Pelo menos uma coisa o Eskada Porto já conseguiu: fazer com que a noite "pura e dura" (só abre à meia-noite) se estenda fora da órbita da Baixa das aventuras nocturnas portuenses.
Não o faz por acaso, se atentarmos nas palavras de Miguel Mesquita, um dos membros do quarteto gerente da casa: "Quem vem ao Eskada, não vai à Baixa", afirma, "vem para um clube, não vai beber copos a dois euros e saltar de um lado para o outro". "Tem de cuidar-se um pouco mais."
Também se cuidou este Eskada Porto, que tomou conta, nos finais de Março, do espaço do antigo Havana Prestige, pertencente ao mesmo grupo do Eskada, e que funcionou durante menos de dois anos aqui. "O modelo esgotou-se", conta Miguel Mesquita, e os quatro sócios propuseram a vinda do Eskada Club aos seus proprietários, "para captar um público diferente". A "operação de cosmética" limpou qualquer vestígio da velha Havana que antes constituía o cenário que se encerra num edifício cor-de-rosa forte e se prolonga numa fachada "oca", que esconde o pátio de entrada: as antigas janelas agora ostentam as letras que conjugam a nova designação do espaço e, mais do que isso, a nova filosofia.
Se Eskada é "sinónimo de glamour", o Eskada Porto tem uma "metodologia diferente" de funcionamento, em que "o serviço e a diversão" são a prioridade: o serviço é premium (inclui chefe de sala e empregados de mesa), a diversão é transversal (em termos etários e de gosto musical) - tudo ao serviço de "um pacote que coloque a casa num patamar superior".
Voltemos à cosmética. O espaço mantém praticamente o mesmo desenho da encarnação anterior, porém a decoração perdeu a "rusticidade" anterior, para se mostrar brilhante e contemporânea. Houve alguma reciclagem - por exemplo, os balcões: os de madeira clássicos pintaram-se de branco, o de acrílico encerra imagem diferente (um bosque outonal) - e houve sobretudo inclusão de espelhos, omnipresentes, de volumes excêntricos ou tecidos impressos com retratos renascentistas e setecentistas nas paredes (estes à laia de quadros) e padrões em forma de favos que se distinguem em algumas paredes e até no chão. Este, por sua vez, perdeu a pedra, "incómoda", e o pátio encolheu pelo acrescento de uma varanda, ganhando nova sinuosidade num deck que contorna as árvores e recebe o mobiliário.
O interior recebeu um espaço novo, The Store, onde o clube vende o resultado da sua colaboração com alguns criadores nacionais, como Nuno Gama ou Katy Xiomara, em forma de merchandising, e um "acrescento", The Room, feito de transparências, instalado em cima do lago e com saída para a varanda e para o main room, com uma vocação de exclusividade (o aluguer custa 500€) que se estende na sala principal. The Beat organiza-se em torno da pista de dança e possui espaços reservados em abundância: privados por detrás do DJ e boxes ao lado da pista, em patamares distintos que os transformam em miradouros privilegiados (os preços variam entre os 200 e os 400 euros, dependendo da noite e do tipo de serviço). A pista principal tem agora a companhia de uma secundária, na sala mais "clássica" do espaço, virada à varanda e ao pátio.
Esta divisão de pistas permite maior balanço musical: enquanto na principal se presta devoção à dance music, vertente mais mainstream - voltamos à diversão: "Não temos pretensões pedagógicas", explica Miguel Mesquita, "os nossos clientes conhecem a música que ouvem na rádio e na televisão" - na secundária permitem-se devaneios mais retro, com incursões pelos anos 1980, 90 e alguma música brasileira.Não aquela que chega à pista principal às quartas-feiras, influenciada pelas telenovelas: o público está bem segmentado e este é distinto do que vem fim-de-semana - são, sobretudo, estudantes, que têm outras expectativas musicais. Por isso, as quartas-feiras, as noites "My Boyfriend is out of Town", são mais livres e "irreverentes", e com direito a DJ convidados mais orientados para um público jovem - os DJ residentes da casa entram em acção à sexta e sábado: Miguel Barros na pista principal e Jean Paul na alternativa.
As quartas e sextas-feiras têm também ofertas especiais: até às 2h30 as mulheres não têm consumo obrigatório e têm direito a três bebidas e até às 3h30 têm direito a três bebidas por cinco euros; os homens pagam 10 euros consumíveis. Isto com guest list: "Pouca gente vem sem ela e nós dificilmente trabalharíamos sem Facebook", diz Miguel.
Não se pense, porém, que a inclusão na guest list é garantia de entrada - é garantia de preços, a entrada depende do critério do porteiro e o que se quer no Eskada é a gente "mais agradável e mais gira". Os únicos privilegiados com entrada garantida são os detentores de cartão de cliente - oferecido aquando da abertura - ou os clientes de garrafa. Uma vez lá dentro, contudo, não há diferenças, assegura Miguel Mesquita, e o "serviço de proximidade", "elemento diferenciador numa altura de grande concorrência", é para todos. "São tão importantes os clientes dos privados ou os dos 5, 10 euros."
É exclusivo, sim, mas apenas q.b., o Eskada Porto. O suficiente para ser um "clube generalista de referência".
- Nome
- Eskada Porto
- Local
- Porto, Santo Ildefonso, Rua da Alegria, 611
- Telefone
- 916676729
- Horarios
- Quarta-feira, Sexta-feira e Sábado das 23:00 às 06:00
- Website
- https://www.facebook.com/EskadaPorto/