeira vista — numa altura em que procuravam, calmamente, expandir o negócio. “Não queríamos um projecto igual, queríamos fazer uma evolução”, explica Bruno Gomes.
Agora que já não são novatos na área, o passo evolutivo a dar seria uma vertente mais gastronómica. Se a Champanheria da Baixa tem tapas, aqui servem-se refeições e essa é mesmo a primeira aposta. Implementar um serviço de almoços e jantares é a fase inicial do projecto, que depois passará pelo pequeno-almoço, os snacks para as tardes e as sangrias sempre, para acompanharem tudo — ou beberem-se sozinhas. O resultado final será um bar-restaurante em toda a sua plenitude mas em concretização faseada, uma vez que “o Porto ainda não é suficientemente cosmopolita para o boom”.
Entramos no Champanheria da Baixa Bistrô num final de tarde, três semanas depois da sua abertura, a 12 de Maio. A esplanada é ampla, embora o trânsito não a torne o local mais tranquilo (tudo se altera um pouco mais tarde), mas é no interior, para lá dos janelões que rasgam a fachada, que se sente a aura dos anos 1950 que os dois sócios quiseram resgatar. É inevitável falarmos da árvore de folhas avermelhadas (tronco verdadeiro e folhas coladas por Bruno Gomes), como um Outono perpétuo, que constitui o centro da sala: em torno dela desenha-se um balcão redondo, ela sobe a acompanhar o pé direito desmesurado que ao fundo é quebrado por uma mezzanine. O ambiente é sóbrio, de madeira escura, mármore nos tampos das mesas e latão — que é o friso do balcão e do parapeito da mezzanine que antes era em meia-lua e eles tornaram ondeante.
O único elemento estrutural intocado é a escada em caracol que sobe até à mezzanine. Contudo, mesmo esta precisou de ser despida dos elementos que adulteraram a sua arquitectura. Foi além das aparências que viram os sócios, que nem estavam com pressa para abrir a segunda Champanheria da Baixa. “Andávamos à procura calmamente mas quando encontramos este espaço tudo se precipitou”, conta Bruno Gomes. Uma precipitação também animada pelas promessas de recuperação do Bolhão, por alguma vontade de fugir à massificação da zona da Baixa-Clérigos (“fazer a passagem para o outro lado dos Aliados”) e pela abertura recente do bbGourmet na área (“dois projectos já com nome na cidade a trabalharem juntos”).
- Nome
- Champanheria da Baixa Bistrô
- Local
- Porto, Sé, Rua Sá da Bandeira, 467
- Telefone
- 223235254
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 11:00 às 00:00
Sexta-feira e Sábado das 11:00 às 02:00
- Website
- http://www.champanheriadabaixabistro.com/