Havia o Clubbing, uma vez por mês, mas nos outros fins-de-semana não havia maneira de se dançar na Casa da Música. Até agora: desde 16 de Fevereiro, o sétimo e último piso do "meteorito" de Rem Koolhaas é o Bar Casa da Música. Funciona aos sábados à noite e partilha espaço com o Restaurante Casa da Música.
A dança faz-se com vista para a instalação multicolor de Pedro Cabrita Reis, criada para duas óperas que viram a luz do dia na Sala Suggia, em 2009. A instalação quebra o ar vagamente extraterrestre, vagamente industrial da Casa da Música - o tecto fica a sete metros de altura, há painéis metálicos suspensos sobre a pista de dança. Outro luxo: a esplanada exterior, com a rotunda da Boavista como ponto de fuga e uma das melhores vistas panorâmicas da cidade. A pedir noites de Verão.
Portugal primeiro
Rui Martins Pereira, o comissário do Bar Casa da Música, começou a "fazer festas com dois amigos" quando tinha 15 anos. Começou a ser DJ "por um acaso": "Fui pedir trabalho, queria ir viver com a namorada. Em vez de me convidarem para o bar, pediram-me para pôr discos."
O primeiro bar de Rui foi o Loco Mosquito, no Foco, nos anos 1980. Voltaria às lides nocturnas em 1995, com o Trintaeum. Passou ainda pelo Rivoli Café-Concerto e programou a agenda do bar Auditório, na baixa do Porto.
Há uns meses, surgiu o convite da Casa da Música. "É a casa de todas as músicas", defende Rui Martins Pereira, que promete uma programação centrada na "música electrónica de dança". Os nomes que por lá já passaram (Tiago, Zoda Cade, Floating Points) e os que aí vêm indicam que a linha musical do Trintaeum será seguida - não faltarão as novas aventuras do house e do techno cruzadas com actualizações do passado glorioso disco. Mas com uma aposta reforçada na produção portuguesa.
"Há uma grande preocupação em trazer os melhores valores nacionais porque em Portugal está-se a dar uma coisa interessante: há muita gente a produzir, a editar música, a fazer coisas boas com bastante projecção internacional, muito mais até do que nacional", confirma Rui. É o caso de Social Disco Club, em quem apostou no passado: "Estava no anonimato e hoje é um DJ conhecido", que tanto actua em Portugal como no Dubai.
"Há muitos sítios, mas estes artistas não têm tido a exposição que merecem [em Portugal]", prossegue. "Este é um espaço emblemático, quanto mais não seja pelo peso que representa. E aqui vão ter a noite deles: uma coisa é fazer parte de um alinhamento em que o cabeça de cartaz é um qualquer estrangeiro; outra coisa é ser o cabeça de cartaz."
O espaço é "emblemático", como diz Rui, mas a última coisa que o comissário quer é que o Bar Casa da Música tenha um ambiente formal. "Há uma responsabilidade maior [em programar um bar na Casa da Música], mas penso que não. Uma das coisas que pretendo é também quebrar esta coisa muito institucional."
O ambiente do último piso dá uma ajuda. O espaço transforma-se, lentamente, a partir das 23h, de restaurante em bar. "Quem está a jantar e quiser ficar mais um bocado pode beber um copo", convida Rui Martins Pereira, que sabe que o espaço se destina a uma clientela assumidamente "adulta" ("a partir dos 20 anos").
- Nome
- Bar Casa da Música
- Local
- Porto, Ramalde, Avenida da Boavista, 604/610
- Telefone
- 220120200
- Horarios
- e Sábado das 23:00 às 04:00
- Website
- https://www.facebook.com/BarCasaDaMusica
