Nos últimos anos, Lisboa tem ganho miradouros de comes e bebes em cada terraço e o Madame Petisca — no topo do Hotel Monte Belvedere, altaneiro sobre o miradouro de Santa Catarina — vem aumentar a oferta de perspectivas sobre o perfil da cidade e de gastronomias à mesa. Lá fora, compõe-se um retalho de telhados antigos e prédios modernos, entrevê-se a varanda do miradouro do Adamastor ao nosso lado (a estátua escondida atrás do edifício), sobressaem da paisagem urbana a torre da antiga Central Telegráfica e Telefónica de Lisboa ali em baixo, a nova sede da EDP mesmo à nossa frente, as gruas de Alcântara para a direita e a cúpula da Basílica da Estrela já no cimo da Lapa. Mas é no rio que o olhar se magnetiza, no Cristo Rei da outra margem, na ponte que se desenha no horizonte.
A vista fala por si e é predicado suficiente para uma visita, até porque um postal ilustrado de Lisboa nunca cansa. As paredes de vidro e as mesas — baixas para a margem do Tejo e altas na parede oposta — garantem que ele nunca sai de cena. No entanto, a panorâmica não é jóia única desta madame. Como o nome indica, aqui quem manda é o petisco. A oferta, delineada pela chef Patrícia Rego, baseia-se na gastronomia portuguesa para “depois transformá-la um bocadinho”, fugindo à “cozinha totalmente tradicional”, conta Vera Pontes, responsável pelo espaço.
Na ementa, que terá alterações em breve para se adaptar aos dias de Inverno, destacam-se os lombinhos de porco com ginja, os folhados de queijo de cabra e de cebola roxa, o tornedó de rabo de boi com molho de alperce ou as vieiras gratinadas, numa carta que se divide entre petiscos vegetarianos, de peixe e de carne. Para acompanhar, há aros de cebola frita, banana-pão frita ou cascas de batata, entre outros — e a finalizar uma lista de sobremesas que vão desde a tarte de “bananoffee” à delícia de chocolate merengada, passando pelos gelados caseiros de baunilha, biscoito ou café.
Até há pouco tempo, funcionava aqui o restaurante da guesthouse Monte Belvedere — agora hotel — “num serviço personalizado para os clientes, com um menu de degustação”. Em Maio, o grupo Shiadu decidiu tornar o espaço independente (se se subir pelo elevador da entrada nem se chega a entrar na unidade hoteleira propriamente dita) e abri-lo ao público em geral, num conceito “mais simplista”, onde cada pessoa se pode “sentir em casa”. “Até a madame pode vir para o nosso espaço petiscar e estar à vontade”, ri-se Vera, indicando que gracejo semelhante terá estado na origem do nome.
O chão em deck de madeira, os vasos de oliveiras e as cadeiras em metal colorido, de ar vintage no interior e desdobráveis no exterior, procuram dar-lhe esse tom descontraído. Já os pequenos frascos com flores pelas mesas, oferecidos por Ana Robert, bisneta dos primeiros proprietários do prédio dos inícios do século XIX, dão-lhe o toque de história: terão sido recipientes dos perfumes produzidos na cave do edifício cor de tijolo.
À nossa mesa, as fragrâncias de outros tempos são substituídas pelo odor dos lombinhos com ginja, regados com o cocktail da casa (feito à base de gin, frutos vermelhos, hortelã, lima e água gaseificada) e, sob o calor ameno de final de tarde, deixamo-nos ficar por momentos, numa despedida antecipada aos ares de Verão.Madame petisca
- Nome
- Madame Petisca
- Local
- Lisboa, Santa Catarina, Rua de Santa Catarina, 17, (Hotel Monte Belvedere)
- Telefone
- 915150860
- Horarios
- Todos os dias das 16:00 às 00:00
- Website
- http://www.madamepetisca.pt/