Fugas - restaurantes e bares

Fernando Veludo/NFactos

O Triplex está “retro”

Por Andreia Marques Pereira ,

O Triplex é mais do que um bar (sim, é também um restaurante, mas não é essa a questão). O Triplex foi, e em certa medida continua a ser, um "trend-setter". O "electroclash" deu os primeiros passos ali - ninguém se esquece do fenómeno Club Kitten, as festas do dj agora também líder de banda que foram durante alguns anos "the place to be" no Porto.
E o regresso aos anos 80 foi ali ensaiado, com tanto sucesso que se mantém hoje quase que um dogma "retro" no Triplex. Na linha da frente desse "revival" continuam as festas Gigi, que substituíram o Club Kitten como festa-instituição do Triplex e são o maior arrasta multidões do bar: nos primeiros sábados de cada mês espere-se engarrafamento no Triplex.

Club Kitten e Gigi são dois fenómenos incontornáveis do Triplex (e da noite portuense) e marcaram (marcam) de forma indelével o bar e a sua imagem - Alcina Teixeira, a responsável, é a primeira a admiti-lo. Com o Club Kitten - que já há algum tempo se mudou para outras paragens - cultivou-se a loucura deliberada (no comportamento e no vestir a extravagância era o mote), que ficou de certo modo como imagem de marca do Triplex.

As festas Gigi acabaram por preencher, em parte, o vazio deixado pelo Club Kitten, mas a loucura está (mais) domesticada e formatada (o que, paradoxalmente, se tornou um dos ingredientes de sucesso destas noites: quem vai, sabe que corre o risco bastante real de ouvir misturas tão improváveis quanto, por exemplo, Joy Division, Madonna (nas suas várias encarnações) e Doce - sem esquecer o hino (para quem cresceu na década de 80, pelo menos) que é o tema dos desenhos animados "Dartacão e os três moscãoteiros").

No entanto, os fins-de-semana do Triplex são sempre um apelo ao hedonismo - seja com a Gigi, seja com outra das residências que se repetem todos os meses (a música, essa, anda sempre em torno do mesmo: 70"s, 80"s, 90"s, com um piscar de olho a coisas mais contemporâneas a aposta é, portanto, na nostalgia da geração dos 30. E são uma prova de resistência: às multidões compactas (que se concentram na sala principal, despida de cadeiras e mesas e transformada numa espécie de pista de dança - para quem consegue dançar) e à paciência - para chegar ao bar (em dias de festa, funcionam dois bares de apoio no jardim), para chegar à casa de banho.

Se os excessos festivos são o cartão de visita do Triplex, é preciso não esquecer que o bar da Avenida da Boavista também tem um lado bem comportado - que acontece durante a semana (e quando não há festas). Nessa altura, as mesas e as cadeiras tomam o seu lugar, a luz é reduzida e a música é apenas ambiente. As multidões não comparecem - a frequência perde a heterogeneidade que impera aos fins-de-semana - e o espaço brilha no seu esplendor algo decadente - é que o Triplex é um dos mais belos bares do Porto.

Situado numa casa do início do século XX (e não é invulgar os clientes dizerem sentir-se quase como em casa), mantém ao máximo a traça original e aproveita a arquitectura para criar diferentes ambientes - no bar, que ocupa o andar térreo, são dois: a sala principal, com o bar, e uma sala mais pequena, com mesas baixas e pouffs (nos dias de festa, esta sala funciona quase como um refúgio - para quem consegue arranjar lugar).

A atmosfera é antiga, com os seus intricados estuques (sempre diferentes), o seu soalho gasto pelos anos, as molduras de madeiras das portas, os rodapés alargados de madeira e até uma diminuta lareira de canto em mármore na sala mais pequena, virada para a avenida - e reforçada pela decoração, que inclui, por exemplo, logo na entrada, um grande espelho sobre um "futton" de veludo negro, e diversos quadros, sempre abstractos, a preencherem as paredes. Curiosamente, nesse sentido, é a sala principal a mais "descaracterizada".

Nome
Triplex
Local
Porto, Lordelo do Ouro, Av. Boavista, 911
Telefone
226098968
Horarios
Segunda a Sábado das 22:00 às 04:00
Website
http://www.triplex.com.pt
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